Natural do Rio de Janeiro, graduou-se em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1999, concluindo...
iComo primeira contribuição para este portal, gostaria de começar apresentando a minha especialidade: a Otorrinolaringologia. Trata-se do ramo da medicina que cuida do nariz, dos seios da face, dos ouvidos e da garganta. Esta última (garganta) corresponde, na verdade, a dois órgãos: a faringe e a laringe.
Se fôssemos ser mais detalhistas, portanto, o nome completo da especialidade deveria ser "Otorrinosinusofaringolaringologia". Mas aí nenhum paciente nos procuraria porque ninguém saberia repetir esse nome na hora de marcar a consulta, tampouco caberia em nossos carimbos médicos. Então, vamos deixar otorrinolaringologia mesmo.
Nos países de língua inglesa o otorrinolaringologista é até mais conhecido como ENT Doctor (ENT sendo a sigla para Ear, Nose and Throat, ou seja, o médico de ouvido, nariz e garganta), o que facilita o entendimento do público.
Em tempos onde a subespecialização na medicina, chega a ser uma exceção encontrarmos um especialista que se ocupe de tantos órgãos ao mesmo tempo, como é o otorrinolaringologista. Contudo, é pouco provável que isso venha a mudar, tal a interligação entre essas estruturas.
Para se ter uma amostra disso, basta ficarmos resfriados: o nariz começa a escorrer, os ouvidos ficam tampados, a garganta dói. Logo percebemos que "é tudo uma coisa só", ou, pelo menos, muito relacionado.
Isso ocorre porque, realmente, existe uma comunicação direta entre esses órgãos mas, principalmente, porque a mucosa que os reveste por dentro é muito parecida, quase que um contínuo.
Desse jeito, é muito comum que uma inflamação do nariz se prolongue pela mucosa dos seios da face, da faringe, da laringe e até para a orelha média. O mesmo não ocorre com tanta facilidade na transição entre a laringe e a traqueia (e dali para os brônquios e pulmões), muito menos entre a faringe e o esôfago.
Embora sejam estruturas contíguas, as características da mucosa já apresentam diferenças maiores, o que ajuda a conter uma eventual inflamação. Isso explica porque os resfriados não evoluem para pneumonias com muita frequência ou porque uma faringite não acaba em esofagite.
Mais do que cuidar de inflamações - as famosas rinites, sinusites, faringites e otites; que serão objeto de outros artigos - a otorrinolaringologia cuida de algumas das funções e sentidos do corpo humano mais importantes para uma vida saudável: o olfato, a fala, a respiração, a audição e o equilíbrio. Garantir o bom funcionamento dessas cinco funções resume com propriedade o principal objetivo da otorrinolaringologia.
Como acontece com quase todas as funções de nosso corpo, e com muitas coisas em nossa vida de forma geral, só damos valor a elas quando a perdemos ou deixam de funcionar corretamente. Só percebemos a importância de respirar bem pelo nariz, por exemplo, quando ele vive entupido (há uma máxima em otorrinolaringologia que diz "Só é feliz quem respira pelo nariz"). A audição é outro bom exemplo. Ela, talvez, seja até mais importante que a visão para a socialização do indivíduo, mas damos pouca importância para sua preservação (voltarei a falar sobre o tema futuramente).
Por fim, cabe ressaltar que, em Medicina, tão importante quanto tratar doenças é prevení-las. E na Otorrinolaringologia, isso não é diferente. Essa é uma especialidade fértil em medidas simples que podem dar mais saúde ao seu nariz, ouvidos e garganta. Mas também é uma área cheia de mitos e conceitos populares sem fundamentos científicos. A prevenção também terá um espaço de destaque em nossos artigos.Até a próxima!
Saiba mais: Respiração pela boca