O personal trainer Ari Mello é graduado em Educação Física e pós-graduado em Treinamento Desportivo e em Fisiologia do E...
iO que te faria sair de casa antes das 6 horas da manhã, no maior frio, vestindo roupas leves, para percorrer 10 km à pé em cerca de 60 minutos? E entrar numa piscina, estando só de maiô ou sunga, numa manhã de inverno, sabendo que está, vamos dizer, um pouquinho acima do peso, para fazer uma aula de hidroginástica? Ou ainda, encarar um trânsito terrível após passar o dia inteirinho resolvendo pepinos na sua empresa, para levantar pesos na academia?
Por incrível que pareça, a maioria de nós profissionais de Educação Física parece acreditar que todo mundo deveria querer, do fundo de seus corações, passar por todas estas dificuldades sorrindo, na busca de melhorias na saúde, de um corpo mais bem delineado, de qualidade de vida, bem-estar e todas as demais maravilhas prometidas pela prática regular de atividades físicas.
Ledo engano: as estáticas dão conta de que o tempo médio de permanência de clientes matriculados em academias de fitness em São Paulo é de 4 meses (ACADE SYSTEMS, 2008), mesmo levando em consideração que a maioria das academias hoje trabalha com planos anuais ou semestrais! E esta constatação não tem nada haver com a qualidade de atendimento, com o nível técnico dos professores ou com as instalações e equipamentos das academias.
Os pesquisadores Marcos Santos Ferreira, do Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde da UERJ, e Alberto Lopes Najar, da Escola Nacional de Saúde Pública, reconhecem que há um equívoco quando se avalia que houve um aumento no número de praticantes de atividades físicas no país. Segundo eles, seria necessário um aumento no número de variáveis utilizado pelos programas pró-atividades físicas na avaliação de sua eficácia, pois acreditam que os números crescentes apresentados estão muito relacionados com o aumento na oferta de locais públicos para a prática destas atividades. Deste modo, considerando que a adesão à prática de atividades físicas regulares é um fenômeno complexo, os autores alertam para o caráter efêmero desta adesão, ou seja, há um aumento da prática quando há campanhas de estímulo, mas a adesão volta aos níveis iniciais quando cessam as campanhas (FERREIRA e NAJAR, 2005).
Em outra pesquisa (TAHARA, SCHWARTZ e SILVA, 2003), os resultados demonstraram que a maioria dos sujeitos entrevistados aponta a questão estética e a melhoria da qualidade de vida como sendo os principais fatores que os levam a manter-se em atividade. Ao mesmo tempo, declaram que o grande vilão responsável pela desistência da prática de atividades físicas é a falta de tempo. As autoras relatam ainda como fatores importantes da adesão ao estilo de vida ativo as influências sociais da família e dos amigos, além de constatarem que adultos aderem mais facilmente à prática de atividades físicas quando estas estão relacionadas com divertimento, a sentir-se bem e à redução do estresse.
E olha só que interessante as conclusões a que chegaram as autoras de outro estudo (DUARTE, SANTOS e GONÇALVES, 2002), realizado em Pelotas (RS), com pessoas de 40 a 60 anos, metade delas frequentadoras de academias e a outra metade composta por praticantes de caminhada em vias públicas: os principais motivos que conduzem estas pessoas a participarem de atividades físicas são o aumento da expectativa de vida e a busca por um padrão de vida ativo, atribuindo à saúde do físico e da mente, ao bem-estar e à disposição a motivação para a continuidade.
Daí o motivo da minha pergunta: o que te faz feliz? A questão é que eu acredito que o único modo de você aderir e se manter praticando atividades físicas e fazendo algo que você gosta, fazendo algo que te faça feliz! Você gosta de caminhar? Ótimo, então vamos caminhar. Você gosta de correr? Vamos lá! Prefere exercícios localizados? Excelente! Ah, é na água que você se sente melhor?
Então vamos mergulhar. Ou seja, não sou eu quem tem que dizer o que é melhor para você. É você mesmo que irá decidir.
Perceberam que tanto os motivos para a adesão quanto para a continuidade em programas de atividades físicas estão geralmente relacionados a questões qualitativas e não quantitativas. E que estas questões tem um caráter intangível, ou seja, não podem ser vistas, tocadas ou mesmo sentidas antes que elas aconteçam.
O papel do profissional de Educação Física, neste caso, é de oferecer opções dentre a ampla gama de alternativas possíveis e adequar a escolha do aluno aos seus objetivos. Existem variadas formas de treinamento aeróbio, diversas estratégias de desenvolvimento de força, várias maneiras de melhorar a resistência muscular, uma extensa variedade de estratégias para redução de peso, e o profissional de Educação Física deve estar apto a planejar o caminho adequado método para alcançar estes objetivos.
Porém, há apenas uma pessoa que pode criar motivação para aderir e se manter treinando e esta pessoa é você. Converse com o seu Personal Trainer ou com o professor de sua academia, fale para ele o que você gosta e o que você não gosta de fazer. Junto como ele, procure identificar quais as estratégias que te motivam mais para se manter em atividade. E pratique sua atividades físicas feliz.