As unhas não têm apenas função estética, mas também são funcionais. Elas são lâminas de queratina que recobrem os dedos e são divididas em matriz, placa aderente ao leito, dobras ou pregas laterais e borda livre. A espessura da unha varia de 0,5 a 0,75 milímetros e seu comprimento cresce cerca de 0,1 milímetro ao dia, com algumas variações individuais. Este crescimento diminui com a idade e pode ser influenciado por doenças da pele ou sistêmicas.
As alterações patológicas das unhas são multiformes, podendo ser congênitas, hereditárias ou adquiridas. A matriz da unha absorve água e sua flexibilidade depende disso. Uma unha doente é seca, quebradiça, sem brilho e mais endurecida. Por outro lado, uma unha saudável é hidratada, fácil de reparar, brilhante e mole.
Alterações nas unhas
Algumas alterações encontradas diretamente nas unhas podem denunciar doenças diversas como a Síndrome das Vinte Unhas. Este mal compromete todas as unhas, que apresentam lâminas opacas, acinzentadas e com estrias longitudinais. A causa é desconhecida e não há tratamento indicado.
Muitas podem ser as alterações das unhas em enfermidades de pele. Dentre elas a Psoríase é umas das mais frequentes, onde as deformidades das unhas podem ser a única manifestação da doença. Suas características mais comuns são unha em dedal, superfície rugosa, perda de brilho e mudança de cor. Às vezes pode ser confundida com micose, portanto o médico poderá fazer a diferenciação através de exames micológicos e clínicos. O Líquen Plano pode ser a única manifestação da doença, ou associar-se ao quadro de comprometimento cutâneo-mucoso.
Depressões puntiformes ou lineares, superfície rugosa e sem brilho ou com estrias e espessamentos podem ser eventuais sinais da Alopécia Areata. Já unhas quebradiças e a presença de estrias brancas na borda livre da cutícula pode caracterizar a Doença de Darier.
A Epidermólise Bolhosa é a atrofia ou perda da unha através de cicatriz anormal e grossa no leito da unha. Por outro lado, o descolamento da unha por lesões abaixo das unhas, identifica Pênfigos e Penfigóides. Sulcos e espessamentos também podem ser Pitiríase Rubra Pilar. Tanto a Necrólise Epidérmica Tóxica e a Síndrome de Stevens-Johnson aparecem através do descolamento total e perda da unha. Estas últimas, quadro graves, frequentemente estão associadas ao uso de drogas.
Doenças sistêmicas
Dentre as alterações ligadas a doenças sistêmicas temos:
Doenças cardiorrespiratórias, caracterizadas como as unhas em vidro de relógio, que tem convexidade exagerada e cor azulada (cianose) no leito da unha, além de dedos em forma de "baqueta de tambor". Presente em quadros com insuficiência respiratória crônica e cardiopatias, a unha fica redonda e curva, porém menos espessa.
A Síndrome das Unhas Amarelas, é associada a processos pulmonares como bronquite crônica, bronquiectasias, derrame pleural e câncer pulmonar. Doenças do fígado, apresentam alterações como descolamento da unha, forma alterada, estrias, fragilidade e unha em cristal. São frequentemente encontradas em pacientes portadores de cirrose.
Doenças gastrointestinais são exemplificadas como na Colite Ulcerosa de Crohn, Polipose e outras doenças desabsortivas, onde encontramos unhas com alterações de forma, cor e descolamento.
Doenças renais vêm acompanhadas de estrias brancas transversais chamadas de "unhas meio a meio". A porção proximal tem cor esbranquiçada e a distal vermelho rósea ou às vezes castanha. Alterações de forma e cor, além de unhas frágeis também são encontradas em doenças renais crônicas.
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Doenças endócrinas são caracterizadas por unhas grandes na acromegalia. No hipertireoidismo as unhas crescem rapidamente e podem ficar amolecidas, além do descolamento do leito, estrias e formato em colher. Ao contrário, no hipotireoidismo o crescimento é lento e as unhas quebradiças. No diabetes, há anomalias nas unhas que são secundárias à neuropatia ou às alterações vasculares da doença. Ocorrem também infecções bacterianas ou fungos juntamente com deformações nas unhas.
Doenças do sangue mostram palidez do leito da unha em anemias graves. Na micose fungóide e nos linfomas há prurido (coceira), e desgaste da unha.
Doenças psicogênicas são observadas em pacientes que comem unhas, como por exemplo, o impulso compulsivo com roedura e destruição total ou parcial. Em escoriações neuróticas encontramos unhas desgastadas pela coçadura.
Doenças dos vasos podem estar deslocadas, azuis, com estrias e alterações de curvatura são vistas na síndrome de Raynaud.
Doenças carenciais ou metabólicas são vistas quando na avitaminose A as unhas ficam adelgaçadas, parecendo casca de ovo. Na deficiência de Vitamina B12 são descritas alterações pigmentares, já na avitaminose C pontos vermelhos e azuis.
Em alterações ligadas ao uso de drogas ou toxinas encontramos linhas brancas transversais em administração prolongada de tetraciclina. Neste caso, podem surgir unhas de coloração amarelada. A administração de isotretinoína pode induzir ao crescimento excessivo de tecido de granulação nas bordas das unhas.
Existe uma infinidade de patologias que se manifestam sozinhas ou associadas a alterações das unhas. Portanto, se perceber distúrbios de forma, cor ou fragilidade, procure o médico para uma investigação diagnóstica adequada.