Graduado em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1982), com residência médica em Cirurgia Geral n...
iA urina é produzida nos rins, órgãos que filtram o sangue, reabsorvem as moléculas boas e eliminam as moléculas indesejáveis produzidas no metabolismo celular. Estima-se que 180 litros de sangue passem pelos rins todos os dias, que eliminam aproximadamente 1,5 litros de urina por dia.
Os rins são fundamentais para o bom funcionamento do organismo - quando eles estão danificados (insuficiência renal), as moléculas indesejáveis podem se acumular no corpo, podendo causar até mesmo a morte do paciente.
Quando bebemos muita água, nosso organismo elimina o líquido de forma mais acentuada, tornando a urina mais clara que o amarelo ouro normal, já que os elementos eliminados estão mais diluídos. O processo é o inverso quando estamos com sede (desidratados), eliminando uma quantidade menor de urina, que se torna muito mais amarelada pela maior concentração de elementos presentes, e com odor muito mais forte pela alta concentração de ureia.
Além disso, sensores específicos espalhados pelo corpo realizam um balanço automático, reconhecendo situações em que o organismo precisa ou não poupar água, como no verão - em que o corpo transpira mais e por isso elimina menos urina - ou no inverno - em que perdemos menos água pela transpiração e por isso podemos eliminar um volume maior de urina. Estes mecanismos mantêm nossa temperatura corporal constante.
A urina quando eliminada é amarelada, transparente e geralmente não são observados sedimentos. Alguns remédios ou alimentos podem modificar a coloração natural da urina, como o Pyridium ou a beterraba. Quando há sedimentos na urina, sejam eles delicados ou espessos, algo de errado pode estar ocorrendo.
A urina turva com odor muito forte pode sinalizar uma infecção do trato urinário e/ou genital, no caso dos homens. Estes pacientes normalmente apresentam outros sintomas, como urinar aos poucos e com frequência aumentada, numa tentativa do organismo de se livrar do microrganismo agressor reduzindo a população dentro do trato urinário.
Estes sinais associados com febre são mais alarmantes, devendo ser investigada uma possível infecção no trato urinário superior (rins) ou no trato genital. Os pacientes devem ser tratados com rapidez para que possam controlar a infecção com menor dano permanente nos órgãos afetados. Como estes pacientes estão clinicamente muito doentes, em mau estado geral e normalmente com febre alta (acima de 39 graus), devem ser tratados com antibióticos de amplo espectro (mais eficientes e de uso intra-hospitalar).
Existem raros casos em que a urina pode ser leitosa, com aspecto de secreção purulenta e mal cheirosa, o que significa que a infecção é extremamente agressiva. A vida desses pacientes está em risco, pois as bactérias podem invadir os vasos, se disseminar por todo o organismo e até mesmo causar a morte.
Um dos fatores mais importantes para que o paciente desenvolva uma infecção é a presença de urina estagnada, sem que possa sair do organismo, por falha funcional da bexiga ou obstrução ao fluxo da urina. Qualquer órgão que não esteja funcionando bem no organismo pode ser sede de infecção. Nestas circunstâncias ocorre o favorecimento da colonização por bactérias, proliferação e consequente infecção local, podendo evoluir para abscesso. Infecções que se tornam um abscesso não podem ser combatidas apenas com antibióticos, pois eles não conseguem atingir o local da infecção e, portanto, o abscesso exige drenagem cirúrgica.
Portanto, pacientes com qualquer sinal de infecção na urina devem procurar a ajuda médica imediatamente.