Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem residência em Clínica Médica pelo Hospital Mu...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Pé diabético é um dos problemas decorrentes do diabetes, e causa aproximadamente 55 mil amputações por ano no Brasil. Por mais que as pessoas o associem a problemas de circulação, não são apenas eles que podem causar úlceras nas extremidades do corpo.
O diabetes pode provocar a deterioração dos nervos periféricos, quadro chamado de neuropatia diabética, que faz com que a pessoa perca a sensibilidade nos pés.
"Outro problema é que o sistema imunológico de um diabético é menos eficaz do que o de uma pessoa sem a doença. Portanto, o menor machucado pode infeccionar e evoluir para um grave caso de gangrena", explica o endocrinologista Frederico Marchisotti, mestre em Endocrinologia pela USP e especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Segundo a endocrinologista Hermelinda Pedrosa, Coordenadora do Departamento de Pé Diabético da Sociedade Brasileira de Diabetes, o mais importante que é que as pessoas que têm diabetes e sofrem com neuropatia diabética saibam que é preciso ter alguns cuidados especiais com os pés, para evitar infecções, úlceras e até amputações.
"O primeiro cuidado, que não fica restrito aos pacientes com neuropatia diabética, é manter os níveis de açúcar no sangue sob controle", alerta. Confira sete outros cuidados, indicados por endocrinologistas.
Exames frequentes
Muitas pessoas que têm pé diabético não se preocupam em realizar exames nos pés anualmente. A endocrinologista Hermelinda Pedrosa alerta que esse é o principal erro de quem quer evitar o problema. "Assim como exames em olhos, rins e coração, os pacientes com diabetes precisam realizar exames para os pés pelo menos a cada seis meses", explica.
Segundo a especialista, os exames não precisam ser complicados e o próprio endocrinologista ou clínico pode fazê-los para detectar qualquer ferida que possa se transformar em uma úlcera.
Não deixe o pé parado
Fazer movimentos circulares com os pés a cada 15 minutos ajuda a manter uma boa circulação sanguínea nos membros inferiores, melhorando a oxigenação dessa área do corpo. Mesmo que isso não previna a neuropatia diabética, diminui as chances de isquemia e trombose, dois problemas que são comumente associados ao pé diabético.
Água na temperatura certa
A temperatura da água durante o banho, principalmente em banheiras, não deve passar dos 35°C, já que temperaturas mais altas podem causar leves queimaduras que, no caso de pessoas com diabetes, podem favorecer o aparecimento de úlceras nos pés.
Não é preciso andar com um termômetro, mas é preciso medir a temperatura com outra parte do corpo, como o cotovelo ou as mãos. A água muito fria também não é indicada, já que diminui ainda mais a circulação, podendo causar desconforto nas extremidades do corpo de quem tem diabetes.
Calçados adequados
Outro passo importante para evitar problemas envolvendo machucados nos pés é escolher calçados adequados. "Usar calçados que deixem o pé sem respirar nunca é bom, mas é ainda mais perigoso para as pessoas com diabetes", explica o endocrinologista Frederico Marchisotti, especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Sapatos que causem um desbalanceamento nos pés também não são indicados, já que a concentração de muito peso em poucos lugares dos pés de forma constante pode causar úlceras de pressão.
Andar sempre de sandálias e chinelos, mesmo que causa arejamento nos pés, não é indicado, já que esse tipo de calçado não protege os dedos de impactos e machucados. Frederico conta que, em geral, a primeira parte afetada são os dedos. "Por isso, calçados que protegem essa área são mais indicados e é fundamental observar constantemente se os dedos estão com machucados", alerta.
Evite andar descalço
Pacientes com diabetes devem evitar ao máximo andar totalmente descalços, mesmo quando estão em casa. "Ter sempre um calçado por perto, principalmente ao lado da cama e na porta do banheiro, protege os pés de arranhões, topadas e outras lesões que poderiam levar à formação de uma úlcera", diz a endocrinologista Hermelinda.
Não colocar os pés de molho
O famoso escalda pés não é indicado para pessoas que tem pé diabético. "Esse hábito deixa a pele bastante frágil e quebradiça, facilitando as infecções causadas por fungos, como frieiras e micoses, que podem virar lesões mais sérias", diz Hermelinda Pedrosa.
Não secar bem os pés, principalmente entre os dedos, também é um mau hábito que aumenta as chances da proliferação de fungos.
Cuidados ao cortar as unhas
"Mesmo que as úlceras possam se manifestar também na sola e nas laterais dos pés, os dedos são a parte que mais corre risco e, por isso, os cuidados ao cortar as unhas é fundamental", explica a endocrinologista Hermelinda Pedrosa.
Segundo a especialista, o principal cuidado é não cortar os cantos das unhas de maneira arredondada. Esse hábito muito comum aumenta as chances de que a unha encrave, problema que pode progredir para uma úlcera. Também é importante lixar as unhas com cuidado, para que elas não arranhem os dedos quando começarem a crescer.
Além disso, em muitos casos, é aconselhado que o paciente não corte as próprias unhas, deixando essa tarefa para um enfermeiro ou podólogo especializado em pés diabéticos. "Quem deve dar esse tipo de conselho é o médico da pessoa", diz o especialista Frederico Marchisotti.