Possui graduação em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina (1987), mestrado em Medicina (Dermatologia) pela Uni...
iAs estações do ano requerem cuidados diferenciados no ponto de vista dermatológico. Muito comumente somos requisitados para dar as dicas do verão, especialmente no Brasil.Essas dicas, no ponto de vista de saúde pública, são importantes, assim como nos programas de tratamentos dermatológicos.
Do ponto de vista dermatológico, reforçamos a necessidade do uso do protetor solar, que deve ser adequado para cada tipo de pele e, às vezes, o que é muito mais importante: o conforto que o paciente sente em relação ao produto, veículo, odor, eficácia versus necessidade da pele, profissão e sexo do paciente.
Os protetores solares que estão disponíveis no mercado brasileiro são na sua maioria confiáveis. Hoje, sempre alertamos para que o paciente ao comprar esse produto verificar se há também proteção para UVA (ultravioleta A), que é representado por sinais de "+". Se o indivíduo tem pele normal, um "+" é eficaz, mas conforme o paciente envelhece, apresenta pele clara ou até doenças de pele, a quantidade mínima de cruzes deve ser duas.
A pele envelhecida e seca merece um protetor em creme, a da idade média sem problemas de espinhas pode receber uma loção, alguns acham que o gel creme tem um toque mais seco, mas na realidade, é importante que tanto a loção como o gel creme tenham especificado que tem efeito seco ou chamado "matte" ou matificante quando o paciente deseja um efeito sem a oleosidade final. O gel, em teoria, seria indicado para as pessoas com a pele oleosa, mas nem sempre eles são confortáveis, algumas vezes, por formarem uma fina camada ao secarem. Além disso, podem trazer dificuldades quando utilizados na praia, pois a areia fina pode grudar no gel e trazer certo desconforto. Existem produtos em spray, porém, o veículo pode não ser aquoso, então, sempre devemos escolher corretamente o melhor veículo para o seu conforto pessoal. Peles sensíveis não se "dão bem" com o veículo alcoólico, assim como os que têm alguma lesão na pele.
Há também opções de protetores solares com tonalizantes (com cor), alguns com tonalizante universal (serve para todas as cores de pele) e outras com diferencial, se desejar que o tonalizante disfarce as manchas, há necessidade da escolha adequada da "espessura" do produto, pois apenas o tonalizante pode não ser suficiente para esconder as imperfeições.
Alguns protetores solares podem causar ardor nos olhos, portanto, aqueles que suam muito ou praticam esporte são os que são mais susceptíveis, pois ambos acabam sempre escorrendo pela fronte e couro cabeludo, irritando a pele.
Finalizando a discussão dos protetores solares, para o dia-a-dia, se aceita que o FPS 15+ seja suficiente, os dermatologistas, no entanto, indicarão a quantidade da proteção solar conforme a cor de pele do paciente, doenças prévias, doenças de pele, doenças familiares, tipo de atividade que exerce, além da idade, profissão, e é claro, o tratamento que está sendo realizado adequando às diferentes estações do ano. Os protetores com FPS 8+ são indicados para os pacientes com a pele escura, quando em tratamento ou já com doenças, um FPS 30-60+ a +++ e em casos específicos, o FPS 100+.
Não devemos nos esquecer que somos sempre bombardeados com produtos para proteção solar, mas proteger-se do sol sob protetores como sombrinhas, chapéus, bonés, roupas que cubram uma parte maior do corpo deve ser sempre priorizado. Há hoje no mercado, para pessoas mais exigentes, vestimentas preparadas com tecidos específicos com tecnologia própria para a proteção solar e são vendidos com a marca de proteção solar. Por favor, não esqueçam que sob o guarda sol ou mesmo quando estiver esquiando, a ação solar é multiplicada pelo reflexo dos raios solares na areia e na neve. Muito freqüentemente as pessoas esquiam ou vão à praia e ainda acabam apresentando problemas na pele.
No Brasil, o câncer de pele está crescendo também entre os jovens. A cada exposição inadequada ao sol, a pele acumula riscos de desenvolver uma lesão cancerígena, pois os danos pela radiação solar são cumulativos, ou seja, a quantidade total de sol que a pessoa toma durante sua vida é que vai determinar o surgimento de uma lesão cancerígena.
Desta forma, crianças que começam a tomar sol de forma inadequada, já no primeiro ano de vida, podem ter, quando chegam aos 20 anos, um câncer de pele (especialmente do tipo basocelular e melanoma). Além disso, a diminuição da camada de ozônio faz com que as pessoas fiquem mais expostas aos efeitos da radiação solar.
Usar fotoprotetor solar não anula todos os efeitos nocivos do sol sobre a pele. Lembre-se que é possível usar outras formas de proteção como vestuário, chapéus e bonés.
ORIENTAÇÃO SOBRE O USO DO PROTETOR SOLAR
- Quanto mais clara for a pele, maiores devem ser os cuidados com o sol.
- O correto seria a aplicação de fotoprotetor a cada 2 horas, não só na praia e piscina como nas montanhas e nas cidades. Use no mínimo uma vez ao dia pela manhã se não for sair de casa, reaplicar se for sair a cada 4 horas.
- O sol também provoca muitos outros tipos de danos na pele, entre eles, manchas, ressecamento, rugas, perda da elasticidade e envelhecimento cutâneo.
- Evite exposição ao sol entre 10h e 16h.
- Usar fotoprotetor com Fator de Proteção Solar (FPS) maior que 15 ou 20, prefira os que protegem UVB e UVA (raios ultravioleta B e A). Existem formulações com vários tipos de veículos, por isso você precisa ter um pouco de paciência se sua pele não se adaptar ao primeiro protetor solar sugerido. Ordem de maior "gordura" do produto para o menos "gorduroso": ungüentos, pomadas, cremes, loção, gel alcóolico e spray alcóolico. Sendo esses últimos mais indicados para os pacientes com tendência a "poros" obstruídos, espinhas ou pele muito oleosa.
- Aplicar o fotoprotetor 30 minutos antes de tomar sol e reaplicar após cada atividade, esporte ou água.
- Fotoprotetor também deve ser passado sobre manchas e pintas.
- Não se esquecer de passar fotoprotetor em orelhas, pálpebras, nuca e couro cabeludo (em pessoas calvas).
- Aplicar fotoprotetor labial.
- Evitar se queimar ou ficar fortemente bronzeada.
- Qualquer tipo de bronzeamento causa algum dano ao material genético das células da pele (inclusive bronzeamento artificial).
SINAIS DE ALERTA
- Pequenas lesões na pele que não cicatrizam (câncer espino e basocelular).
- Lesões que formam "cascas" e sangram com facilidade (câncer espino e basocelular).
- Manchas de coloração mais escura, castanhas (melanoma).
- Coceira, sangramento, mudança do aspecto ou crescimento de uma pinta pequena ou grande, mesmo aquelas que você considera como de "nascimento" (melanoma).
- Não espere por dor (câncer de pele geralmente é indolor).Se você acha que está fora deste grupo de risco, faça revisões anuais. Se você se inclui nesta lista, procure fazer retornos semestrais, quando apresentar feridas novas, quando tiver dúvidas ou conforme solicitação do médico.