Psicóloga formada pela PUC-SP (1989). Psicodramatista pelo Instituto Sedes Sapientiae. Especialista Clínica pelo CRP/SP,...
iQuem já não ouviu falar em casais que se separam e, após algum tempo, voltam a namorar (entre si)? Pois é mais comum do que podemos imaginar.Infelizmente as pessoas costumam deixar os problemas atingirem níveis quase insuportáveis para buscar uma ajuda e uma solução. O temor ou a incapacidade do diálogo entre os casais é a principal causa dos conflitos que acabam levando à separação.
É triste, mas só depois que um deles desiste de lutar contra algo que não está bem, mesmo tendo tentado à sua maneira enfrentar o problema, e divorcia-se, é que a "ficha cai" para o parceiro.
Tentativas frustradas de conversas, em que um tenta, em vão, dizer ao outro o que não está bom e o que o incomoda, mas não é levado a sério como deveria, chegam a um estopim que parece só se aliviar com a separação.
A partir da dor da distância o cônjuge inconformado, que não ouvia as queixas do outro, passa a querer se modificar, tentando entender porque, afinal, não davam certo juntos. Só então ele se analisa - às vezes procura uma terapia para auxiliá-lo nessa busca interna por respostas -, e começa a modificar seu comportamento a partir dos pontos que o outro apontava, mas que antes eram simplesmente encarados como cobranças (e quem gosta de ser cobrado?).
Tive a oportunidade de presenciar casais que se separaram e, a partir daí, começaram uma nova vida reestruturando a rotina, as atitudes, ampliando os pontos de vista e enxergando o "ex" com outros olhos, sem resistência, sem falta de paciência, sem o escudo que colocamos à nossa frente quando não queremos ou não podemos ver algo, pois é difícil ou dolorido encarar a verdade e assumir determinados erros.
Devo mudar meu comportamento só porque o outro está pedindo?
Não, não estou dizendo isso. Quero dizer que o casamento é a melhor forma das pessoas se conhecerem, pois o outro é, por muitas vezes, nosso espelho, dando-nos "feedback" das nossas atitudes, fazendo-nos perceber como podemos provocar sentimentos bons ou maus no próximo a partir do que fazemos, e de como fazemos. Estar aberto para esse retorno de quem convive conosco e aproveitar para se olhar, rever as atitudes, é uma ótima chance de crescimento como pessoa.
Nem sempre o olhar do outro pode estar certo, mas vale o questionamento a partir daí. Por que não acolher e discutir com ele seu ponto de vista? Se forem muito discordantes, aí sim vale um investimento maior em uma terapia de casal, ou individual, para que consigam resolver essas diferenças antes que elas destruam o relacionamento.
Esse é o ponto: muitos casais sofrem terrivelmente porque um não ouve o que o outro tem a dizer, e se fecha em sua "verdade" absoluta, recusando-se a rever algo que incomoda muito o cônjuge, por achar que é assim e deve continuar assim.
Não podemos esquecer que a relação é feita de duas pessoas, e quando algo de um está incomodando, deve-se falar a respeito e tentar resolver. Deixar quieto o que não vai bem só resultará em um amontoado de queixas, que tendem a crescer com o tempo, minando o amor que um dia uniu o casal.
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