Nutricionista, graduada pelo Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, com especialização em Nutrição de Doenças Cr...
iComer menos sódio, menos gordura saturada e menos açúcar tem sido a base das recomendações nutricionais dos últimos anos em todos os países. Apesar disso, a cada ano, nós registramos maiores índices de ingestão destes itens nas dietas de todo o mundo. Será que as pessoas não entendem as orientações ou será que nós não sabemos orientar adequadamente? O certo é que estamos perdendo a batalha contra a obesidade.
O último guia alimentar aceito mundialmente foi produzido nos Estados Unidos em 2005 e ele sustentava as recomendações anteriores de baixo consumo de sal, gordura saturada e açúcar. Depois de repetidas tentativas falhas de mudança do padrão alimentar dos americanos, este ano, o guia nutricional surpreendeu pela mudança da sua abordagem. Sustentou as mesmas recomendações, mas pela primeira vez conclamou a população a comer menos. De suas palavras, ressalta em importância a orientação: "coma com prazer, mas coma menos!".
Parece simples, mas a complexidade, geralmente, não alcança a adesão das pessoas. Tanto pela dificuldade de compreensão quanto pela pouca aplicabilidade no dia a dia. Comendo pouco, elas reduzirão, de maneira bem simples, o sal, o açúcar e as gorduras saturadas.
Apesar de entender bem essa colocação, nós sabemos da dificuldade de se comer pouco. É preciso muito mais que força de vontade. É preciso da colaboração de quem industrializa e fornece tais alimentos. A indústria de alimentos é uma realidade em mossas vidas e deve participar desse movimento em prol de uma alimentação mais saudável. Os alimentos processados devem ser reformulados e se adequarem à nova orientação, tanto em seus ingredientes quanto em suas porções. Para isso, a pressão por parte da sociedade civil, dos governos e da comunidade científica deve ser cada dia mais presente.
A mobilização já se faz notar. Recentemente, a rede de supermercados Wal-Mart saiu na frente com um plano que promete reduzir os preços de frutas e verduras, reformular os seus alimentos industrializados e pressionar seus fornecedores a se adequarem. Esta atitude deve estimular os concorrentes e todos os segmentos da produção de alimentos industrializados são chamados a participar.
O guia completa sua orientação recomendando que a metade do prato deve ser composta por verduras e frutas e reforça a necessidade do consumo de cereais integrais, laticínios magros e peixes.
No Brasil, as políticas públicas da área de nutrição ainda são modestas para o combate à obesidade. De acordo com o IBGE em seu recente censo, o Brasil, como todos os demais países emergentes, vem liderando o ritmo de crescimento dos índices de sobrepeso e obesidade em todo o mundo. Por aqui, cerca de 50% dos adultos e 30% das crianças e adolescentes encontram-se acima do peso normal.
A verdade é que a grande maioria dos casos de obesidade poderia ser prevenida. Os governos não podem se omitir. As escolas devem dar sua contribuição e os subsídios devem premiar os alimentos saudáveis, normalmente mais caros, e taxar duramente os alimentos ricos em gordura e açúcar. Além disso, cada um de nós deve fazer sua parte, entendendo que a responsabilidade é primordialmente nossa e que uma escolha alimentar ruim é, quase sempre, fruto de uma opção pessoal.
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