Em 1978, Lesley Brown deu a luz a Louise, a primeira criança gerada por Fertilização in vitro (FIV), popularmente conhecida como "bebê de proveta". Desde então, houve grande desenvolvimento desta técnica. No entanto, para o casal que tem indicação de realizá-la, fica sempre o medo de algo extremamente complexo, com resultados questionáveis e alto custo.Aqui, vamos explicar o que é a FIV e quais os principais mitos e verdades sobre ela!
Vamos seguir nossa breve história: Lesley Brown não conseguia engravidar, pois tinha uma obstrução das tubas. Neste caso, não é possível haver o encontro do óvulo com o espermatozoide. Vale a pena entender o motivo: após a liberação do óvulo da mulher, este é captado pela tuba, onde encontra o espermatozoide, que penetra no óvulo e forma o embrião. Este processo é chamado de fertilização. Após tudo isso é que o óvulo, agora fecundado, é transportado até o útero, onde se desenvolve.
Desta maneira, Lesley Brown, não poderia engravidar naturalmente. Optou-se então por coletar seu óvulo e realizar a fertilização com o espermatozoide no laboratório. Daí o nome fertilização in vitro: em um recipiente de vidro. O embrião formado (a Louise) foi então transferido para o útero da Lesley.
Atualmente, a FIV é indicada para casais com outros problemas além de alterações tubárias, como endometriose, alterações no sêmen (quantidade/qualidade dos espermatozoides), idade materna avançada e falha de tratamentos mais simples, como coito programado e inseminação intrauterina.
Saiba mais: Inseminação artificial: como funciona e preço do procedimento
Como é feita a Fertilização in vitro Antes de mais nada, é importante que o casal passe por uma investigação completa, incluindo exames de sangue, e inicie as medicações necessárias, como o ácido fólico, importante na gravidez. Resumidamente, os passos da FIV são:
1. Estimulação dos ovários com medicações. Este processo traz preocupações para o casal, pois envolve o uso de injeções e o risco de Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, classificada quando os ovários aumentam muito de tamanho (produzem muitos óvulos), gerando aumento de peso, inchaço e dor. No entanto, ressaltamos que as injeções são de fácil aplicação e causam desconforto mínimo. Além disso, usamos estas medicações com muito cuidado e em doses adequadas, o que reduz muito o risco de hiperestimulação ovariana.
2. Captação dos óvulos. Os óvulos são captados por via vaginal, através de uma punção com agulha. Este procedimento é rápido, com duração de 15 minutos em média, e é feito sob anestesia e sedação para evitar qualquer desconforto.
3. Fertilização dos óvulos com os espermatozoides. Atualmente, a principal técnica usada é a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), na qual o espermatozoide é inserido diretamente dentro do óvulo com uma agulha microscópica.
4. Cultura dos embriões. Os embriões são mantidos em incubadora, sob temperatura e mistura adequada de gases, por cerca de três a cinco dias.
5. Transferência dos embriões. A transferência dos embriões é realizada com um cateter bem delicado. Geralmente, este procedimento é indolor. A grande dúvida que surge neste momento é quantos embriões transferir e qual o risco de gêmeos. Em relação ao número, geralmente transferimos dois ou três embriões, sendo que sempre consideramos a idade e a qualidade dos embriões. Obviamente, o risco de que a gestação seja de gêmeos aumenta na FIV, e chega a ser 20% dos casos que engravidam.
Hoje, as taxas de sucesso na FIV são de 40% em média por tentativa. Os principais fatores que influenciam os resultados são a idade da mulher, a causa da infertilidade e a resposta do ovário ao estímulo realizado. Apesar de parecer baixa, devemos ter em mente que um casal sem problemas tem cerca de 20% de chance de engravidar por mês, ou seja, a FIV consegue atingir o dobro desta chance, por tentativa, para um casal com infertilidade. A chance de engravidar após três tentativas de FIV é de 80% em média.
FIV cada vez mais acessível
Historicamente, a FIV sempre foi um procedimento de alta complexidade, encontrada apenas em centros especializados. As medicações apresentam alto custo e as clínicas alto investimento. No entanto, com o maior acesso a tecnologia, alguns centros têm conseguido diminuir seus custos. Infelizmente, os convênios médicos não cobrem tratamentos para engravidar. Mas caso este seja o tratamento indicado, vale a pena pesquisar!
Saiba mais: Como a fertilização in vitro evita a gravidez de gêmeos