Já não é fácil comer corretamente quando não se tem doenças envolvidas. Além das dúvidas sobre o que o é certo ou errado, é muito difícil abrir mão daqueles alimentos que sabidamente não são saudáveis, mas que são muito saborosos. Pior ainda é conseguir consumir essas delícias em pequena quantidade. Essas situações difíceis se tornam muito mais evidentes em pessoas com diabetes, pois as dúvidas são maiores e as restrições mais complexas.
O diabetes é a doença onde a dieta tem um papel primordial no tratamento. Nenhum esquema de medicamentos funciona bem sem uma dieta adequada. Muitas vezes, nós até conseguimos normalizar as taxas do açúcar de pacientes sem uma dieta ideal, mas sempre será às custas de doses muito maiores da medicação.
O entrave dos carboidratos
A maioria das pessoas com diabetes sabe que os carboidratos não são bem vindos em suas dietas, mas eles não têm idéia de quais alimentos são ricos em carboidratos. De maneira geral eles reconhecem como proibidos os pães, arroz e açúcar.
Em primeiro lugar, os carboidratos não são proibidos e, pelo contrário, devem fazer parte de todas as refeições do dia. Isso é importante, pois é praticamente impossível fazer uma refeição saudável sem eles. Assim, esses nutrientes estão presentes, no leite, cereais matinais, bolachas, frutas, geléias, arroz, batata, milho, mandioca, farinhas, legumes, macarrão, feijão e até nas sobremesas diet.
É importante entender que os carboidratos são diferentes entre si. Alguns deles elevam rapidamente a glicemia e são chamados de "simples". O representante maior desse grupo é o açúcar e é bom que se esclareça que ele não está apenas no açucareiro, mas no mel e nas frutas em geral. Assim um suco de laranja sem adição de açúcar pode elevar a glicemia da mesma forma que um doce.
Há ainda outro grupo de carboidratos, denominados "complexos", que diferem do primeiro grupo pelo fato de causarem uma elevação da glicemia mais lenta. Esses nutrientes, em quantidades moderadas, permitem que as correções glicêmicas possam ser realizadas pelo organismo ou pelos medicamentos utilizados. Além disso, suas versões integrais facilitam ainda mais esse processo. Os principais componentes desse grupo são os pães, arroz, aveia e outros cereais como batata, milho, mandioca, macarrão e todos os alimentos preparados com farinha de trigo.
Proteínas e gorduras
Reduzir muito os carboidratos da dieta leva necessariamente a aumento das proteínas e gorduras. Esse é um erro comum na dieta dos pacientes com diabetes. As proteínas, presentes no leite e derivados, carnes e ovos também devem ter limites bem definidos nas dietas desses pacientes. Em excesso, elas são deletérias aos rins e geralmente carregam grande quantidade de gordura saturada. Não importa que a gordura não seja visível na carne vermelha, pois ela estará invariavelmente presente nesse grupo de alimentos.
A dieta do brasileiro é naturalmente rica em carne vermelha e pode se tornar ainda pior nas pessoas que tentam retirar os carboidratos do seu prato. O ideal seria reduzir o tamanho do bife e diversificar a proteína com a utilização de frango e peixe.
As gorduras estão tendo a maior reformulação nas dietas em todos os tempos. Isso inclui principalmente os diabéticos. Hoje, nós sabemos que além de fundamentais, as gorduras chamadas insaturadas exercem efeitos protetores à saúde. Não estamos falando apenas do azeite e do óleo de canola, mas também dos óleos de soja e girassol. Quanto às gorduras saturadas e hidrogenadas, o rigor da restrição foi mantido.
Essas novas recomendações sustentam a manutenção do uso dos óleos vegetais no preparo dos alimentos, não havendo vantagem em se cozinhar sem eles. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a tradicional prática de se refogar os alimentos com óleos vegetais pode ser vantajosa à saúde, desde que o uso seja moderado.
A difícil meta de comer com moderação
Mais difícil do que compreender as regras de uma boa alimentação é segui-las. Uma meta quase impossível. Mais fácil não comer do que comer pouco. Um verdadeiro suplício. Infelizmente, o maior erro alimentar não só da pessoa com diabetes, mas das pessoas em geral, é o consumo excessivo de alimentos. Esse tipo de comportamento explica a maior parte das restrições e rigores de uma dieta.
Não há argumentos contra as alegações de que o prazer de comer é muito grande e que uma porção pequena é totalmente fora de cogitação. O que tentamos fazer é prover a dieta de alimentos que possam melhorar a saciedade e reduzir, com isso, os grandes volumes consumidos.
Para se alcançar e manter uma dieta saudável é preciso entender que uma dieta reflete um estilo de vida. Uma forma de viver bem. Isso, só é possível mediante mudanças comportamentais em vários outros setores além das escolhas alimentares.
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