Formada em Psicologia há 23 anos pela Unifil, pós graduada em Obesidade e Transtornos Alimentares pela PUC-PR.Hipnoterap...
iPronto para a cirurgia? Isso é o que a maioria dos pacientes acreditam quando decidem optar pela cirurgia bariátrica, talvez movidos pela coragem do momento ou por acreditarem que é a forma mais fácil de se perder peso. Apesar de inúmeros textos informativos, sites, comunidades e blogs acerca do assunto, fica claro o quanto a negação da realidade faz parte desse contexto.
A cirurgia bariátrica é um procedimento que visa promover a perda de peso de forma rápida e eficaz, porém dados estatísticos revelam que muitos pacientes voltam ao peso anterior devido a dificuldades de manter uma alimentação saudável e adequada.
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com IMC (índice de massa corporal) igual ou acima de 40 e com comorbidades associadas, isto é, portadoras de diabetes, hipertensão, problemas articulares, entre outras doenças que colocam em risco a vida do paciente. Nesses casos, a cirurgia acaba sendo a saída mais adequada, pois irá melhorar a qualidade de vida desses pacientes, além de diminuir o risco das doenças associadas.
Muitos são os fatores que precisam estar adequados para a realização dessa intervenção. Por isso, é essencial contar com uma equipe de profissionais da área da saúde que irá avaliar o paciente, verificando se está apto ou não para esse procedimento tão invasivo.
A psicologia também tem um papel fundamental nesse processo, pois irá avaliar se o paciente está ou não preparado para enfrentar as novas mudanças.
Essas mudanças não são somente alimentares, mas também comportamentais. Atrás de um bom prato de comida, conseguimos encontrar vários outros sentimentos e crenças que preenchem a vida dessas pessoas, ganhando, assim, o significado não somente de nutrir o corpo, mas a alma.
A cirurgia bariátrica também exige mudanças drásticas dos hábitos alimentares, sociais e comportamentais. Junto com as alterações corporais surgem, muitas vezes, dificuldades de adaptação à nova vida e de adesão ao tratamento, o que pode colocar em risco o sucesso da cirurgia. Nesse sentido, o paciente deve ser avaliado e acompanhado pela equipe multidisciplinar que estará envolvida no tratamento em intervalos regulares para monitorar o seu funcionamento psicológico (Fandiño et al., 2004).
O problema é que esse acompanhamento é negligenciado por grande parte dos pacientes, que acreditam que o simples ato da cirurgia em si, tem a capacidade de mudar hábitos instalados há anos, como se o corte real afetasse o desejo quando, na verdade, o corte é apenas no corpo.
Saiba mais: Cirurgia bariátrica e obesidade mórbida
O pós-cirúrgico pode ser bem complicado. Algumas pessoas trocam a compulsão por comida, pelo álcool ou por compras e até entram em depressão ou cortam relações por dificuldade de lidar com a nova imagem corporal. Elas descobrem também que emagrecer não resolve problemas pessoais, um foco que permeia o imaginário dos pacientes.
Fica claro que, quando a opção pela cirurgia bariátrica é tomada, o paciente precisa ter consciência de que o sucesso da cirurgia está em suas mãos e que ele é responsável por praticar atividades físicas, mudar seus hábitos alimentares e promover seu próprio bem estar emocional. Caso não consiga se comprometer com as etapas fundamentais desse processo, poderá recuperar o peso perdido e a carga emocional do peso carregado, o que pode levar a cobranças internas ainda maiores.