Em 1997, iniciou sua formação em Psicologia na Universidade Mackenzie, na cidade de São Paulo, concluindo o curso no fin...
iAntigamente, os casais recebiam de bom grado quantos filhos Deus "quisesse mandar". As famílias eram imensas, pois a mulher só parava de engravidar e dar a luz quando a natureza encerrava seu período fértil.
Porém, com o desenvolvimento e a divulgação dos métodos anticoncepcionais seguros, os casais passaram a ter o direito de escolher o melhor momento para serem pais e o sexo desvinculou-se do fim procriativo para tornar-se também um importante exercício do prazer a dois.
No entanto, escolher o melhor momento para ter um filho nem sempre é uma tarefa fácil para muitos casais, principalmente, se um deles quer ter o bebê e o outro não, o que acaba por gerar, na maioria das vezes, é conflitos e ressentimentos dentro da relação.
Dúvidas e insegurança
Frente a esse impasse, é comum surgirem sentimentos de insegurança e questionamentos quanto à estabilidade do casal, uma vez que eles não estão "juntos" quanto a esse desejo. A sensação de falta de companheirismo do parceiro (a) também pode acontecer, uma vez que não são cúmplices nesse projeto.
Primeiramente, é necessário discriminar que o desejo de ter filhos não está relacionado diretamente à sintonia e à estabilidade do casal, ele se relaciona, principalmente, à história individual de cada cônjuge com seus pais (ou cuidadores) e como essas vivências ficaram internalizadas.
Por exemplo, uma mulher que teve dificuldades na relação com a figura materna ou que cobra-se consciente ou inconscientemente em superar sua mãe, pode ter maior resistência a olhar para a maternidade, pois o modelo de mãe que lhe ficou internalizado não lhe é muito atraente.
O mesmo processo pode ocorrer com o homem, só que em relação à figura paterna. Outras histórias, que aconteceram ao longo do desenvolvimento do sujeito e que ficaram marcadas no seu psiquismo, também podem atuar na escolha por um filho.
Além dos fatores já mencionados, o momento que o casal vive dentro do relacionamento pode dizer bastante a respeito da dificuldade de se chegar a um consenso quanto a esse assunto.
Por exemplo, um dos parceiros pode decidir engravidar justamente num momento de crise do casal, podendo gerar discórdia na outra parte.
Pode acontecer também de um dos cônjuges estar focado em outras atividades, geralmente na vida profissional, e não desejar o filho naquele momento, pois há outras prioridades.
Diálogo e paciência
Diante deste cenário de impasses, muitos casais me perguntam o que fazer nessas horas. Procuro ouvi-los, orientá-los e lembrá-los que a paciência e o respeito pelo tempo do outro, dentro de uma relação onde ficar junto é a prioridade, acabam sendo o melhor caminho.
Algumas pessoas precisam de um tempo maior para amadurecer a ideia de ter um bebê e não adianta embarcar no projeto do outro só para agradá-lo ou com medo de perdê-lo, pois a dificuldade quanto a assumir esse novo papel pode aparecer mais à frente.
O projeto de filhos dentro de uma relação saudável não deve ser unilateral, o desejo dos dois precisa ser considerado. Porém, há casos onde um dos parceiros acaba revelando um não desejo e, nestas situações, o (a) parceiro (a) que deseja um filho fica frente a uma escolha sobre em qual projeto ele deve apostar: o do casamento ou o de ter um filho.
Diante de tantas variáveis, a ajuda de um profissional especializado para orientar os casais é sempre bem vinda. A psicoterapia pode ajudar as pessoas a clarificarem seu desejo por um bebê e a bancá-los, ou então, a perceberem melhor que não há desejo e, a partir daí, auxiliá-los na busca por outros projetos de vida, se necessário.
Saiba mais: Por que fazer terapia?