Dr. Caio Racy possui mestrado em Laser em Odontologia pela USP e Pós-Graduação em Estética. Atua como dentista desde 200...
iA hipersensibilidade (hiperestesia) dentinária é a dor que ocorre geralmente na região do colo do dente e é provocada pela escovação, ingestão de alimentos frios, doces ou frutas cítricas. A dor, que é de curta duração, cessa assim que o estímulo é removido e tende a desaparecer com a mesma rapidez com que se inicia. Assim, a hipersensibilidade nunca começa espontaneamente como acontece comumente com outras causas de dor nos dentes. Entretanto, a distinção entre hipersensibilidade e dor de dente deve ser feita pelo dentista.
Hipersensibilidade não significa que a polpa dental (o "nervo" do dente) está doente. Já que a dor é decorrente de mudanças de pressão dentro do dente provocadas pela variação da temperatura ou por outros estímulos na superfície. Não tem relação com alterações patológicas da polpa dental.
O dente dói porque, em condições normais, a coroa do dente (parte exposta na cavidade bucal) é recoberta pelo esmalte, estrutura resistente às pressões e ao desgaste decorrente da mastigação. Essa estrutura é praticamente impermeável e definitivamente insensível aos estímulos. As raízes são recobertas por outro tipo de estrutura, denominada cemento.
Com o passar do tempo, esmalte e cemento sofrem degradações que expõem a dentina, estrutura também dura e resistente e que abriga a polpa dental. Dessas estruturas, somente a dentina apresenta sensibilidade. A dentina é bastante permeável, constituída de milhões de canais microscópicos que, em teoria, ligam a polpa com meio externo quando o esmalte ou o cemento são desgastados. Sem o cemento e o esmalte, a dentina fica sem proteção e sujeita às agressões do meio externo.
A hipersensibilidade dentinária ocorre geralmente na região cervical do dente (colo), onde o esmalte e o cemento são degradados com maior frequência, expondo a dentina. Quando essa exposição dentinária não é provocada por processo de cárie dental, a área exposta é considerada uma lesão cervical não cariosa. A prevalência dessas lesões é alta, e pode se antecipar. Em algum momento da vida, qualquer indivíduo poderá ter, pelo menos, um dente com lesão cervical não cariosa.
As causas mais comuns de lesões cervicais não cariosas são resultado de uma interação de fatores, em que os mais importantes são a oclusão, a alimentação rica em ácidos (frutas cítricas e refrigerantes em excesso, por exemplo) e a escovação dental. A oclusão promove a fadiga das estruturas dentárias na região do colo, as substâncias ácidas causam a dissolução do esmalte e a escovação remove mecanicamente o esmalte enfraquecido ou dissolvido. Fatores sistêmicos também podem contribuir para a degradação das estruturas dentárias, tais como refluxo gastroesofágico, bulimia, hipertireoidismo e qualquer outra doença que reduza o fluxo salivar.
No tratamento da hipersensibilidade dentinária, o dentista deve empregar os recursos dessensibilizadores (o que pode incluir a restauração das lesões e ajustes oclusais) para reduzir o desconforto imediato da dor e, complementarmente, eliminar as causas da exposição dentinária para impedir a recorrência da hiperestesia.
Saiba mais: O que causa a hipersensibilidade?