Médico formado pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), com pós-graduação em Oftalmologia pela Universidade Estadual...
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iO que é Glaucoma?
O glaucoma é uma doença ocular caracterizada por alteração do nervo óptico que leva a um dano irreversível das fibras nervosas. Consequentemente, leva à diminuição ou à perda de campo visual, além de vista embaçada. Essa lesão pode ser causada por um aumento da pressão ocular ou por uma alteração do fluxo sanguíneo na cabeça do nervo óptico.
Na maioria dos casos, o paciente não apresenta sintomas — por isso o glaucoma é considerado a principal causa de cegueira irreversível. A doença pode estar presente e a pessoa não percebe, causando uma piora do quadro e, progressivamente, uma lesão irreversível do nervo que, por sua vez, afeta o campo de visão.
Causas
O que causa glaucoma?
O glaucoma é causado pelo aumento da pressão ocular, associada à lesão do nervo óptico. Essa pressão acontece devido ao aumento de um líquido chamado de humor aquoso, produzido na parte anterior do olho, ou por uma deficiência de sua drenagem através de seu canal.
A doença também pode acometer crianças, embora elas não manifestem nenhum tipo de sintoma. As crianças podem vir a apresentar glaucoma congênito de evolução tardia, que acontece nos primeiros anos de vida, ou glaucoma juvenil, que surge geralmente aos quatro ou cinco anos de idade. Mesmo não havendo sintomas, as crianças podem sofrer danos no nervo óptico também.
Tipos
O glaucoma pode ser dividido em quatro tipos:
Glaucoma de ângulo fechado (agudo)
O glaucoma de ângulo fechado (agudo) ocorre quando a saída do humor aquoso é subitamente bloqueada. Isso origina um aumento rápido, doloroso e grave na pressão intraocular.
Casos de glaucoma agudo são emergenciais, bem diferentes do que ocorre com o tipo crônico da doença, em que a pressão ocular desenvolve-se lenta e silenciosamente e, aos poucos, vai danificando a visão.
Glaucoma de ângulo aberto (crônico)
O glaucoma de ângulo aberto (crônico) é o tipo mais comum de glaucoma e tende a ser hereditário, mas sua causa é desconhecida. Nele, um aumento na pressão ocular desenvolve-se lentamente com o passar do tempo e a pressão elevada causa um dano permanente no nervo óptico, causando perda do campo visual.
Glaucoma congênito
O glaucoma congênito é, como o próprio nome diz, o tipo em que a criança já nasce com a doença, herdada da mãe durante a gravidez. Este tipo de glaucoma, no entanto, é considerado raro e deve ser tratado imediatamente.
Glaucoma secundário
O glaucoma secundário costuma ser causado principalmente pelo uso de medicamentos, como corticosteróides, por traumas e por outras doenças oculares e sistêmicas.
Sintomas
Sintomas de glaucoma
Os sintomas de glaucoma costumam variar de acordo com o tipo da doença. No caso de glaucoma de ângulo aberto, muitas pessoas não apresentam sintomas até o início da perda da visão. Além disso, também pode ocorrer a perda da visão periférica lateral, denominada visão tubular.
Já no glaucoma de ângulo fechado, sintomas como dor grave ou súbita nos olhos, visão diminuída ou embaçada, náusea e vômito e olhos vermelhos e inchados podem ser intermitentes no início ou piorarem prontamente.
No glaucoma congênito, sintomas como nebulosidade na parte ocular frontal, aumento dos olhos, aparência avermelhada, sensibilidade à luz e lacrimação costumam ser notados quando a criança tem alguns meses de vida.
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Diagnóstico
Um exame ocular pode ser usado para confirmar o diagnóstico de glaucoma. O médico precisará examinar o interior do olho, observando através da pupila, que geralmente é dilatada. O especialista geralmente realiza um exame completo do olho.
Somente a averiguação da pressão intraocular (por meio da tonometria) não é suficiente para diagnosticar o glaucoma, pois a pressão ocular costuma mudar. Por isso, outros exames deverão ser feitos para que o médico possa diagnosticar o paciente com glaucoma ou não.
Os principais exames realizados para diagnosticar o glaucoma são:
- Acuidade visual
- Avaliação do nervo óptico
- Campimetria
- Exame com lâmpada de fenda
- Gonioscopia (uso de lentes especiais para verificar os canais de circulação do ângulo)
- Imagens do nervo óptico
- Resposta do reflexo da pupila
- Tonometria para medir a pressão ocular
Fatores de risco
Os médicos alertam para alguns fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de glaucoma e levar à cegueira se não tratados. Confira:
- Pressão intraocular elevada
- Idade acima dos 60 anos ou acima dos 40 anos para o caso de glaucoma agudo
- Afroamericanos são mais propensos a desenvolver glaucoma do que pessoas caucasianas, principalmente os acima dos 40 anos
- Histórico familiar de glaucoma pode elevar as chances de um indivíduo desenvolver a doença
- Doenças no olho, como alguns tumores, descolamento de retina e inflamações, aumentam o risco de glaucoma
- Fazer uso por muito tempo de medicamentos à base de corticosteróides
- Doenças como diabetes, hipertensão, hipertireoidismo e problemas cardíacos
Saiba mais: Conheça os hábitos que podem agravar o glaucoma
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar o glaucoma são:
- Oftalmologista
- Clínico geral
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Buscando ajuda médica
Se houver suspeita de glaucoma, não espere por sinais visíveis de problemas nos olhos. Glaucoma de ângulo aberto dá poucos sinais em seu estágio inicial e, quando a pessoa finalmente resolver procurar um médico, a doença já poderá ter causado danos permanentes ao olho.
Exames oftalmológicos regulares são a principal forma para a detecção de glaucoma. O diagnóstico precoce pode evitar a progressão da doença e complicações mais graves. Se você notar qualquer sintoma de glaucoma, procure ajuda médica imediatamente.
Tratamento
Tratamento de glaucoma
O objetivo do tratamento de glaucoma é reduzir a pressão ocular. Dependendo do tipo de glaucoma, isso pode ser feito por meio de medicamentos ou até mesmo cirurgia.
Glaucoma de ângulo aberto
A maioria das pessoas com esse tipo da doença pode ser submetida a um tratamento com colírio para glaucoma. Há também tratamentos feitos com pílulas que agem para baixar a pressão ocular.
Outras formas, como o tratamento a laser (geralmente, indolor) podem auxiliar na desobstrução da circulação do humor aquoso. Além disso, alguns pacientes podem precisar de cirurgia tradicional para abrir um novo canal para o fluxo normal de humor aquoso.
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Glaucoma de ângulo fechado
Nesse caso, a emergência médica pode levar à cegueira após alguns dias sem tratamento. Colírios, pílulas e medicamentos intravenosos são utilizados para baixar a pressão nesses casos.
Alguns pacientes ainda precisam ser submetidos a uma operação de emergência, chamada de iridotomia. Este procedimento usa um laser para abrir um novo canal na íris, que alivia a pressão e previne uma nova crise.
Glaucoma congênito
Essa forma de glaucoma é sempre tratada com cirurgia para desobstruir as câmaras do ângulo. Isso é feito com o paciente completamente anestesiado.
Glaucoma secundário
O tratamento consiste no uso de colírios que diminuem a pressão intraocular e que, em grande parte dos casos, contêm a progressão da doença, mas não reverte, o dano estabelecido. Alguns casos tratamos com laser ou nos casos mais avançados a cirurgia é indicada.
Saiba mais: Glaucoma pode ser tratado com colírios ou cirurgia
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de glaucoma são:
Os medicamentos contraindicados para glaucoma são
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Não, o glaucoma não tem cura, mas pode ser controlado com os tratamentos adequados e cuidados necessários. Sua recuperação costuma variar de acordo com o tipo da doença e é importante ter sempre acompanhamento médico nesses casos. Diagnóstico e tratamento precoces são essenciais. Se a cirurgia for realizada cedo, muitos pacientes não sofrerão problemas futuros.
Cirurgias
Atualmente, existem três tipos de cirurgia indicados para glaucoma:
- Trabeculoplastia a laser: na trabeculoplastia a laser é utilizada uma combinação de frequências de laser que permitem o tratamento com pouca energia. Este procedimento trata células específicas danificadas, deixando outras porções intactas. Este método pode ser repetido para alcançar o resultado
- Iridectomia a laser: destinada ao tratamento e à prevenção de ângulo fechado, trata-se de uma pequena abertura periférica criada na íris para que a camada aquosa passe livremente da câmara posterior para a câmara anterior do olho, desta forma irá romper o bloqueio pupilar
- Trabeculectomia: o procedimento consiste em fazer uma fístula de drenagem de líquido do humor aquoso da câmara anterior do olho e é indicado para controlar o glaucoma em casos em que o tratamento clínico não surte efeito e quando os exames complementares mostram que o quadro clínico continua piorando
Prevenção
Não há como prevenir um glaucoma de ângulo aberto, mas pode-se evitar a perda da visão. Diagnóstico precoce e cuidados meticulosos com a doença são chaves para a prevenção da cegueira.
É muito importante fazer consultas frequentes ao oftalmologista e realizar sempre alguns exames de prevenção para evitar os sustos causados pelo glaucoma.
Além disso, existem alternativas de autocuidado que podem ajudar a detectar a doença precocemente, a limitar a perda de visão ou a retardar seu progresso.
- Receba cuidados oculares regularmente: realizar exames oftalmológicos completos e regulares pode ajudar a detectar o glaucoma em seus estágios iniciais antes que ocorram danos irreversíveis. Como regra geral, faça exames oftalmológicos abrangentes a cada quatro anos, a partir dos 40 anos e a cada dois anos, a partir dos 65 anos. Você pode precisar de exames mais frequentes se estiver sob alto risco de glaucoma. Pergunte ao seu médico para recomendar o cronograma de triagem correto para você
- Conheça o histórico de saúde ocular da sua família: o glaucoma tende a funcionar em famílias. Se você está em risco aumentado, você pode precisar de triagem mais frequente
- Exercite-se com segurança: exercícios moderados e regulares podem ajudar a prevenir o glaucoma, reduzindo a pressão ocular. Converse com seu médico sobre um programa de exercícios apropriado
- Use os colírios prescritos regularmente: os colírios para glaucoma podem reduzir significativamente o risco de que a pressão ocular alta progrida para glaucoma. Para serem eficazes, os colírios receitados pelo médico precisam ser usados regularmente, mesmo que você não tenha sintomas
- Use proteção para os olhos: lesões oculares graves podem levar ao glaucoma. Use proteção para os olhos ao usar ferramentas elétricas ou ao praticar esportes de raquete de alta velocidade em quadras fechadas
Saiba mais: Conheça os hábitos que podem agravar o glaucoma
Convivendo (Prognóstico)
Se você tiver sido diagnosticado com glaucoma, siga estas dicas, mude seu estilo de vida e acelere a recuperação. Veja:
- Siga uma dieta saudável: isso pode ajudar a manter a sua saúde, mas não vai impedir o agravamento dos sintomas do glaucoma se não houver o tratamento necessário
- Exercite-se com segurança: o exercício regular pode reduzir a pressão ocular em casos de glaucoma de ângulo aberto. Converse com seu médico e com seu personal trainer sobre um programa de exercícios adequado
- Limite a ingestão de cafeína: beber grandes quantidades de cafeína pode aumentar a sua pressão ocular
- Hidrate-se: beba líquidos com frequência, mas sem exageros. Grandes quantidades de líquidos ingeridos podem aumentar temporariamente a pressão intraocular
Complicações possíveis
Se não for tratado, o glaucoma pode causar perda de visão progressiva irreversível. A doença vai causar primeiramente alguns pontos cegos na visão periférica, avançando em seguida para a visão de túnel e, por último, levando a pessoa à cegueira total.
Referências
Revisado por: Dr. Alfredo Tranjan, oftalmologista – CRM: 32972
Ministério da Saúde. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2015/maio/14/2.%20g)%20Glaucoma.pdf
Renata Rabelo Ferretti, oftalmologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Disponível em: https://www.sbglaucoma.org.br/
Hospital de Olhos de São Paulo. Disponível: http://www.hospitaldeolhos.net/especialidades-glaucoma.asp
Mayo Clinic. Disponível: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/glaucoma/symptoms-causes/syc-20372839
Carlos Roberto Pinto, oftalmologista do Hospital CEMA