Dermatologista da Universidade Federal de Brasília.
Redatora focada na produção de conteúdos sobre saúde, alimentação e beleza.
Quem busca cabelos saudáveis costuma ficar sempre atento ao lançamento de novos produtos e tratamentos para cabelos e, em geral, culpa a mercadoria quando não testemunha grandes mudanças. Mas aquela caspa que não vai embora ou a persistente oleosidade podem ser, na verdade, sintomas de diversos problemas relacionados à saúde e à dieta.
"Pequenas deficiências nutricionais, hormonais ou imunológicas podem afetar a qualidade dos fios", alerta a dermatologista Cristiane Dal Magro. Por isso, o Minha Vida conversou com especialistas para desvendar o que o seu cabelo pode estar querendo dizer quando apresenta alguns problemas:
Caspa seca
"Uma das manifestações da dermatite seborreica, a caspa é uma doença inflamatória associada ao excesso de produção de oleosidade e à descamação das células do couro cabeludo", explica a dermatologista Cristiane Dal Magro.
Segundo a profissional, algumas pessoas já nascem com predisposição genética a ter caspa, mas dietas ricas em carboidratos, alimentos condimentados e álcool podem agravar o problema. Além disso, distúrbios hormonais e problemas emocionais também podem desencadear crises desse tipo de descamação.
Por isso, é comum sua ocorrência durante a gestação e depois dela - devido a mudanças hormonais que geram alterações no pH do couro cabeludo - e em períodos de muito estresse e ansiedade.
Como tratar: em graus mais leves, xampus anticaspa podem ser efetivos, mas para casos mais avançados, recomenda-se fazer uma consulta com um dermatologista que poderá receitar medicamentos de uso oral e local.
Caspa oleosa
Caracterizada por escamas amareladas aderentes ao couro cabeludo e espessas, difíceis de ser destacada, a caspa oleosa é mais comum em crianças e adolescentes. Assim como a caspa seca, ela também tem fundo genético e é agravada pela produção exagerada de seborreia.
Parkinson, síndrome de Down e o vírus HIV são alguns exemplos de agravantes da caspa", aponta a dermatologista Jackeline Mota, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Se for um quadro persistente e de difícil tratamento, é preciso que um médico investigue problemas de imunidade na pessoa. Essa dermatite seborreica também pode se manifestar fora do couro cabeludo em áreas de grande produção de oleosidade como a face, as orelhas e a parte superior das costas. Elas aparecem como manchas avermelhadas e descamativas e são comumente confundidas com o ressecamento da pele.
Como tratar: o ideal é buscar auxílio profissional para realização de tratamento que estimule a queda das crostas e para prescrição de medicamentos anti-inflamatórios.
Calvície
"Perdemos de 50 a 100 fios de cabelo diariamente e todos eles são repostos gradualmente de acordo com o ciclo de crescimento capilar de cada indivíduo", afirma Cristiane Dal Magro.
Algumas pessoas, entretanto, começam a apresentar um aumento dessa queda ou um rareamento dos fios, evidenciado por falhas no couro cabeludo ou diminuição do volume. Se o problema for genético, então você está diante de um quadro de calvície. Mesmo assim, há alguns fatores agravantes do problema.
Pessoas com anemia, por exemplo, podem apresentar queda de cabelo devido à deficiência de ferro no organismo, uma vez que há diminuição de glóbulos vermelhos, responsáveis por levar oxigênio e nutrientes aos bulbos capilares. Além disso, uma dieta pobre em proteínas e distúrbios na tireoide podem agravar a queda.
Como tratar: o tratamento deve ser feito com um especialista para estimular o folículo capilar, prevenir a queda e identificar possíveis agravantes.
Queda de cabelo
"Diferente da calvície, a queda de cabelo pode ter como principais causas o estresse, a má alimentação, o hipotireoidismo e até o uso de determinados medicamentos", explica a dermatologista Jackeline Mota. Ela pode ainda ser uma etapa do processo decalvície.
O problema também é comum entre o quarto e quinto mês após o parto, pois o organismo interpreta a queda brusca de níveis hormonais como estresse metabólico, alterando o ciclo capilar. O fenômeno também pode acontecer após a suspensão do uso de anticoncepcionais.
Como tratar: o tratamento varia em função do problema, portanto, é fundamental consultar um especialista logo que a queda excessiva for percebida.
Cabelo seco e quebradiço
Embora ignorado por muitas pessoas, o cabelo seco e quebradiço não tratado pode evoluir, causando a perda gradual do volume de cabelos. O problema pode ser causado por doenças da tireóide, pelo uso de alguns medicamentos e por dietas pouco saudáveis e com baixo teor de proteínas.
"Entretanto, as causas mais comuns são tratamentos químicos, como alisamentos e tingimentos", aponta a dermatologista Cristiane.
Algumas pessoas apresentam predisposição genética para ter o problema e, assim, já nascem com os cabelos secos e quebradiços. Além disso, com o envelhecimento, a tendência é de que os fios percam um pouco da qualidade.
Como tratar: realizar tratamentos de hidratação, como à base de queratina, ajuda a amenizar o problema.
Cabelos brancos
"Denominado canície, o fenômeno da perda de cor dos cabelos é um processo fisiológico natural relacionado à evolução da idade", explica Cristiane Dal Magro. Não há uma data certa para que o processo ocorra, mas, em geral, cada família costuma apresentar um padrão. Em alguns indivíduos, ele aparece de maneira precoce, o que é determinado por sua constituição genética.
Já o aparecimento de mechas brancas em crianças ou jovens pode indicar problemas mais sérios, como vitiligo que atinge o couro cabeludo, doenças genéticas ou deficiência de vitamina B12, evidenciada logo na infância.
Como tratar: a melhor solução é tingir os cabelos. Já aqueles que costumam arrancar fios de cabelo, lembre-se de que, dependendo de como eles são arrancados, é possível machucar o couro cabeludo.
Oleosidade
A oleosidade do cabelo depende da herança genética de cada indivíduo, de sua dieta e dos seus hábitos diários. "Quem costuma usar secador de cabelo todos os dias ou ainda tomar banho com a água muito quente, por exemplo, agrava o problema", explica Jackeline Mota.
Outros problemas que podem estimular a oleosidade são distúrbios hormonais, ovário micropolicístico e até tumor na hipófise, que pode estar aumentando a ação do hormônio masculino no corpo. O hiper ou o hipotireoidismo também influenciam a produção de sebo.
Como tratar: escolha um xampu apropriado para o seu cabelo com o auxílio de um profissional, evite banhos quentes e deixe seus cabelos longe do secador por alguns dias.