Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) com residência em Ginecologia e Obstetrícia pelo H...
iApesar de o nome parecer moderno, a inseminação artificial (também conhecida como inseminação intrauterina) já é utilizada há mais de 200 anos como tratamento para casais inférteis. No final do século XVIII, um cirurgião britânico orientou um homem com hipospádia (malformação da uretra que pode dificultar a ejaculação adequada) a colher o sêmen para depois introduzi-lo na vagina da esposa com uma seringa. Para a surpresa do casal, essa medida funcionou!
Naturalmente, as técnicas evoluíram e hoje em dia o sêmen é injetado diretamente dentro do útero após ser processado em laboratório. Em meados do século XX, os métodos de congelamento de espermatozoides se aprimoraram, o que permitiu a formação de bancos de sêmen. Assim, atualmente a inseminação intrauterina pode ser feita com espermatozoides do próprio marido ou de um doador anônimo.
A ideia é simples: possibilitar que os espermatozoides cheguem com facilidade às tubas uterinas para que ocorra a fertilização dos óvulos no momento programado. Assim, é fundamental que as tubas não tenham obstruções e que o sêmen seja desprovido de alterações graves. É um tratamento intermediário em Reprodução Humana, sendo mais barato e menos invasivo que outras tecnologias como a fertilização in vitro, tornando-se muito interessante quando indicado corretamente.
Quando o casal infértil é candidato à inseminação intrauterina?
Essa pergunta ainda é muito comum. Muitos casais não sabem se realmente precisam recorrer à inseminação intrauterina. É importante deixar claro, que as principais indicações são:
- disfunção ejaculatória, incluindo impotência, dificultando a chegada dos espermatozoides às tubas;
- alterações leves ou moderadas do sêmen (fator masculino): espermatozoides lentos e pouco móveis não atingem as tubas para fertilizar os óvulos;
- endometriose leve- alterações das características do colo uterino, que não permitem a progressão natural dos espermatozoides para a cavidade uterina;
- quando não se identifica uma causa clara para a infertilidade.
Quais são as etapas da inseminação artificial?
Inicialmente, o casal deve passar por uma avaliação composta pelo exame clínico, exames laboratoriais e de imagem, incluindo histerossalpingografia e ultrassonografia. Segue-se então:
1. Estimulação ovariana: a mulher deve utilizar medicamentos via oral, injeções subcutâneas ou a combinação dos dois, com o objetivo de produzir folículos ovarianos que contenham os óvulos a serem fertilizados. Antigamente, os ciclos de inseminação artificial não tinham essa etapa: esperava-se a mulher produzir seus folículos espontaneamente. Porém, o método atual obtém maiores taxas de gravidez.
2. Indução da ovulação: no momento em que o médico julgar que os folículos estão bem desenvolvidos, administra-se uma medicação para programar e induzir a ovulação, passo crucial para o sucesso do tratamento. O parceiro deve ficar em abstinência nesta etapa.
3. Preparo do sêmen e inseminação intrauterina: no dia do procedimento final, coleta-se o sêmen algumas horas antes, que é enviado ao laboratório para processamento. Retira-se do esperma agentes inflamatórios e diversas substâncias que podem dificultar a fertilização. A paciente é colocada em posição ginecológica e o médico transfere o concentrado de espermatozoides (menos de 1 mL) através de uma fina cânula para a cavidade endometrial. O procedimento é rápido, durando alguns minutos. Ao final, a mulher deve ficar em repouso por cerca de 15 minutos.
No geral, as taxas de gravidez por tentativa variam de 5 a 20%, dependendo de fatores como idade materna, tempo de infertilidade, entre outros. Cerca de 10% das gestações acabam dando a luz a gêmeos.
Quando bem indicada, a inseminação intrauterina pode beneficiar alguns casais selecionados, realizando o maravilhoso sonho de ter um filho, com menores custos e procedimentos mais naturais.
Saiba mais: Inseminação artificial: como funciona a fertilização