Médica Endocrinologista formada pela UNISA em 1993. Doutorado em endocrinologia pela FMUSP. Médica fundadora do Ambulató...
iFala-se tanto do câncer de intestino, mas as pessoas têm muitas dúvidas. A doença começa sempre como uma lesão benigna que vai evoluindo lentamente até transformar-se num tumor maligno. Nessa fase de benignidade, que é longa, é possível retirar a lesão e, com isso, impedir sua degeneração e o aparecimento do câncer. Por isso, estar informado e ter um olhar preventivo são os melhores caminhos.
O câncer de intestino, como todos os outros, é favorecido na sua incidência pelo fator idade. Quem vive muito tempo provavelmente terá câncer, porque certas anormalidades na divisão celular vão se tornando mais frequentes, o que favorece o aparecimento do tumor maligno. Além disso, quanto mais idade, maior será a exposição da pessoa aos fatores de risco ambientais. A partir dos 40 anos, e, a cada década subsequente, dobra o risco deste tipo de câncer. Se você tiver parentes de primeiro e segundo graus que faleceram pela doença, após fazer 40 anos, agende sua colonoscopia!
Quando fazer a colonoscopia
A colonoscopia é um exame que detecta precocemente o câncer, quando ele já existe, e também o previne, pois permite a identificação e a retirada do pólipo antes que se torne um tumor maligno. Quem tem casos da doença em familiares de primeiro grau deve começar a fazer esse exame aos 40 anos. Quem não tem, aos 50, no máximo aos 60 anos.
Fast foods, corantes, excesso de álcool e de cigarros são fatores que promovem o câncer de intestino. Por isso, seria excelente que todas as pessoas pudessem fazer uma colonoscopia preventiva por volta dos 50 anos. No entanto, aqueles que apresentam algum sintoma não têm escolha.
Quando o exame apresenta resultado negativo, o período mínimo de intervalo entre um exame e outro é de três anos. Nos Estados Unidos, a recomendação é repetir a cada cinco anos. No entanto, quem já extraiu um pólipo deve fazer o exame a cada três anos, no máximo, porque pode ter tendência a apresentar esses crescimentos anômalos. Só se faz colonoscopia antes dos 40 anos se existirem sintomas como alteração do ritmo intestinal, anemia, perda de sangue, dor abdominal e emagrecimento.
As mulheres são um problema "especial", porque são mais obstipadas (o famoso "intestino preguiçoso") e se alimentam pior. Gostam de docinhos, ricos em hidrato de carbono (carboidratos) e, como têm a preocupação de não engordar, acabam diminuindo a quantidade de outros alimentos. Também não bebem água. Além disso, não usam qualquer toalete. Às vezes, têm vontade de ir ao banheiro, mas não vão. Como vão perdendo o mecanismo reflexo de ir ao banheiro, progressivamente, começam a tomar laxantes e instala-se um círculo vicioso. O intestino se acostuma, perde o reflexo, e elas são obrigadas a tomar quantidades crescentes desses remédios. Outro fator relevante é a gravidez, que deixa o abdômen mais flácido e o períneo, ou seja, a musculatura entre o reto e vagina, também mais flácido, piorando a função intestinal.
A dieta influi muito. Alimentação rica em gordura animal, pobre em fibra e rica em corantes favorece a incidência desse tipo de câncer. Corantes e defumados são fatores de risco porque liberam nitrosaminas no intestino, substâncias reconhecidamente carcinogênicas. Vale lembrar que, atualmente, as crianças ingerem uma quantidade enorme de corantes nos doces, balas e pirulitos. Em relação à dieta rica em gordura, predominam as carnes gordas. A carne em si não é um fator muito agressivo, mas a gordura que a acompanha é, principalmente quando vira churrasco. E o pior é que o carnívoro, em geral, não come verduras, frutas e cereais. Embora possamos usar azeite, as frituras devem ser evitadas porque a gordura se decompõe quando é aquecida. Uma solução se a pessoa aprecia muito a gordura animal, seria aumentar a quantidade de cereais ingeridos. Cereais são ricos em fibras que realmente protegem o intestino, porque aceleram o trânsito intestinal e diminuem o tempo de contato das substâncias cancerígenas com a parede do intestino.
O cigarro e álcool também promovem aumento de casos de câncer de intestino, como acontece com os demais órgãos, pulmão, bexiga, etc. Então, o primeiro passo é consultar uma nutricionista, que vai corrigir sua alimentação e adequar seus fatores de risco.
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