A criatividade está no próprio processo de formação do cérebro. As contínuas transformações do universo, mesmo antes da formação da vida animal, fazem parte disso.
Ao ser formado, o cérebro passou a recriar a realidade e a si mesmo. Mesmo os gêmeos tornam-se diferentes em suas possibilidades por conta das interações com o ambiente.
Tais interações formam conexões cerebrais próprias do sujeito. O cérebro é o órgão que mais se modifica na relação com o ambiente. Somos originais por natureza.
Temos bilhões de neurônios, cada um com a capacidade de fazer muitas conexões com vários outros neurônios. Quatro quatrilhões de conexões foram comprovadas e matematicamente estimam-se dez quatrilhões de conexões.
Imagine isso em termos de combinações para nossa capacidade criativa e curativa!
Como o EMDR e o Brainspotting (técnicas que estimulam mecanismos de cura e criatividade do cérebro, e destacam-se pela eficiência e agilidade )possibilitam o desbloqueio das redes neuronais e a organização de novas conexões, eles têm sido cada vez mais utilizados para a potencialização da capacidade criativa de leigos e artistas: atores, escritores, designers, pintores, dançarinos, coreógrafos, cantores, músicos, compositores.
O objetivo do trabalho é estipulado pelo paciente: soltar a voz, deixar fluir ideias, ?entrar no personagem?, por exemplo. Mesmo quando a queixa do cliente não é sobre criatividade, vê-se a criação: novas perspectivas, ideias, sensações e até expressões faciais e corporais surgem.
Nas sessões seguintes, os pacientes trazem relatos de novas atitudes, muitas vezes surpreendentes pra eles mesmos. O processo de cura/criação inclui novas associações entre ideias, fusão entre imagens, reciclagem de experiências (não necessariamente traumáticas), além do aumento da comunicação entre diferentes regiões cerebrais, incluindo nossa mente inconsciente.
A criatividade "é uma atividade que utiliza todas as capacidades de processamento que possuímos" (ARTONI, 2004).
Para "uma mente brilhante", destacam-se algumas atitudes facilitadoras:
- Conectar teoria e prática: entender o significado de uma ideia e disponibilizar o corpo para a concretização
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- Saber observar e discernir -
- Pensar visualmente -
- Capacidade de abstrair, teorizar -
- Reconhecer padrões e variáveis -
- Capacidade de generalizar -
- Percepção muscular, sensorial -
- Pensamento dimensional -
- Criar modelos que facilitem a experimentação -
- Brincar -
- Vivenciar diferentes culturas.
O Dr. David Grand, descobridor do Brainspotting, costuma dizer que ser criativo não significa apenas ter ideias criativas, mas sim colocar ideias criativas em prática.
Este é o grande desafio. Ele ainda diz "não existe cura sem criatividade e nem criatividade sem cura".
Considerando suas ideias, dois pontos chamam a atenção:
1) a criatividade é necessária para nossa saúde;
2) a criatividade e a saúde precisam ultrapassar a barreira do imaginário e superar os desafios impostos pelo real.
Tais considerações me remetem ao paradigma do Ócio Criativo explicitado por Domênico de Masi. O Ócio Criativo é a transição entre trabalho, estudo e lazer de tal maneira que os conhecimentos advindos de uma área possam ser aplicados às demais continuamente.
A divisão entre mente e cérebro, corpo e mente, trabalho e lazer, teoria e prática, micro universo e macro universo, seria vista em outra perspectiva ampliando as possibilidades de ser.
O interesse pela vida seria o foco em todos os momentos e o trânsito de informações mais saudável e criativo, construindo uma nova ética: um sentido para a vida que considere a estética da existência.
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