Em 1997, iniciou sua formação em Psicologia na Universidade Mackenzie, na cidade de São Paulo, concluindo o curso no fin...
iOs avanços da ciência na medicina reprodutiva modificaram para sempre a relação entre sexualidade e reprodução humana.
Na história da humanidade, sexo sempre esteve vinculado à procriação, porém, com o advento das novas tecnologias de reprodução assistida, houve uma separação dessas variáveis, causando um impacto direto na vida sexual dos casais.São muitas novidades a serem elaboradas e inscritas internamente, pois não temos registro psíquico dessas novas formas de concepção, já que o único conhecido é a relação sexo/reprodução.
Os casais que optam ter um filho por reprodução assistida vivenciam uma série de acontecimentos inusitados em suas vidas. A entrada da figura do médico na intimidade do casal muda toda a dinâmica da sexualidade dos parceiros.
Será o médico quem determinará, por exemplo, quando deverão ou não acontecer as relações sexuais, que exames (muitas vezes constrangedores) deverão ser feitos, além de querer saber, detalhadamente, como é a vida sexual do casal.
Mudanças relatadas
Além disso, é evidente que a sexualidade medicalizada, programada e controlada pelo médico não é nada atraente. Muitos casais relatam perceberem o sexo como uma tarefa obrigatória e não como fonte de prazer.
Nota-se também que se sentem culpados quando têm relações sexuais frequentemente, raramente ou em "horas erradas".A falta de libido, de satisfação no ato sexual e de orgasmo costumam ser queixas trazidas por muitas mulheres com dificuldades para engravidar.
Elas também relatam sentir-se pouco atraentes e menos femininas, o que acaba atrapalhando-as na qualidade e/ou frequência dos coitos, uma vez que não se sentem bem com o próprio corpo e nem mesmo consigo próprias.
Já os homens falam de seus distúrbios ejaculatórios e de ereção, muitas vezes, associados à autocobrança em concluírem o coito e não frustrarem suas companheiras que aguardam ansiosamente por seu sêmen.
Assim, é muito importante que os médicos, em meio à indicação da técnica de reprodução assistida a ser utilizada, possam considerar também a vida sexual do casal e possíveis disfunções nela presentes, pois, desse modo, não intensificam problemas e nem angustiam ainda mais seus pacientes.
Saiba mais: Lide com as probabilidades
Disfunção sexual como causa de infertilidade
Não podemos esquecer também que muitas disfunções sexuais podem ser causa de infertilidade. Dentre os principais problemas que não permitem a conclusão do ato sexual ou que fazem com que os casais passem a evitá-lo, encontramos: impotência, dificuldade de ejacular na vagina, dor no ato sexual, vaginismo (contração involuntária dos músculos próximos à vagina, dificultando ou até impedindo a penetração pelo pênis na relação sexual) e falta de libido.
Tais disfunções sexuais podem ser decorrentes de causas orgânicas ou devido a problemas psicológicos. Precisam ser devidamente diagnosticadas para a indicação da melhor forma de tratamento.
Somado a isso, as técnicas de reprodução assistida, muitas vezes, podem encobrir problemas de ordem sexual do casal, que, de alguma maneira, também podem ser resolvidos com o tratamento.
Esse fato deve ser considerado pelos casais, pois a busca por tratamentos médicos e psicológicos pode também ser um caminho para a obtenção de uma vida sexual mais satisfatória.
A cumplicidade e aproximação emocional do casal são muito importantes durante todo esse processo, pois o filho, dependendo da técnica médica a ser utilizada, pode ser concebido até mesmo fora do ato sexual, mas sempre, dentro do vínculo de amor e da sexualidade de seus pais, os quais, apesar das dificuldades, "batalharam" para que ele nascesse.