Acácia Lima é empresária de marketing e comunicação, jornalista e blogueira. Editora de portal de beleza, ama tecnologia...
iViver uma vida sem arrependimentos não é humano. É da natureza de quem respira, sente e tem memória, olhar para trás e perceber que tem sim, alguma coisa, ou várias pequenas e gigantescas coisas que poderia, ou que não deveria, ter feito.
Por mais que se saiba que nada acontece por acaso, ou à toa, é impreciso dizer quais serão os resultados ou consequências destas lembranças. Acredito numa linha tênue que separa a amargura pelo arrependimento da boa lição aprendida.
Para o ressentido, lembrar aperta o coração, traz melancolia e resignação, um gosto de derrota. Já o arrependimento que vira experiência é do bem. É o trampolim para o esforço em não repetir ou, pelo contrário, dedicar-se em observar o momento certo para, aí sim, fazer o que deveria ter feito ou dito. Na balança entre as duas coisas existe uma palavrinha faceira que representa um bom desafio: sabedoria.
Tenho reparado que não apenas eu me queixo da falta de tempo - há anos entendi o quanto essa moeda tem sido demasiadamente cara. Não me convence a teoria de que os planetas estão em leve desajuste e etc. Para explicar essa falta de tempo, enfim cheguei perto de uma razoável explicação: passei - e passamos, pois em certo grau somos relativamente todos parecidos - grande parte da vida não fazendo o que deveria, na hora devida. A vida, um dia, assim do jeito dela, resolve dar prazos cada vez menores para que todas as coisas e lições necessárias sejam realizadas e aprendidas.
Neste ponto me parece que entra a importância de ultrapassar a linha que mencionei anteriormente. Ou seja, para dar conta do recado da vida, é preciso sair do arrependimento ressentido e partir para a boa lição, guardando a lembrança do feito ou não feito apenas como um fato impossível de se transformar em outra coisa senão aprendizado.
Voltar no tempo ainda não é possível, só podemos fazer isso no coração, quando voltamos por amor, saudade ou tristeza. Fora isso, viajar ao passado para "consertar" histórias nunca funcionou. Entretanto, é possível começar agorinha mesmo a perceber o que não foi bom e consertar o que for possível daqui para frente.
O que passou não volta mais e o presente também está passando a cada segundo. Vamos deixar os dias melhores para quando? Quais memórias queremos ter no futuro? Serão novos arrependimentos ou sorrisos de quem alivia o coração ao sentir que venceu, construiu, aprendeu e amou? Essa escolha, assim como todas as outras, não é de quem convive conosco, do chefe, do prefeito ou presidente. Essa escolha é nossa.
Tenho feito grandes e pequenas escolhas ultimamente. Todas com seu devido preço, valor e benefício também. Se colocarmos todos os pesos na balança, o benefício precisa compensar para que a vida valha a pena. E sim, ela tem valido. Portanto, é preciso continuar, mesmo que às vezes cansado, mas sem nunca desistir, para um dia chegar lá.
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