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Quem nunca se surpreendeu ao ouvir a idade de uma pessoa e notar que, apesar das décadas somadas, ela tem espírito bem mais jovem do que a média? A surpresa é mais comum do que se imagina e é percebida quando a idade cronológica de alguém destoa da idade emocional ou psicológica. "Idade, no caso, quer dizer desenvolvimento ou maturidade. Estamos falando das experiências e das responsabilidades que essa pessoa vem acumulando", explica o psicólogo Tiago Lupoli.
A diferença entre o que marca o calendário e o que indicam suas emoções precisa ser vista com cuidado. A leveza e a facilidade em arriscar, típicas de um comportamento mais jovem, podem se tornar um problema na rotina de um adulto que precisa tomar decisões importantes. Por outro lado, o excesso de preocupações e o temperamento mais introvertido são capazes de arruinar um convívio e até de afastar as pessoas.
Entenda melhor se você se sente mais velho ou mais novo do que seu corpo e conte com as dicas dos especialistas para superar os desequilíbrios que, eventualmente, possam atrapalhar suas relações afetivas ou profissionais.
Sente-se velho demais
Se o passado mais jovem parece uma época mais feliz, e você se sente com menos vigor físico do que as pessoas de sua idade, pense bem: será que você não se enxerga mais velho do que realmente é? O processo de envelhecimento é uma preocupação constante na sua vida e, por isso, você tem medo de investir em coisas novas e até de aceitar mudanças. Segundo Tiago Lupoli, ter uma idade emocional como esta pode resultar em limitações na sua vida social, profissional e afetivo-sexual. Por outro lado, você sabe como ninguém assumir responsabilidades e, muitas vezes, a forma como você abraça causas de forma segura e confiante surpreende as pessoas a sua volta. O profissional recomenda prestar atenção nos momentos em que novos desafios provocam medo: usar esta oportunidade para testar a si mesmo e ver como você agiria em situações inesperadas é uma maneira bem prática de experimentar a ousadia típica da juventude. Além disso, faça uma lista dos seus principais valores. Em seguida tente se lembrar de situações positivas e negativas envolvendo cada um deles. "Essa avaliação vai arejar a sua maneira de lidar com os problemas e abrir espaço para novas ideias", afirma o neuropsicólogo Alexandre Monteiro, do Centro de Neuropsicologia Aplicada à Terceira Idade (Centronati), no Rio de Janeiro.
Maturidade acima da média
Se você convive bem com pessoas mais velhas do que você, talvez você seja mais maduro do que aparenta. "Sua capacidade de planejamento, de criar novas estratégias de acordo com as situações que aparecem e de aceitar mudanças externas evidenciam sua maturidade", aponta Alexandre Monteiro. Por outro lado, de tempos em tempos, você se vê extremamente preocupado com o futuro, materializado em cada nova ruga, limitação física ou falha de memória. Respeitar o seu envelhecimento e lidar bem com as mudanças do tempo é seu maior desafio. Outra recomendação, agora do psicólogo Tiago, é tentar encarar o medo de se aventurar no desconhecido. Embora garanta sucesso em atividades que só dependem do seu próprio esforço, muitas vezes você fica inseguro em compartilhar uma tarefa com outras pessoas. Dê uma chance ao outro e aprenda com ele.
Juventude de espírito
Se envelhecer não é uma preocupação e você quer mesmo é curtir a vida enquanto pode, provavelmente você ainda é bem jovem mentalmente. Segundo o psicólogo Tiago, o espírito jovial é o mais propenso a aproveitar situações prazerosas, a investir no novo e a romper com limites e valores morais. Sua impulsividade é sempre superior ao medo de encarar novidades. Esse comportamento, entretanto, pode levar à falta de censura e a dificuldades sociais, atrapalhando o convívio no trabalho, as relações familiares e até a manutenção dos amigos ou de um relacionamento amorosos. O neuropsicólogo Alexandre Monteiro, do Centro de neuropsicologia aplicada à terceira idade (Centronati), no Rio de Janeiro também alerta para os cuidados com a saúde "Por acreditar demais na sua saúde mental, você pode negligenciar cuidados com o corpo físico", afirma. Resultado: você assume atividades que seu corpo não acompanha e corre riscos de saúde por causa disso. Não confunda ser jovem com imaturidade.
Corpo e mente em sintonia
Mas algumas pessoas simplesmente aceitam os anos que chegam e convivem bem com as características de cada fase. Se esse é seu caso, entender que o tempo passa foi seu maior aprendizado até hoje. Você não força situações para parecer mais jovem ou mais velho, mas não perde a oportunidade de aprender com cada experiência que aparece - seja uma tarde com as crianças ou uma reunião importante. Essa leveza e a facilidade em lidar com o novo ajudam você a tomar consciência dos seus limites físicos e emocionais, evitando situações constrangedoras para você mesmo e para os outros. Só tome cuidado para não se acomodar na posição de detentor da verdade, principalmente no campo afetivo. "O ideal é buscar o equilíbrio, tomando atitudes mais ousadias quando a avaliação de riscos indicar que vale a pena testar uma novidade ou assumindo uma postura mais conservadora nos casos em que as chances de erro ameaçam algo importante, de difícil reconstrução", afirma o psicólogo clínico Tiago Lupoli.