Trocar letras, língua presa e respiração oral: esses são os motivos que, geralmente, levam os pacientes ao fonoaudiólogo. Mas há outros motivos que justificam uma consulta. "No momento em que uma pessoa tem dificuldades de comunicação, ela apresenta problemas de convívio social", afirma a fonoaudióloga Thays Vaiano.
"A comunicação está associada diretamente com a qualidade de vida", afirma. Na infância, os pais obrigam as crianças a freqüentar sessões. Mais tarde, entretanto, esse tipo de consulta costuma fazer parte da rotina de poucas pessoas - em geral, aquelas que trabalham com a voz, como locutores, professores e atores.
Mas são muitas as situações em que esse tipo de trabalho pode ser útil: a seguir, a especialista lista 7 casos em que a consulta ao fonoaudiólogo é indicada.
Trocando as letras
A letra p pela letra b; a letra f pela letra s. Quando a criança troca as letras, é hora de consultar um fonoaudiólogo. "Geralmente, é a escola que encaminha a criança ao fono", explica a especialista. Durante as sessões, são feitos exercícios que auxiliam na reprodução da letra.
Quando há dificuldades com a letra l, por exemplo, os exercícios envolvem a ponta da língua, com a leitura de diversas palavras na frente do espelho. Entre essas palavras, há algumas com a letra l, incentivando a pronúncia correta.
"Porém, esses exercícios têm de ser divertidos, para estimular o envolvimento infantil", explica Thays. Um bom exemplo disso é o exercício que envolve a letra z: a fonoaudióloga sugere que a criança imite o zumbido da abelha. Na letra l, a brincadeira é estalar a língua no céu da boca, como o trotar de um cavalo. "A criança precisa se interessar pelo exercício", completa.
Padrão respiratório
A consulta também pode ajudar o paciente a estabelecer um padrão respiratório. Como lembra Thays Vaiano, é muito comum crianças e adultos respirarem pela boca, o que diminui a imunidade e atrapalha a dicção.
Língua presa
Motivo de piada na época de escola, a fonoaudióloga afirma que muita gente confunde o significado de língua presa. "Na verdade, a língua é solta, passando dos dentes, o que dificulta a pronúncia de algumas letras", explica.
Geralmente, a língua dessas pessoas é flácida e, segundo a especialista, exercícios para tonificar a língua melhoram a fala. "Quando há problemas com a pronúncia da letra t, por exemplo, o exercício indicado envolve a ponta da língua", explica.
Traumas na mandíbula
A fonoaudiologia ajuda também nos casos em que a mandíbula sofreu algum tipo de trauma e, por conta disso, surge dor na região, além de dificuldades na fala e problemas para articular a fala e a mastigação.
Segundo a especialista, a articulação da mandíbula fica travada após um trauma e exercícios de fortificação muscular auxiliam na recuperação, além de exercícios de alongamento da musculatura.
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Perda auditiva
Mesmo diante de uma perda grande da audição, a fonoaudiologia pode trabalhar a comunicação. Segundo Thays, há dois métodos utilizados com pessoas que perderam a audição:
- compreender a fala: a fonoaudióloga ensina como entender a fala de outras pessoas que não sabem a linguagem de sinais.
- reproduzir os sons: por método sensitivo, a pessoa com problemas auditivos coloca a mão na garganta da fonoaudióloga enquanto esta emite um som. "Diante da vibração que sente, a pessoa irá tentar reproduzir o som que a fonoaudióloga faz", explica a especialista.
Resistência da voz
Chegar ao fim do dia com a garganta doendo ou totalmente sem voz é sinal de alerta quando isso se torna uma rotina, fato muito comum em profissionais que usam muito a voz, como é o caso de professores que passam o dia alterando a voz por conta das aulas. A fonoaudiologia entra no cenário ajudando na resistência muscular da prega vocal, tratando ou melhorando a qualidade de voz.
Thays Vaiano salienta que a rotina pode levar ao aparecimento de calo ou nódulo. O conselho da fonoaudióloga é, assim que o problema aparecer, ir ao fonoaudiólogo para que ele avalie se não há uma patologia e iniciar o aumento da resistência muscular da prega vocal. "Da mesma forma que o atleta precisa se exercitar para competir, a voz também precisa de exercícios", completa.
Disfagia
Há um profissional que trabalha em hospitais exclusivamente com pessoas que apresentam dificuldades para se alimentar após cirurgias ou acidentes que envolvam o uso de sondas.
Deixar de usar a musculatura por um tempo pode fazer com que o alimento desça pela laringe, podendo provocar o engasgo e também pneumonia por aspiração. "Da mesma forma que a perna fica bamba quando o gesso acaba de ser tirado por um longo tempo, é preciso exercitar a musculatura da boca e da garganta novamente", afirma a especialista.