Formada em Psicologia há 23 anos pela Unifil, pós graduada em Obesidade e Transtornos Alimentares pela PUC-PR.Hipnoterap...
iVivemos em uma sociedade onde se prega a magreza como referencia de beleza. A numeração das roupas tem diminuído - o padrão, que antes era 40, hoje é 38 -, mexendo com o referencial das mulheres em relação à imagem corporal.
As modelos desfilam as roupas da estação, refletindo a beleza criada em favor da magreza. Existe um apelo maciço em torno do corpo magro, desfilando roupas que caem com perfeição, e pagam no corpo pelo sacrifício. Essa é uma situação que vem aumentando muito entre a população brasileira, em função de uma mídia forte, que passa a imagem da mulher muito magra como saudável, bonita e feliz.
Estamos vulneráveis a essas mensagens que muitas vezes vêm disfarçadas nas publicidades e, em outros momentos, vêm bem claras. Quando menos percebemos, nós estamos admirando um corpo magro, digo, magérrimo.
É a era do sofrimento, pois corpo não é feito de massinha de modelar, que podemos dar a ela a forma de "Barbie" - corpo cheio de curvas, porém magro. Existe uma forma para avaliar o índice de massa corporal, que estipula estado nutricional adequado quando a pessoa apresenta IMC entre 18,5 - 24,9. No entanto, os corpos que a maioria das modelos busca possui IMC abaixo de 18,5, caracterizando estado de magreza (desnutrição). São esses corpos que tem inspirado a maioria das mulheres a cometerem "devaneios" em busca de um físico impossível de se alcançar mantendo a saúde em dia.
Outra questão é que o nosso imaginário faz parte de um processo criado em nossas mentes, e nem mesmo a cirurgia satisfará nossa imagem mental. Muitas mulheres acabam por se submeterem a tratamentos e utilização de medicamentos que podem prejudicar seu corpo e sua saúde, tanto física quanto mental.
Partem em busca de um ideal de beleza irreal, e acabam por desenvolverem um quadro depressivo, prejudicando ainda mais a forma de se enxergar e lidar com seu corpo real. Nessa busca desenfreada do corpo ideal, percebemos que homens e mulheres perdem a referência do que é possível dentro de sua própria estrutura corporal.
Na anorexia nervosa, ocorre uma recusa em manter o peso dentro da faixa de normalidade, ocorrendo uma perturbação significativa na percepção e na sua forma corporal. Já na bulimia nervosa, acontecem episódios recorrentes de descontrole alimentar, onde o indivíduo faz tentativas de não ganhar peso com o uso de laxantes, diuréticos e vômitos auto-induzidos.
Essa questão é muito delicada, pois as modelos que desenvolvem esse tipo de doença têm, com certeza, outros fatores que acabam por desencadear o quadro de transtornos alimentares.
O limite entre o desejo, o sonho e o distúrbio estão muito próximos. O que vai diferenciar um do outro é a forma como a pessoa enxerga suas possibilidades, se expressa e quais as medidas que tomará para se chegar ao seu desejo.Vemos milhares de adolescentes querendo ser magras como a Gisele Bündchen e o sofrimento que vivenciam por não darem conta de manter o corpo magro.
Quando o desejo de se chegar ao corpo ideal sacrifica o corpo, já se tornou um distúrbio - mais do que isso, uma questão social, pois envolve a vida de muitas jovens e pais que sofrem por falta de informação. O ideal seria modelos com IMC dentro do normal, medidas corporais mais compatíveis com a realidade e mais próximas do possível de cada um.
A psicoterapia pode auxiliar a desenvolver uma percepção corporal real dentro do possível de cada um, orientando e trabalhando em busca de uma melhor relação com o corpo e, consequentemente, consigo mesmo.
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