Cirurgião-geral pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e pela Universidade de São Paulo (USP). É...
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A obesidade é uma doença multifatorial, em que várias causas se somam, levando ao ganho de peso, desajuste do metabolismo e o descontrole da fome e da saciedade, segundo a endocrinologista Lia Lima. Entre os fatores causadores da condição, o Ministério da Saúde destaca as questões biológicas, históricas, ecológicas, econômicas, sociais, culturais e políticas.
Segundo o nutricionista e educador físico Carlos Cristóvão, a obesidade tem sido mais recentemente definida como excesso de gordura no peso corporal total e não somente excesso de peso corporal para uma determinada estatura.
Portanto, para se diagnosticar a obesidade, é preciso executar uma metodologia que inclua a análise quantitativa da composição corporal. É importante saber diferenciar o indivíduo com excesso de peso corporal por conta dos músculos do indivíduo com excesso de peso por gordura.
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Diagnóstico
Para o diagnóstico da obesidade são necessárias as seguintes medidas antropométricas: peso, estatura e espessura da dobra cutânea (bíceps, tríceps, subescapular e suprailíaca).
"Para cálculo de IMC (Índice de Massa Corporal) e de outras medidas que podem ser fornecidas por diferentes métodos para dar uma melhor noção da composição corporal como a bioimpedância e espessura da dobra cutânea, que deve ser sempre do lado direito do corpo, porque é um protocolo que usamos para poder fazer uma avaliação desse paciente", explica Cristóvão.
"Depois que tiramos essas medidas, precisamos, para o parâmetro de diagnóstico, do percentual de gordura, que se for maior que 25 e 30%, já consideramos uma pessoa obesa. O índice de massa corporal tem que estar igual ou maior que 30kg/m²", complementa o nutricionista.
Cálculo do IMC
Existe uma fórmula padronizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para detectar o Índice de Massa Corporal. Ele pode ser realizado a partir do cálculo do peso dividido pela altura ao quadrado. O cálculo funciona da seguinte forma:
- Altura multiplicada por ela mesma: 1,70 x 1,70 = 2,89;
- Peso dividido pelo quadrado da altura: 70 / 2,89 = 24,22;
- Logo, essa pessoa tem IMC de 24,22 e está dentro da faixa de peso adequado para sua altura.
O IMC está sempre certo?
É preciso cautela. Somente o cálculo do IMC não é eficaz. Isso porque, o cálculo é feito a partir do peso total da pessoa, sem diferenciar massa magra de gordura. "No caso de um atleta por exemplo, ele pode ter 70kgs, assim como uma pessoa sedentária, mas a diferença é que o atleta tem mais massa muscular do que a pessoa sedentária", explica Cristóvão.
Circunferência abdominal
As medidas da circunferência abdominal também podem servir como indicadores de risco. Elas podem ser medidas com fitas métricas na altura do umbigo. Considerando homens adultos, a medida acima de 94cm é considerada elevada, enquanto acima de 102cm é muito elevada.
Já para mulheres adultas, a circunferência maior que 80cm é elevada e 88cm é muito eleva. Vale lembrar que existem diferentes parâmetros de normalidade quando se considera diferentes grupos étnicos e idade para uma melhor avaliação de risco.
"Essa medida da circunferência é muito importante para avaliação da concentração de gordura lateral, pois nos dá o diagnóstico se a pessoa tem risco de desenvolver algum tipo de patologia. Mas é claro que também usamos outras medidas, que fazemos comparações para termos um diagnóstico mais fiel", explica Cristóvão.
Classificação do IMC
- Abaixo do peso: IMC abaixo de 18,5
- Peso normal: IMC entre 18,5 e 24,9
- Sobrepeso: IMC entre 25 e 29,9
- Obesidade Grau I: IMC entre 30 e 34,9
- Obesidade Grau II: IMC entre 35 e 39,9
- Obesidade Grau III: IMC acima de 40
O nutricionista Carlos Cristóvão alerta que essa classificação deve ser considerada somente para homens e mulheres entre 19 e 60 anos. Para a avaliação do IMC de crianças e adolescentes, o Portal do Ministério da Saúde disponibiliza uma tabela com as classificações separadas por sexo e faixa etária.
A obesidade também pode ser classificada quanto aos seus tipos. Sendo eles:
- Homogênea: é aquela em que a gordura está depositada de forma homogênea, tanto em membros superiores e inferiores quanto na região abdominal;
- Andróide: é a obesidade em formato de maçã, mais característica do sexo masculino ou em mulheres após a menopausa. Nesse caso há um acúmulo de gordura na região abdominal e torácica, aumentando os riscos cardiovasculares;
- Ginóide: é a obesidade em formato de pera, mais característica do sexo feminino e nesse caso há um acúmulo de gordura na região inferior do corpo, se concentrando nas nádegas, quadril e coxas. Está associada a maior prevalência de artrose e varizes.
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Obesidade grau 1
O endocrinologista Francisco Blotta afirma que o tratamento é realizado através de dieta apropriada com avaliação médica em conjunto com a prática de exercícios, desde que o paciente seja avaliado e liberado pelo médico.
Além disso, é preciso que o paciente realize as atividades com o acompanhamento de um profissional de educação física. Blotta informa que para prescrição de medicamentos o paciente deve ser acompanhado por um médico especialista, podendo fazer-se o uso de remédios para emagrecer para ajudar no controle do peso.
O tratamento da obesidade grau I deve ser baseada no tripé: dieta, exercício físico e medicação em longo prazo por se tratar de uma doença crônica.
"Pacientes que têm IMC abaixo de 35, sem doenças associadas, devem sem dúvidas tentar o tratamento clínico antes, com chances de conseguir resultados razoáveis. A nossa única ressalva aparece quando o paciente pensa na redução de estômago como primeira alternativa para perder peso, descartando a importância da dieta e da atividade física", explica o cirurgião Ricardo Cohen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
Obesidade grau 2
A endocrinologista Lia Lima alerta que os riscos associados à obesidade de grau II, são os mesmos, porém mais acentuados.
"Entre eles cito a esteatose hepática, doenças articulares, hipertensão, diabetes mellitus, síndrome metabólica, cânceres, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral, lembrando que estes dois últimos são as principais causas de morte no Brasil e no mundo", enfatiza Lima.
Porém, devido ao estado de obesidade, a cirurgia apresenta alguns riscos como sangramento, eventos tromboembólicos e vasculares. Por isso, Lia ressalta a importância do acompanhamento médico e da realização do procedimento com uma equipe correta e experiente.
Obesidade grau 3
De acordo com o estudo elaborado pela psicóloga Jena Hanay, a obesidade grave ou obesidade grau III adquire um caráter de morbidade, refletindo nas expectativas de vida.
Entre as patologias associadas a este estado nutricional estão os distúrbios hormonais, cardiopatias, morte súbita, dermatites, osteoporose, hipertensão, hepatopatias e insuficiência venosa. Porém, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade de grau III é a principal causa de morte evitável do mundo.
De acordo com estudo elaborado pela endocrinologista Jacqueline Rizzolli, o tratamento clínico da obesidade grau III deve sempre ser estimulado, pois há chances de ser bem sucedido, mesmo com taxas de insucesso mais elevadas.
"A associação de reeducação alimentar, exercício físico e uso de medicação anti-obesidade têm melhores resultados em curto e médio prazo, porém, muitas vezes, em pacientes com obesidade grau III, a atividade física acaba sendo bastante restrita, dependendo do grau de excesso de peso e das artropatias associadas", explica Jacqueline no estudo.
Pessoas com obesidade mórbida e comorbidades, como diabetes e hipertensão, podem optar por fazer a cirurgia de redução de estômago para controlar o peso e sair da obesidade. Existem quatro técnicas diferentes de cirurgia bariátrica para obesidade reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM): Banda Gástrica Ajustável, Gastrectomia Vertical, Bypass Gástrico e Derivação Bileopancreática.
A escolha da cirurgia dependerá do quadro do paciente, do grau de obesidade e das doenças relacionadas.
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Como prevenir o aumento de peso após o tratamento?
Sim, pode ocorrer o reganho de peso independentemente do método de tratamento da obesidade. É possível até mesmo voltar a engordar após cirurgias bariátricas se não houver a adoção de hábitos mais saudáveis. Mas isso não significa que seus esforços para perda de peso sejam em vão.
A obesidade é uma doença crônica e progressiva por isso seu tratamento deve ser contínuo para que ela possa ser bem controlada. Caso contrário, pode acontecer como outras doenças crônicas que, quando você não cuida adequadamente ou suspende o tratamento, como por exemplo, diabetes, dislipidemia, entre outras, há consequências.
Uma das melhores maneiras de evitar recuperar o peso é fazendo boas escolhas alimentares com a ajuda de um nutricionista e praticando exercício físico regularmente e conforme orientação do seu médico, a manutenção do tratamento medicamentoso, mudança do estilo de vida e, consequentemente, melhor controle da obesidade.
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