Dr. Gerson Luiz Julio é cirurgião plástico, graduado e pós graduado na UNICAMP, mestre em Cirurgia na própria universida...
iNa coluna desta quinzena, gostaria de destacar "Corpos - A Exposição", que, além de proporcionar uma excelente oportunidade de sabermos um pouco mais sobre o nosso corpo, é uma dica de programa para quem quer enriquecer o período de férias escolares com conhecimento.
Eu, como cirurgião plástico, recomendo.Do ponto de vista estético, acredito que o corpo humano é muito mais do que uma máquina perfeita e complexa.
Para mim, ele é o nosso limite físico no espaço e no tempo, uma unidade que faz parte do universo. O corpo humano é extremamente sublime e, quando verificamos o cuidado desta exposição em mostrá-lo como uma escultura, podemos observar um outro lado, que é o de valorizar o corpo mesmo depois do fim da sua existência.
Em vida, todos nós podemos nos manter bem pelo tempo que desejarmos. O envelhecimento não para, mas a forma de ele evoluir pode ser modificada, e isso depende só de nós.
Não somente por meio da cirurgia plástica, mas com a prática de exercícios, uma alimentação balanceada e a adoção de hábitos saudáveis. Por exemplo: não fumar nem ingerir bebidas alcoólicas em excesso.
Da mesma forma, é necessário proteger-se da exposição solar para retardar o envelhecimento precoce da pele, e por aí vai. Então, quando pensamos em um corpo sadio, imediatamente, temos de recorrer à ideia de qualidade de vida. Não existe uma coisa sem a outra.
Corpo humano: a máquina mais perfeita
Visitei a exposição com um olhar de médico, inevitavelmente. Mas saí de lá com a grata impressão de que pessoas que não são da área de saúde podem ter um interessante contato com o interior da máquina mais perfeita que existe.
Com toda a sua complexidade, o corpo humano é o grande protagonista da mostra.Ao mesmo tempo, há um quê de polêmica nos corredores da exposição.
Afinal, os corpos ali utilizados são reais e pertenceram a seres humanos que, assim como nós, viveram neste planeta - ou quase, no caso dos fetos.
Na execução dessa mostra, o corpo foi utilizado como material de escultura, de maneira a exibir os complexos sistemas que o compõem. Dependendo da crença religiosa de cada um, isso pode ser visto como uma violação ao sagrado que é o ser humano.
Mas, do ponto de vista médico - ou seja, da ciência -, o resultado supera qualquer expectativa, já que a exposição demonstra uma precisão anatômica impressionante.
É como você participar de uma aula de anatomia, tendo à disposição um material extremamente bem dissecado e elaborado. Carne, osso, órgãos, músculos, nervos... Algumas peças, por exemplo, receberam o uso de polímeros (macromoléculas), que destacam o sistema arterial.
O resultado é algo não imaginável, extremamente detalhista e, de fato, real. Alguns corpos simulam movimento, como o de um chute numa bola, externando a contração dos músculos.
Outra peça que impressiona é a de um corpo humano inteiramente "fatiado", formando uma composição de cortes transversais e sagitais, o que simula imagens de tomografia. Só que não na forma de imagens, e sim a olho nu, bem na sua frente.
Nenhuma parte do corpo "escapa" de uma observação, de um olhar mais detalhado. Aliás, na ala onde estão os fetos, no piso inferior, há um aviso na entrada para evitar que pessoas muitos sensíveis se impressionem com as peças.
Dispostos em frascos, cada um deles descreve uma etapa da gestação, e chama a atenção como se dá a formação dos órgãos.
São esses detalhes que, no conjunto, fazem toda a diferença. Por isso, escrevi no início deste artigo que corpo humano é extremamente sublime, e nessa exposição podemos observar isso.
Acredito que todos que puderem visitar "Corpos - A Exposição" ficarão surpresos com a magnitude do corpo humano, composta de todos esses detalhes.
É claro que pessoas que atuam na área de saúde ou estão se preparando para atuar nela poderão se beneficiar ainda mais com a precisão da anatomia das peças. Mas a dica vale para todos.
Serviço
A exposição fica em cartaz na Oca do Parque do Ibirapuera, em São Paulo (entrada pelo portão 3), até 8 de agosto. E, a partir de 5 de julho, passa a valer uma promoção em que, às segundas e terças-feiras, adulto paga R$ 20, e estudante, R$ 10. Enquanto de quarta a domingo o preço fica R$ 30 para adulto e R$ 15 para meia-entrada (antes, o bilhete inteiro custava R$ 40).