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Um estudo feito no Centro da Doença de Alzheimer, na Universidade de Kansas (EUA), sugere que pessoas com baixa massa muscular têm mais chances de sofrer Alzheimer. A análise, publicada na revista Neurology, incluiu 506 pessoas divididas em três grupos: pessoas com problemas de memória, pessoas com deficiência mental leve e pessoas com doença de Alzheimer.
Foram feitas tomografias em cada participante para que fosse possível analisar as imagens cerebrais e perceber quais indicadores estavam associados à doença de Alzheimer. As imagens revelaram que 85% das pessoas com deficiência mental leve, que tinham peso normal ou estavam abaixo do peso ideal, mostraram as chamadas placas beta-amiloide, que são uma característica chave para identificar a doença de Alzheimer.
Entre as pessoas com comprometimento leve que estavam acima do peso, apenas 48% mostraram sinais das placas. Não ficou claro, entretanto, se as pessoas abaixo do peso no estudo tinham perdido peso durante a meia idade ou se o seu peso era estável.
De acordo com os pesquisadores, esses resultados são importantes, pois sempre houve um paradoxo envolvendo a obesidade na meia-idade como um fator de risco para desenvolver a doença de Alzheimer, ao mesmo tempo em que pessoas com demência têm mais probabilidade de ficar abaixo do peso.
Para os estudiosos, o reconhecimento de que essas pessoas têm IMC (Índice de Massa Corporal) muito baixo antes de desenvolver sintomas relacionados à doença de Alzheimer sugerem que o baixo peso pode ser um sinal precoce desta doença.
Não confunda o Mal de Alzheimer com outras doenças
Denominar um idoso como esclerosado é um dos maiores equívocos que rondam a Doença de Alzheimer no Brasil. Quem faz o alerta é o neurologista Antonio Cezar Galvão, do Hospital 9 de Julho. "Para muitos leigos, qualquer tipo de demência que costuma acometer os idosos é chamada de esclerose", completa.
Segundo o especialista, o termo esclerosado é absolutamente inadequado e vem dos tempos em que ainda se acreditava que a arteriosclerose, espessamento e endurecimento da parede arterial, era a causa de todos os problemas relacionados à demência. "Hoje, sabemos que a DA não tem absolutamente nenhuma relação com a circulação cerebral e arteriosclerose. Trata-se de uma doença degenerativa, que envolve componentes ambientais e genéticos e cujo mecanismo desencadeante ainda é desconhecido".
Outro erro comum, este que cerca a classe médica não especializada, é catalogar quaisquer outras demências apresentadas por idosos como Mal de Alzheimer. "O diagnóstico diferencial de demência pode ser complexo. Ele exige necessariamente a avaliação de um neurologista", orienta Galvão.
Entre as causas de demência comumente confundidas com a Doença de Alzheimer, o neurologista do Hospital 9 de Julho lista a hidrocefalia de pressão normal, a carência de vitamina B12 e o hipotireoidismo todas, de acordo com ele, perfeitamente tratáveis. Outros exemplos são o hematoma subdural crônico, o neurossífilis e a Doença de Creutzfeldt-Jacob.
No entanto, Galvão afirma que as demências mais comuns realmente são a demência vascular, causada por problemas circulatórios no cérebro, e a Doença de Alzheimer. "Juntas, elas correspondem a quase 80% dos casos de demência. Às vezes, os pacientes podem sofrer de ambos os problemas. Estes quadros são chamados de demência mista", fala sobre mais uma possibilidade.
É importante frisar que indivíduos idosos quase sempre apresentam de leve a moderada redução da capacidade de memória recente, quando comparados às pessoas mais jovens. "O fato é denominado de Senescência Benigna da Memória (SBM) e não deve ser confundido em hipótese alguma com a Doença de Alzheimer", reforça o especialista do Hospital 9 de Julho.
"A depressão é outro mal bastante comum na terceira idade. Ela pode afetar a atenção e, a partir disso, a memória recente. Porém, é mais uma condição perfeitamente tratável", diferencia o médico.
Na dúvida sobre o grau de comprometimento da memória recente de um idoso, os testes neuropsicológicos entram em cena. Galvão informa que o aparecimento de outros déficits cognitivos, como alterações da linguagem, perda da habilidade de atos motores planejados e complexos, já tem um significado patológico. "Ou seja, é sinal de que existe uma doença específica, e não o envelhecimento cerebral normal".
O neurologista ressalta que é papel do médico determinar a significância da perda de memória e diferenciar todas as condições apresentadas pelo paciente. "O problema é que, em certos idosos, a redução da memória recente é mais acentuada, sem se evidenciar outros déficits cognitivos para se catalogar de demência", aponta.
Ainda de acordo com o especialista, a diminuição da memória recente acentuada leva o nome de Déficit ou Comprometimento Cognitivo Leve (DCL). "Estas pessoas têm um risco maior para o desenvolvimento da Doença de Alzheimer, com o passar dos anos", alerta. "Tais pacientes devem ser identificados precocemente para seguimento e aconselhamento médico. Alguns neurologistas recomendam tratamento com anticolinesterásicos. No futuro, estes pacientes serão candidatos ao tratamento com drogas preventivas, quando elas forem desenvolvidas", completa.
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