Acácia Lima é empresária de marketing e comunicação, jornalista e blogueira. Editora de portal de beleza, ama tecnologia...
iSempre ouvi que a maior virtude da vida é a paciência. Pode até ser, desde que não confundida com a complacência, mãe de toda a preguiça e de todo adiamento que fazemos.
Talvez por conta dessa confusão, a cada dia que passa me convenço mais de que nada deve ser adiado, absolutamente nada.
Nem uma conversa, nem um abraço, nem um trabalho, telefonema, pedido, esforço, passeio, choro ou sorriso.Cheguei num ponto da minha vida que adiar significa correr o risco de ver, lá na frente, uma situação fora de controle, grave, descuidada, talvez irreversível.
Como adiei muita coisa no passado, sei bem do que estou falando.Fiquei pensando ontem na quantidade de filhos desajustados cujos pais são boas pessoas e ninguém sabe como tudo começou.
Certamente, desde muito pequena, a criança esteve lá mostrando sua personalidade esquisita, ou foi apenas alargando seus limites, enquanto pai e mãe estavam com preguiça demais para corrigir, achando talvez que a escola fosse dar jeito, ou a própria vida.
Adia-se um dever e o que sobra é um vazio cheio de lamentação.Isso serve pra qualquer coisa na vida: para o carro que engasga e a gente que espera ele pifar de vez pra levar ao conserto; para aquela dorzinha ali na região dos rins que vira uma pedra enorme porque não fomos olhar antes; para o relacionamento que com certeza poderia ser muito feliz e rico se não fosse o medo de conversar.
Em todas as situações cabe a paciência. Em todas elas, deve haver paciência. Mas, nunca, nunca, a complacência. Porque quando a coisa estoura e o conflito está instaurado, é muito difícil ter o bom senso que a situação exige.
No auge da crise advinda de um adiamento preguiçoso, o que resta é, normalmente, a ruptura definitiva, o desgaste absurdo, o cansaço, o desamor ressentido.
As relações podem ser eternas e felizes, eu acredito nisso. Por isso, meu treino diário tem sido olhar, perceber o que é importante, falar, ouvir, ponderar e agir. Nada do que é vital deve ser colocado em risco por causa da inaptidão em lidar com a dificuldade.
Se eu não souber o que fazer, nem como fazer, nem sequer o que acontece direito, ainda assim eu digo: "não sei, me ajuda a entender, me ajuda a solucionar".
Ter verdade na vida tem me ajudado a romper uma montanha de vícios, inclusive o da preguiça, que eu julguei até outro dia ser paciência. Era nada, era pura complacência.
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