Formada pela Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, com residência em Clínica Médica e em Endocrinologia e Metabolo...
iSibutramina é um medicamento utilizado para o emagrecimento e age inibindo a reabsorção de neurotransmissores como: serotonina, norepinefrina e dopamina. Estas ações promovem o aumento da saciedade e reduzem o gasto energético que acompanha a perda de peso.
Ela é indicada somente quando a orientação alimentar somada a atividade física não foram capazes de atingir o objetivo clínico, naqueles pacientes com IMC maior ou igual a 30 kg/m2, ou maior ou igual a 27 kg/m2 associado a algum fator de risco. Sempre é reforçada a necessidade do tratamento conjunto com reeducação alimentar e exercícios.
A sibutramina não deve ser usada indiscriminadamente em pessoas hipertensas (sua administração deve ser acompanhada com controles constantes dos níveis pressóricos e da frequência cardíaca), diabéticos e obesos com risco acentuado para o desenvolvimento de doenças vasculares, incluindo doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transitório, arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, doença arterial periférica ou hipertensão não controlada (acima de 145/90 mmHg).
Ela não pode ser usada com alguns antidepressivos (chamados inibidores da MAO), associada a bebidas alcoólicas, suspeita de gestação, lactação, pacientes com anorexia nervosa, bulimia ou outros distúrbios psiquiátricos. A sibutramina está disponível em cápsulas de 10mg e de 15mg e não há estudos de segurança com doses superiores a 20mg ao dia, esta dose deve ser considerada somente em casos selecionados. Pesquisas mostraram que 84% dos pacientes com sibutramina queixaram-se de algum efeito colateral, quando comparados aos 71% dos que receberam placebo.
Os efeitos colaterais mais comuns são: boca seca, obstipação intestinal, dor de cabeça e insônia, que ocorrem numa freqüência de 10 a 20% dos casos. Outros efeitos adversos descritos na literatura são muito variáveis: aumento de pressão arterial e frequência dos batimentos cardíacos, formigamentos, dor em região lombar, náusea, aumento do suor, modificação do paladar, alterações da visão (moscas volantes).
Houve um número significativamente maior de casos de infecção de ouvido, sinusite e resfriado comum entre pacientes usuários do medicamento em relação a usuários de placebo. Aparentemente, os eventos adversos são dose-dependentes.
Muitas controvérsias rodearam sua prescrição no ano de 2010. A EMEA (European Medicines Agency), recomendou sua suspensão de venda, preocupada com o aumento do risco de acidentes cardiovasculares e o FDA (Food and Drug Administration) pediu retirada da droga, após a avaliação do estudo SCOUT (Sibutramine Cardiovascular Morbidity/Mortality Outcomes in Overweight or Obese Subjects at Risk of a Cardiovascular Event).
Neste estudo foram selecionados 10.000 pacientes com sobrepeso ou obesidade, entre 55 e 69 anos de idade ou mais, com história de doença cardiovascular (sem evento agudo recente) ou diabetes tipo 2 e mais um fator de risco cardiovascular adicional. Aproximadamente 11,4% dos pacientes em uso de sibutramina (e 10% dos pacientes usando placebo) tiveram eventos cardiovasculares. O aumento do risco de eventos cardiovasculares ocorreu apenas nos pacientes com história de doença cardiovascular e não ocorreu nos pacientes diabéticos tipo 2 sem história de doença cardiovascular.
No Brasil, o medicamento continua a ser vendido, apesar de algumas orientações da Anvisa e modificação da classificação da sibutramina da lista C1 (receita branca não numerada) para a de receituário azul numerado B2 (psicotrópico anorexígeno), popularmente conhecido como "tarja preta", embora não existam evidências de potencial dependência com a utilização de sibutramina.
Mesmo com todas as informações, ainda usando a medicação e associação do tratamento não medicamentoso, muitos pacientes reclamam da dificuldade no emagrecimento. Não é incomum alguém comentar de como funcionou para um e teve poucos resultados com outros. Para responder esta pergunta, os pesquisadores investigam o que há por trás da parte genética na resposta à sibutramina.
Polimorfismos genéticos influenciam a resposta à Sibutramina
Sibutramina pode fazer mais efeito em quem é geneticamente determinado?
Vários resultados da expressão de genes (incluindo, pelo menos, três genes) influenciam a resposta corporal ao tratamento com sibutramina, de acordo com o estudo iniciado em 2008, na Mayo Clinic, publicado pelo Dr. Camillieri e sua equipe. As diferentes variações genéticas ocorreram em 30 a 50% das pessoas estudadas, em uso de sibutramina.
Pacientes com genótipo determinado (envolvendo genes que interagem nos mecanismos de controle para marcadores serotoninérgicos e adrenérgicos específicos) perderam peso e tiveram redução significativa na proporção de gordura.
A pesquisa sugere haver influência genética nas respostas inter-individuais e um estudo como este, no futuro, poderia facilitar a seleção somente daqueles pacientes que, sabidamente, responderiam bem ao uso do medicamento e evitar a exposição desnecessária de outros que não são suscetíveis a dar uma resposta adequada.
Enquanto rápidas soluções não aparecem e a biologia molecular não é infalível, devemos refletir em quais são os reais benefícios (eles existem e são estudados!) e potenciais prejuízos (que podem ser evitados, seguindo o manejo ideal da prescrição e acompanhamento pelo médico de sua confiança) no emagrecimento tratado com medicamentos.
Saiba mais: Dieta dos pontos