Médica Endocrinologista especialista em Metabologia e Diretora do Departamento de Diabetes da Sociedade Brasileira de En...
iRedatora especialista em família e bem-estar, com colaboração para as editorias de beleza e alimentação.
O que é Pé diabético?
O pé diabético é uma complicação do diabetes mellitus e ocorre quando a região passa a desenvolver problemas de circulação e infecções, provocando feridas que não cicatrizam, podendo evoluir para úlcera (ferida) e gangrena (morte do tecido corporal).
O aparecimento de úlcera geralmente ocorre quando a circulação sanguínea é deficiente e os níveis de glicemia são mal controlados. Feridas não detectadas ou não tratadas podem gangrenar e levar à amputação. Qualquer ferimento nos pés deve ser tratado rapidamente para evitar complicações que possam levar à amputação do membro afetado.
Sinais
Sintomas de pé diabético
Para pessoas com diabetes, alguns problemas comuns podem causar infecções e complicações graves, como a amputação. Os sinais de neuropatia diabética (complicação do diabetes, que afeta os nervos periféricos) nos pés podem incluir:
- Perda da sensibilidade ou da capacidade de sentir calor ou frio nos pés
- Rachaduras nos pés, pele ressecada, unhas amareladas ou encravadas
- Pele escurecida e mudanças na cor da pele
- Feridas abertas nos pés mal cicatrizadas
- Mudanças na temperatura da pele
- Mudança na forma dos pés
- Inchaço no pé ou tornozelo
- Dor e formigamento.
Caso a neuropatia diabética leve a úlceras nos pés diabéticos, será possível observar sintomas como: vermelhidão, dor, descoloração da pele, odor ruim, cortes ou feridas.
Fatores de risco
Alguns pacientes com diabetes têm uma tendência maior a desenvolver problemas nos pés. No entanto, os níveis elevados de glicose e de hemoglobina glicada no sangue - por um longo período - podem indicar o mal controle da doença e causar complicações graves, como doença vascular periférica e neuropatia diabética.
- Doença vascular periférica: um dos aspectos do diabetes é a alteração do fluxo sanguíneo, o que leva, consequentemente, ao aumento do tempo de cicatrização de cortes e feridas. Essa alteração pode afetar os braços e as pernas. Por causa desse fluxo sanguíneo insuficiente, feridas e infecções que não cicatrizam podem virar úlceras e, em caso mais grave, gangrenar, causando a morte do tecido afetado
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Neuropatia diabética: a neuropatia diabética é a danificação dos nervos e pode atingir inclusive as pernas e os pés. Quando o nervo é danificado, pode levar à perda da sensibilidade sensorial da região, bem como ao mau funcionamento dos músculos. Essa perda sensorial é grave quando, por exemplo, a pessoa diabética não sente um corte ou uma ferida e o quadro pode evoluir para uma infecção
- Falta de cuidados: a falta de cuidados com os pés também ocasiona problemas. É importante que o diabético tenha muita atenção ao cortar as unhas dos pés, mantenha-os aquecidos e protegidos sempre, além de escolher sapatos confortáveis
Saiba mais: Diabetes tipo 1 e 2: você sabe qual é a diferença?
Tratamento
Tratamento para pé diabético
O tratamento para o pé diabético depende do quadro de cada paciente. Para isso, o médico precisará examinar a região para detectar quaisquer sinais de infecção, como vermelhidão, secreção, inchaço, calor e mudança de cor.
- Tratamento da úlcera: o médico pode recomendar a limpeza da ferida, bem como a drenagem de qualquer fluido ou pus e a remoção do tecido morto ou infectado. Além disso, poderá ser prescrito o uso de pomadas, ataduras e antibióticos orais ou intravenosos para controlar e combater a infecção
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Amputação: a amputação geralmente é recomendada em casos graves de úlceras e gangrena. Nesses casos, a hospitalização e a cirurgia são necessárias para impedir que a infecção se espalhe para outras partes do corpo
Prevenção
Como prevenir pé diabético?
Os pés devem ser inspecionados diariamente à procura de pequenas feridas, bolhas, áreas avermelhadas, alterações nas unhas, proeminências ósseas e mudanças na forma dos pés.
A inspeção deve necessariamente incluir a planta dos pés. Para realizar essa inspeção muitas vezes será necessário utilizar um espelho. Nos casos em que exista problema de visão é importante contar com a ajuda de outra pessoa.
Saiba mais: Diabetes: o que é, tipos, sintomas, remédios e se tem cura
Convivendo (Prognóstico)
7 dicas para cuidar do pé diabético
A maioria das pessoas com diabetes pode prevenir complicações graves nos pés. Confira os cuidados regulares que o paciente deve ter em casa e a importância de ir em todas as consultas médicas:
1. Faça exames frequentemente
Muitas pessoas que têm pé diabético não se preocupam em realizar exames nos pés anualmente. Assim como exames em olhos, rins e coração, os pacientes com diabetes precisam realizar exames para os pés pelo menos a cada seis meses.
2 Não deixe o pé parado
Fazer movimentos circulares com os pés a cada 15 minutos ajuda a manter uma boa circulação sanguínea nos membros inferiores, melhorando a oxigenação dessa área do corpo. Mesmo que isso não previna a neuropatia diabética, diminui as chances de isquemia e trombose, dois problemas que são comumente associados ao pé diabético.
3. Cuidado com a temperatura da água
A temperatura da água durante o banho, principalmente em banheiras, não deve passar dos 35°C. Temperaturas altas podem causar leves queimaduras que, no caso de pessoas diabéticas, favorece o aparecimento de úlceras nos pés. Não é necessário o uso de um termômetro, mas é preciso medir a temperatura com outra parte do corpo, como o cotovelo ou as mãos. A água muito fria também não é indicada, já que diminui ainda mais a circulação, podendo causar desconforto nas extremidades do corpo de quem tem diabetes.
4. Calçados adequados
Usar calçados que deixem o pé sem respirar nunca é bom, mas é ainda mais perigoso para as pessoas com diabetes. Sapatos que causam um desbalanceamento nos pés também não são indicados, já que a concentração de muito peso em poucos lugares dos pés de forma constante pode causar úlceras de pressão.
Também não é indicado o uso constante de sandálias e chinelos uma vez que - mesmo arejando os pés -, os calçados não oferecem proteção aos dedos contra impactos e lesões.
Andar sempre de sandálias e chinelos, mesmo que causa arejamento nos pés, não é indicado, já que esse tipo de calçado não protege os dedos de impactos e machucados. Em geral, a primeira parte afetada são os dedos. Por isso, calçados que protegem essa área são mais indicados e é fundamental observar constantemente se os dedos estão com machucados.
5. Evite andar descalço
Pacientes com diabetes devem evitar ao máximo andar totalmente descalços, mesmo quando estão em casa. Ter sempre um calçado por perto, principalmente ao lado da cama e na porta do banheiro, protege os pés de arranhões, topadas e outras lesões que poderiam levar à formação de uma úlcera.
Saiba mais: Gangrena: o que é, causas e sintomas
6. Não deixe os pés de molho
O famoso escalda pés não é indicado para pessoas que têm pé diabético. Esse hábito deixa a pele bastante frágil e quebradiça, facilitando as infecções causadas por fungos, como frieiras e micoses, que podem virar lesões mais sérias. Além disso, não secar bem os pés, principalmente entre os dedos, também é um mau hábito que aumenta as chances de proliferação de fungos.
7. Cuidado ao cortar as unhas
No caso do pé diabético, os dedos correm mais risco de desenvolver úlceras, assim, o cuidado ao cortar as unhas é fundamental. O principal cuidado é não cortar os cantos das unhas de maneira arredondada. Esse tipo de corte aumenta as chances de que a unha encrave e o problema pode progredir para uma úlcera.
Lixe as unhas com cuidado para que elas não arranhem os dedos quando começarem a crescer. Além disso, o indicado é que o paciente não corte as próprias unhas, deixando essa tarefa para um enfermeiro ou podólogo especializado em pés diabéticos.
Referências
Ministério da Saúde: órgão de saúde do Governo Federal Brasileiro
João Paulo Junior (CRM 97736), médico especialista em Cirurgia Vascular e Angiologia.