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Pesquisadores da University of Liverpool, no Reino Unido, descobriram que a força das contrações uterinas em grávidas com diabetes é significantemente mais fraca que a de mulheres sem a doença, o que aumenta o risco de parto cesárea de emergência.
Para chegar à conclusão, os cientistas estudaram mais de 100 biópsias do útero de grávidas com e sem diabetes. A equipe olhou para possíveis mudanças na quantidade de cálcio entre as células dos músculos - um componente essencial para as contrações uterinas. Os níveis de cálcio no útero precisam aumentar para permitir que o músculo se contraia efetivamente.
Os pesquisadores descobriram, no entanto, que mulheres com diabetes têm esses níveis de cálcio significantemente reduzidos. Os canais da membrana celular que permitem que o cálcio entre nas células eram mais estreitos. Junto a isso, essas pacientes mostraram massa muscular reduzida. Todos esses fatores podem ser o motivo pelo qual o útero não contrai com a força que deveria nas mulheres portadoras dessa doença crônica.
A pele do útero de mulheres com diabetes também não conseguiu atingir os mesmos níveis de contração daquelas que não possuem a doença. O teste foi feito com a estimulação da droga ocitocina, usada com frequência para tratar mulheres com dificuldades no parto.
Os resultados indicam o motivo de tantas grávidas com diabetes terem de enfrentar uma cesariana de emergência. Os próximos passos da pesquisa consistem em descobrir maneiras de diminuir o risco do parto entre essas mulheres, que incluem infecções e hemorragia.
Diabetes na gravidez prejudica a saúde da mãe e do bebê
Há mulheres que nunca tiveram problemas de glicemia na vida e, no entanto, acabam desenvolvendo o chamado diabetes gestacional, quadro bastante comum e que varia conforme a etnia. A gravidez é um estado diabetogênico, diz o endocrinologista João Roberto de Sá, da Universidade Federal de São Paulo. Isso porque os hormônios produzidos pela placenta, essenciais ao desenvolvimento do bebê, inibem a liberação e o funcionamento da insulina. Está formado o cenário para o problema se instalar.
A doença na gravidez surge normalmente lá pela vigésima semana, justamente quando os hormônios estão a todo vapor. É nesse período que se recomenda o exame para rastrear o mal. Alguns fatores parecem aumentar as chances de ter o problema: ganho de peso excessivo durante a gestação, histórico familiar da doença, bebês muito grandes, pré-eclâmpsia ou hipertensão durante a gravidez, mães com mais de 25 anos. O quadro pode trazer complicações para mãe e filho se não for tratado corretamente. O açúcar em excesso na circulação da mãe faz o bebê engordar muito. Ao nascer, ele pode ter problemas respiratórios, hipoglicemia e deficiência de cálcio. Fora isso, aumentam as chances de ele se tornar uma criança obesa e de desenvolver diabetes no futuro.
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O tratamento dessas pacientes inclui dieta adequada e exercícios. Normalmente, essas medidas resolvem a vida de boa parte das futuras mamães. Outras vão precisar partir para a insulina. Em 85% a 90% dos casos a doença desaparece depois do parto. Mas, atenção: essas mulheres têm muito mais chances de desenvolver o problema no futuro, se não redobrarem os cuidados preventivos. Isso porque a resistência à insulina e a capacidade limitada de produzir o hormônio se mantém. Elas são as causas do diabetes e pioram na presença dos fatores de risco como obesidade e sedentarismo, completa o endocrinologista Bruno Geloneze, da Sociedade Brasileira de Diabetes.