Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Milhares de pessoas tomam uma aspirina infantil todos os dias para prevenir ataques do coração e derrames, ou ainda para diminuir o risco de desenvolver um câncer. Uma nova pesquisa, entretanto, mostra que esse medicamento pode não ser tão seguro, dado que seu uso contínuo pode trazer mais problemas do que benefícios. O estudo foi feito por pesquisadores de Londres e publicado na versão online de Archives of Internal Medicine.
A pesquisa teve a análise de nove estudos anteriores que avaliaram o uso de aspirinas nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, totalizando 100.000 participantes. Os resultados mostraram que o uso contínuo de aspirina reduzia em 10% o risco de qualquer evento cardíaco e diminuía em 20% a ocorrência de ataques cardíacos não fatais. Por outro lado, o uso do medicamento aumenta em 30% a probabilidade de sangramentos gastrointestinais, um dos efeitos colaterais da aspirina. Assim, a cada 162 pessoas que faziam uso da droga, duas tiveram episódios de sangramento.
Além disso, embora alguns estudos tenham apontado uma diminuição no risco de desenvolver câncer, a nova análise não identificou qualquer benefício. Segundo o diretor do programa de reabilitação cardíaca do Gill Heart Institute, na University of Kentucky, nos Estados Unidos, muitas pessoas sequer consideram a aspirina um tipo de medicamento e, por isso, fazem uso dela sem moderação.
Consumo regular de analgésicos pode causar perda de audição
Outro estudo, publicado no American Journal of Medicine, concluiu que o uso regular de alguns tipos de analgésicos, como a aspirina e o acetaminofen (substância que compõe analgésicos como o Tylenol), pode provocar a perda parcial e, em casos extremos, total da audição em homens, especialmente naqueles com idade inferior a 60 anos. Para chegar a esses resultados, a pesquisa acompanhou 26 mil homens ingleses, durante 18 anos.
Pesquisadores norte-americanos da Universidade de Harvard, da Universidade Vanderbilt, em Nashville, e do Brigham and Women's Hospital e do Massachusetts Eye and Ear Infirmary, em Boston, nos EUA, avaliaram os voluntários a partir de exames e entrevistas, que abordava a frequência em que tomavam os analgésicos, o grau da perda auditiva que tinham sofrido e ainda uma variedade de outros fatores fisiológicos, médicos e sociais, tais como doenças cardiovasculares, alcoolismo, tabagismo e o uso de remédios conhecidos por causar perda auditiva.
Para investigar a relação entre uso de analgésicos e a perda auditiva, os pesquisadores definiram como uso regular o hábito de tomar medicamentos pelo menos duas vezes por semana. As conclusões foram que em relação à aspirina, o risco de perder a audição é 33% maior em homens com menos de 59 anos de idade. Entretanto, o mesmo risco não foi observado nos homens acima de 60 anos. Muitos desses homens consomem aspirina regularmente para prevenir doenças cardiovasculares, tendo em vista que essa substância é considerada um anticoagulante do sangue.
O consumo regular do medicamento ibuprofeno aumentou em 61% o risco de perda auditiva nos homens com menos de 50 anos, em 32% para aqueles com até 59 anos e 16% para aqueles com mais de 60. Estudos anteriores relacionavam essa substância ao aumento da possibilidade de problemas cardíacos em pacientes mais graves. Já o acetaminofen (substância que compõe analgésicos como o Tylenol) seria capaz de aumentar em 99% o risco de perda auditiva em homens com menos de 50 anos e em 38% daqueles entre 50 e 59 (acima de 60 anos, o risco cai para 16%).
Saiba mais: Você toma analgésicos com cautela?
Além dos analgésicos, antibióticos são inimigos do ouvido e, segundo o otorrinolaringologista Luciano Nevez, só devem ser utilizados se recomendados por um médico e, se o paciente sentir o ouvido tampado ou com ruído, deve suspender a medicação e entrar em contato com o profissional.