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As carnes vermelhas são famosas por serem alguns dos alimentos de mais difícil digestão. Para digeri-las, o estômago precisa de quase o dobro de ácido que usa para a mesma quantidade de pão, por exemplo. Dependendo do metabolismo, uma pessoa pode levar até três horas e meia para digerir um bife médio.
"Mas isso não pode ser qualificado como bom ou mau. A riqueza de recursos que o corpo humano dispõe para digerir a carne é compatível com nossa aptidão. Nós conseguimos aproveitar até 35% do ferro da carne, enquanto que, dos vegetais, não ultrapassamos 10%", ressalta a gastroenterologista e hepatologista Marta Deguti, da Federação Brasileira de Gastroenterologia.
A especialista explica que o esforço exigido do sistema digestivo é importante para a quebra de proteínas e gorduras e para a extração de zinco, fósforo, niacina e vitaminas B12 e B6, além de ferro.
A quantidade de carne vermelha recomendada varia de pessoa para pessoa, de acordo com Marta. "Depende do tipo de carne que se está ingerindo, dos alimentos escolhidos para acompanhar, dos hábitos alimentares, do tamanho corpóreo, do gasto energético, da qualidade da digestão, da idade, entre outros", diz.
Mas é preciso atenção aos excessos, pois uma dieta com muita carne faz mal à saúde. "Os riscos estão ligados principalmente à mortalidade precoce por câncer ou doença cardíaca. Além disso, indivíduos que comem carne vermelha diariamente tendem mais a sofrer de obesidade, diabetes, hipertensão arterial e níveis de colesterol elevados", alerta a médica.
Os estudos mais recentes culpam principalmente as carnes processadas, como linguiça, salsicha, salame, mortadela, presunto e bacon, pelos efeitos negativos na saúde. Segundo Marta, porções diárias desses alimentos, algo como um cachorro quente por dia, já seriam suficientes para prejudicar o organismo.
O ideal é intercalar o consumo de carnes vermelhas e brancas. A rotatividade diminui a chance de acumular substâncias nocivas ao organismo. Apesar disso, Marta faz questão de enfatizar que uma dieta com proteína animal não é totalmente necessária. "Sabemos que vegetarianos exclusivos podem apresentar uma excelente saúde física e intelectual".
Nesses casos, é essencial escolher bem os alimentos para garantir a obtenção de certos nutrientes por meio de fontes alternativas, como ovos e laticínios. Os vegetarianos mais radicais, que não comem nenhuma proteína de origem animal, precisam ter ainda mais cuidado.
A soja é rica em proteína, mas não faz todo o trabalho sozinha. "Deve-se consumir alimentos complementares como grãos, cereais, sementes, vegetais, frutas e algas marinhas", aconselha. Além disso, um profissional especializado deve avaliar a necessidade de suplementação com vitaminas e minerais.
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