"Cuidado, não vai deixar para engravidar tarde..." Que mulher que ainda não engravidou nunca ouviu essa frase? Bem conhecida do sexo feminino, esse ditado mostra a preocupação de todos com a relação entre a idade e a fertilidade feminina. Preocupação esta que aumenta cada vez mais.
Não é novidade que a mulher precisa lutar pelo seu crescimento pessoal e profissional. Mas, muitas vezes, para, estudar, trabalhar e se divertir, se vê obrigada a postergar o crescimento da família. Além disso, algumas mulheres nem sempre encontram um parceiro ideal no momento certo ou não se sente preparada para ter filhos quando encontra um parceiro.
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Ao passar por essa situação, é comum que algumas dúvidas comecem a passar pela cabeça da mulher, como: até que idade posso engravidar? Depois de que idade a gravidez passa a ser um risco? Por que tenho tanta dificuldade de engravidar?
A explicação para a maioria dessas perguntas é simples: os óvulos, assim como os neurônios, não se multiplicam após o nascimento. Seu número só reduz com os anos, até se esgotarem. Assim, quanto maior a idade, menor a quantidade e pior a qualidade dos óvulos.
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Só para ter uma ideia, a fase em que a mulher tem a maior quantidade de óvulos é quando ainda está no útero de sua mãe, por volta do quinto mês de gestação. Neste período, chega a ter mais de seis milhões de óvulos. No entanto, ao nascer, esta quantidade já diminuiu para cerca de um milhão e, quando menstrua pela primeira vez, tem armazenado em seus ovários, cerca de 400 mil óvulos.
A menopausa, que ocorre em média aos 52 anos, reflete o fim da reserva ovariana de uma mulher e significa que ela não poderá mais ter filhos com seus próprios óvulos. No entanto, bem antes disso, ocorre uma redução importante na chance de engravidar, bem como um aumento do risco de abortamento, reduzindo sua chance de ter filhos.
Preservação da fertilidade da mulher
Quando a mulher acredita que ultrapassará o limite seguro para engravidar, é preciso que ela conheça quais são as opções que tem para preservar sua fertilidade. Até pouco tempo atrás, as únicas opções que as mulheres tinham para preservar sua fertilidade eram o congelamento de embriões ou o congelamento de parte do ovário.
A primeira opção, apesar de bem estabelecida, apresenta uma clara desvantagem: a necessidade de um parceiro disposto a participar do tratamento ou a escolha de um doador de sêmen, sendo que ambas podem gerar dúvidas e angústias no futuro.
A segunda opção, o congelamento de parte do ovário, apresenta como desvantagens a necessidade de uma cirurgia para retirada do tecido; a consequente redução da reserva de óvulos durante este procedimento (fato que estaríamos justamente tentando evitar) e a incerteza de que este ovário congelado poderá ser aproveitado, já que o sucesso deste tratamento ainda não está comprovado.
No entanto, surgiu recentemente, uma opção promissora: o congelamento de óvulos. Este processo, que estava sendo desenvolvido há algum tempo sem sucesso, ganhou impulso com o surgimento de uma nova forma de congelamento chamada vitrificação. Nesta técnica, os óvulos são congelados com uma velocidade extremamente rápida, o que reduz os danos causados durante o processo. Atualmente, conseguimos cerca de 90 a 95% de sobrevivência dos óvulos vitrificados.
As etapas para realizar a vitrificação são:
1- Estimulação dos ovários com medicações para obtermos maior quantidade de óvulos.
2- Captação destes óvulos por via vaginal (igual à realizada em tratamentos de Fertilização in vitro)
3- Avaliação da qualidade dos óvulos captados
4- Vitrificação dos óvulos-
5- Manutenção dos óvulos em nitrogênio líquido por tempo indeterminado.
Quando (ou se) a mulher decidir usar seus óvulos, estes são descongelados e fertilizados com espermatozoides. Os embriões formados são transferidos no útero e o teste de gravidez é feito em aproximadamente 11 dias.
Obviamente, existem dificuldades. A principal é que este processo, apesar de dar uma segurança a mulher, não pode garantir com certeza uma gravidez no futuro. Além disso, podem ocorrer complicações, como a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, problema que pode ocorrer após o uso de medicamentos para a fertilidade, que causa, em casos mais graves, a cistos ovarianos.
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