Formada pela Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, com residência em Clínica Médica e em Endocrinologia e Metabolo...
iCada vez mais, pais, médicos e educadores preocupam-se com a obesidade infantil e buscam caminhos que possam ajudar a mudar esta realidade. Uma pesquisa realizada em 2008 pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) mostrou que o índice brasileiro de obesidade infantil (11,5%) está se aproximando ao encontrado nos Estados Unidos (15%), conforme relatado pela ABESO (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
A abordagem do tratamento para obesidade infantil é baseada em mudanças no estilo de vida. Mas esta reorganização da rotina nem sempre é possível, já que ainda existe pouca adesão às mudanças necessárias, o que inclui escolhas alimentares saudáveis e realização de exercícios físicos.
Profissionais da saúde aconselham a reeducação alimentar e a programação de atividade física constante e regular. Porém, os pequenos pacientes, muitas vezes, queixam-se ou não se sentem motivados a cumprir estas metas.
Sobre a alimentação, as orientações visam diminuir alimentos gordurosos, excluindo-se as frituras do cardápio e utilizando pouco óleo na preparação dos alimentos. O teor de gordura não deve ultrapassar 25% do total da alimentação da criança e o consumo de doces / açúcar e de alimentos industrializados do tipo "fast food" deve ser minimizado.
Para a programação da atividade física, uma das estratégias é garantir que, ao menos, a aula de educação física seja realizada, buscando, através do exercício realizado em grupo, algum sucesso para o emagrecimento de forma lúdica e despercebida. Além disso, praticando atividades físicas, o escolar tem a melhora da capacidade aeróbia, da pressão arterial, da densidade mineral óssea e da flexibilidade.
Mais do que educação física
No entanto, uma pesquisa mostrou que nem sempre estes são os resultados encontrados. Um estudo apresentado pelo grupo do BC Children's Hospital em Vancouver, British Columbia, liderados pelo Dr. Kevin C. Harris, na American Academy of Pediatrics, reuniu dados de vários estudos e analisou 13.003 crianças de 5 a 18 anos, seguidas por 6 meses, que realizavam exercícios apenas durante o horário de aula de educação física.
Os autores concluiram que, mesmo com as intervenções da atividade física propostas nas escolas, as crianças obesas não tiveram efeito em diminuir o índice de massa corporal e nem outras medidas corporais. As intervenções escolares garantem exercícios feitos por todos, mas, tinha-se a idéia de que seria especialmente usufruido por quem estava fora do peso esperado. Porém, somente aquele horário curto durante a aula e a falta de reprodução dos exercícios de forma regular foram insuficientes para modificar o IMC das crianças estudadas.
Vários trabalhos ressaltam que as crianças que passam muito tempo assistindo televisão, no computador ou vídeo-game terão maior probabilidade de se tornarem crianças obesas quando comparadas às que brincam ao ar livre ou que fazem esportes. Existem também outros fatores interferentes no desenvolvimento e manutenção da obesidade infantil além da falta de exercícios e devem ser também considerados, como predisposição genética e alterações emocionais (por exemplo, a tendência a comer para responder a emoções negativas, como estar aborrecido, ansioso ou zangado).
O que já é comprovado é que o excesso de peso durante a infância e adolescência é prenúncio de excesso de peso na idade adulta. Por esta razão, devemos perceber que apenas a promoção da atividade física na escola parece insuficiente para que as mudanças físicas sejam notadas nas crianças obesas num período curto de tempo. Portanto, o estímulo à realização de atividades físicas fora da escola pode complementar e deve ser amplamente incentivado. Este pode se tornar um bom caminho para prevenção e combate à obesidade infantil.
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