Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Uma nova revisão de pesquisas realizada pela University of Surrey (Reino Unido) e publicada pelo periódico The Lancet mostra que não há evidências de que o consumo de suplemento de selênio é necessário para a maioria das pessoas. Alguns estudos, inclusive, relacionam o consumo exagerado da substância ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. Os pesquisadores enfatizam que a maior parte das pessoas já consome o selênio suficiente na alimentação.
O que é o selênio?
O selênio é um mineral natural e vital para a saúde. Os baixos níveis estão associados a um aumento do risco de morte e à alteração da função cerebral e imunológica. A taxa recomendada por dia é de 55 microgramas para adultos, 60 microgramas para mulheres grávidas e 70 microgramas para mulheres que estão amamentando. Esses níveis não são difíceis de alcançar com a alimentação, que deve conter carnes e grãos, como milho e trigo.
O Instituto de Medicina dos Estados Unidos da América estabeleceu um limite máximo tolerável para o selênio de 400 microgramas por dia. Muito selênio pode causar uma condição chamada selenosis, que inclui sintomas como desconforto gastrointestinal, perda de cabelo, unhas brancas manchadas, mau hálito, fadiga, irritabilidade e leve dano nos nervos.
Selênio e diabetes
Entre os estudos revisados pelos especialistas, há um feito com mais de 1.200 norte-americanos que indicou que o consumo de 200 microgramas de selênio por dia, por oito anos, pode aumentar o risco de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com aqueles que tomavam um placebo. Aqueles que tinham altos níveis de selênio no início do estudo - 122 microgramas ou mais - apresentaram um risco quase três vezes maior de desenvolver diabetes, em comparação com quem recebeu o placebo.
Outros estudos também sugerem uma associação entre selênio e diabetes. Um nível mais elevado de selênio foi relacionado a um aumento da prevalência de diabetes em adultos acompanhados pela CDC?s National Health and Nutrition Examination Surveys (EUA). Na mesma linha, um estudo francês descobriu que taxas elevadas de selênio estavam ligadas a maiores níveis de açúcar no sangue.
Os pesquisadores observaram que, em níveis elevados, o selênio interfere na capacidade do organismo de utilizar adequadamente a insulina. Por isso, eles recomendam o equilíbrio: quem tem uma dieta variada, com cerca de 2000 calorias por dia, não precisa obrigatoriamente dos nutrientes extras, uma vez que o suplemento apresenta mais benefícios quando utilizado em quem apresenta carência do nutriente. Eles enfatizam que a decisão de usar suplemento ou não depende das condições de cada pessoa e deve estar baseada nas carências da alimentação.
Saiba mais: suplementos alimentares
Benefícios do suplemento de selênio
Na dose certa, o suplemento de selênio pode ter vantagens: melhora a função imunológica, a saúde do cérebro e a fertilidade e ainda ajuda a prevenir câncer, doenças cardíacas e acidente vascular cerebral. Um dos estudos analisados pelos pesquisadores do Reino Unido constatou que pessoas que tomavam suplemento eram capazes de lutar contra um vírus mais rapidamente do que aquelas que tomavam um placebo. A suplementação também estava relacionada ao aumento da qualidade dos espermatozoides em homens com problemas de fertilidade, permitindo que muitos deles tivessem filhos. Além disso, os suplementos de selênio são promissores para tratar problemas de tireoide.
Evite os erros da suplementação alimentar
Na hora de incluir os suplementos na dieta, é preciso tomar alguns cuidados para evitar problemas. Confira as dicas para suplementar a dieta de forma adequada e sem erros:
Consumir suplementos sem aconselhamento médico
"Os suplementos são importantes, pois evitam a deficiência e o excesso de nutrientes. Mas é sempre bom lembrar que a quantidade e a variedade de suplementos alimentares devem ser indicadas por um profissional e somente em casos específicos", explica o nutrólogo Máximo Asinelli, da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição.
Usá-los como remédios
Os suplementos não devem ser usados para combater doenças já instaladas no corpo, já que não possuem efeito alopático, ou seja, não produzem uma reação oposta aos sintomas dos doentes.
Tomar mais do que o necessário
"Somente um profissional da área da saúde sabe quais são as doses de suplemento que uma pessoa deve tomar ou se elas são realmente necessárias. Proteínas, carboidratos e até vitaminas, se forem consumidos em doses muito grandes, podem causar efeitos prejudiciais ao organismo", diz o nutrólogo Roberto Navarro, membro da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia).
Usá-los para perder peso
Usar suplementos alimentares para tentar manter o peso ideal é cada vez mais comum. No entanto, fazer isso pode, na verdade, causar um aumento de peso, já que alguns suplementos contem uma grande quantidade de calorias. "Suplementos de carboidratos e proteínas apresentam calorias e, por isso, a utilização deles deve ser controlada para que a alimentação fique balanceada e não haja aumento de peso", alerta a nutricionista chefe do Dieta e Saúde Roberta Stella.