Médica ginecologista especialista em Endoscopia Ginecológica titulada pela FEBRASGO, também professora de Yoga...
iMais de 11 mil mulheres norte-americanas desenvolvem câncer do colo do útero (câncer cervical) todos os anos. O câncer cervical é uma condição tratável e há uma boa chance de cura se for detectado e tratado nos estágios iniciais ou pré-cancerosos.
Muitas mulheres com câncer cervical estão em seus anos reprodutivos e é função do especialista informar sobre as formas de preservar sua fertilidade durante o tratamento desse tipo de câncer. As circunstâncias variam e a decisão sobre seguir ou não o tratamento varia de mulher para mulher.
Opções para a preservação da fertilidade são normalmente limitadas a mulheres em estágio bem inicial da doença. Fatores como tamanho do tumor, tipo de célula do tumor, invasão do espaço linfático e metástases linfáticas também podem afetar a capacidade de receber tratamentos de preservação da fertilidade.
Alternativas para o tratamento de câncer em estágio inicial cervical incluem biópsia em cone, histerectomia e radioterapia, além de quimioterapia. Futuras gestações não são possíveis após a histerectomia ou radioterapia. Algumas mulheres com câncer cervical em fase inicial, que não se espalhou para outros órgãos ou linfonodos e que desejam engravidar futuramente, podem realizar formas menos agressivas de tratamento.
Tratamentos que permitem que uma mulher engravide posteriormente incluem: conização, "biópsia grande" do colo do útero e traquelectomia radical, remoção do colo do útero e tecidos circundantes, mas não o útero e remoção dos gânglios linfáticos na pélvis.
Conização cervical
A conização do colo do útero é a remoção cirúrgica de uma porção em forma de cone do colo do útero pela vagina, incluindo a área cancerosa. É uma opção aceitável apenas para os primeiros estágios do câncer cervical.
Ela é normalmente realizada na sala de cirurgia depois que a mulher recebe anestesia. A maioria das mulheres pode ir para casa no mesmo dia.
Após a conização, a maioria dos oncologistas ginecológicos recomenda que a mulher evite relações sexuais e evite nadar por algumas semanas, pois essas atividades poderiam interferir no processo de cicatrização. Algum sangramento é esperado, mas se for intenso ou persistir por mais de uma semana, a mulher deverá informar seu médico.
Após conização, acompanhamento com exames é recomendado para garantir que não qualquer evidência do câncer cervical.
Traquelectomia radical
Traquelectomia Radical é definida como a remoção cirúrgica parcial ou completa do colo do útero e do paramétrio (tecidos conjuntivos ao lado do útero e colo do útero). Ela remove muito mais do colo do útero em comparação com a conização cervical e também envolve a remoção de gânglios linfáticos na pélvis.
O procedimento é realizado na sala de cirurgia depois que a mulher recebe anestesia e pode ser feito através da vagina ou através de uma incisão no abdômen, dependendo da preferência do cirurgião. Mais recentemente, alguns cirurgiões têm realizado o procedimento usando a abordagem cirúrgica laparoscópica. O colo do útero e porção superior da vagina pode ser total ou parcialmente removido, dependendo do tamanho e profundidade do câncer.
Necessidade de tratamento adicional
Uma cirurgia adicional pode ser necessária se células cancerosas ou anormais forem encontradas nas margens da área cirurgicamente removida durante a conização ou traquelectomia. Para a mulher que havia feito conização, isso pode significar uma segunda conização, traquelectomia radical ou histerectomia. Já para a mulher que havia feito traquelectomia radical, isto normalmente significa uma histerectomia radical. Quimioirradiações adicionais podem ser necessárias se forem identificadas as células cancerosas nos gânglios linfáticos ou se a traquelectomia se apresentar arrsicada.
Gravidez após tratamento
A maioria das mulheres é aconselhada a esperar de seis a 12 meses após a conização ou traquelectomia antes de tentar engravidar para permitir que o tecido cicatrize completamente. Mesmo que uma mulher espere para tentar a gravidez, há um risco de complicações na gravidez e/ ou de infertilidade após o tratamento do câncer cervical.
Infertilidade
Existe um risco aumentado de dificuldade de engravidar se o colo do útero reduz seu tamanho devido às cicatrizes, como um resultado da conização ou da traquelectomia radical. Isso poderia impedir o esperma de entrar no útero. Isto normalmente pode ser superado com um tratamento de infertilidade, tais como a inseminação intra-uterina (IIU), após tentativas de dilatar a abertura cervical. Com IIU, um pequeno cateter é usado para colocar o esperma diretamente no útero.
Insuficiência cervical
Ocorre quando o colo do útero abre ou dilata antes dos nove meses de gestação. Isso pode levar a parto prematuro ou ao aborto espontâneo. Mulheres que tiveram conização cervical ou traquelectomia radical podem ter risco aumentado de insuficiência cervical.
Por estas razões, as mulheres que se submetem a tratamento para câncer cervical são seguidas de perto durante a gravidez. Isso geralmente envolve um acompanhamento regular do comprimento e abertura (dilatação) do colo do útero através do exame ginecológico e ultrassonografia com medidas do colo.
Opções de gravidez após uma histerectomia radical ou radioterapia
Normalmente, não é possível engravidar ou levar uma gravidez após o tratamento de histerectomia radical e/ou quimiorradioterapia. No entanto, os avanços na tecnologia de reprodução assistida podem oferecer uma maneira para que as mulheres tenham um filho biologicamente relacionado após esse tipo de tratamento.
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Criopreservação de embriões é uma técnica que está disponível há muitos anos para a preservação da fertilidade. Ela exige que a cirurgia radical - quimioterapia ou radioterapia - seja adiada por várias semanas e que um parceiro ou esperma de um doador esteja disponível. Assim, não pode ser uma opção para todas as mulheres. Para usar criopreservação de embriões, uma mulher deve usar medicamentos de fertilidade e passar por um procedimento cirúrgico para a colheita de óvulos. Em seguida, eles são combinados com um parceiro ou doador de esperma para criar um embrião. O embrião é, então, congelado para uso em um momento posterior.
Outras técnicas de reprodução que estão atualmente começando a ser experimentadas incluem criopreservação de óvulos (congelamento do ovo antes que seja fertilizado pelo espermatozóide) e criopreservação ovariana (congelamento do ovário).
Desde que o útero tenha sido removido ou danificado por tratamento de câncer, todas estas técnicas, incluindo a criopreservação de embriões, exigiriam uma "barriga de aluguel" para levar a gravidez.