Pneumologista e especialista em Pneumologia adulto.
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é um problema que afeta mais de cinco milhões de brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. Para controlar a doença, todo cuidado com a alimentação é pouco. Segundo a pneumologista Mônica Corso, quase metade dos pacientes apresenta baixo peso e maior risco de desnutrição.
"Essas pessoas precisam gastar mais energia para respirar, têm maior atrofia muscular pela falta de exercício físico e possuem baixa oxigenação no sangue, fatores que provocam perda de peso e massa muscular", explica a médica.
Para repor os quilos perdidos sem sobrecarregar demais os pulmões, é preciso adotar os cuidados que médicos e estudos científicos apontam a seguir.
Aumentar a ingestão de gorduras e diminuir a ingestão de carboidratos
Carboidratos, como pães e massas, são necessários para que o corpo tenha energia, mas o excesso deles pode prejudicar o trabalho dos pulmões. "Quando são metabolizados, esses nutrientes aumentam a produção de gás carbônico, que precisará ser eliminado pela respiração", conta Mônica Corso.
Isso significa que o paciente terá que gastar bem mais energia para respirar e eliminar essa quantidade maior de gás carbônico do corpo. Já as gorduras são as que menos produzem esse gás.
Portanto, médicos recomendam balancear a alimentação com gordura e carboidratos para conseguir ter energia sem sobrecarregar demais os pulmões. As melhores opções são as gorduras monoinsaturadas e polinsaturadas, encontradas em óleos vegetais, castanhas e abacate.
Comer na medida certa
O excesso de calorias ingeridas tem o mesmo efeito de consumir muitos carboidratos, forçando um trabalho maior dos pulmões. Já a pessoa que come menos do que o corpo precisa terá falta de energia, que é obtida por meio dos alimentos, e mais dificuldade para respirar. Portanto, nada de comer demais ou de menos - o médico ou um nutricionista poderá ajudar o paciente a montar o cardápio ideal.
Não exagerar na ingestão de líquidos
Esse cuidado é necessário para pessoas que apresentam um quadro grave de DPOC junto a uma insuficiência cardíaca. A pneumologista Mônica Corso explica como essa relação acontece: o paciente com a doença pulmonar tem uma redução dos níveis de oxigênio do sangue, o que provoca uma sobrecarga do coração, principalmente na parte direita que está em contato com a função pulmonar.
Esse lado do coração, com o tempo, aumenta de tamanho e passa a trabalhar com menor eficácia. O resultado disso é um maior acúmulo de líquido no organismo, com inchaço nos membros inferiores, aumento do fígado, entre outros sintomas. "Quando isso acontece, o paciente precisa evitar beber muito mais líquido do que realmente precisa para não piorar o quadro", afirma a médica.
Limitar o consumo de sódio
A explicação é parecida com a do consumo de líquidos em excesso. O sódio em grandes quantidades causa retenção de líquidos no corpo. "Quando há muito sódio, os rins trabalham demais e provocam uma retenção de água no organismo", explica a nutróloga Vivan Suen, da Associação Brasileira de Nutrologia.
Esse aumento de líquido aumenta o volume de sangue e força o coração a trabalhar mais, algo perigoso ao paciente com DPOC grave que tem o coração prejudicado.
Manter níveis adequados de fósforo e proteínas
Esses dois nutrientes são importantes para fortalecer a musculatura dos pulmões, facilitando o movimento de entrada e saída do ar que respiramos. "A falta de fósforo e proteína no organismo pode agravar a perda de massa muscular e provocar uma piora no quadro de DPOC", conta a nutróloga Vivian.
Além disso, as proteínas ajudam na síntese de anticorpos chamados imunoglobulinas, que agem na prevenção de infecções respiratórias. Leite, carne vermelha, aves, peixes e ovos são boas fontes desses nutrientes.
Evitar ou diminuir a ingestão de alimentos que fermentam
Alimentos que provocam desconforto e distensão do abdômen podem dificultar a respiração. A pneumologista Mônica explica que essa expansão do estômago dificulta a contração do diafragma, que é o principal músculo da inspiração.
Comer quantidades pequenas várias vezes ao dia
Fazer de cinco a seis refeições por dia (três principais e outras intermediárias) permite que o corpo tenha sempre energia para poder fazer as mais diversas funções, entre elas respirar. Além disso, o hábito evita a desnutrição. "Vale lembrar que perder peso agrava o quadro de DPOC e merece muito cuidado", alerta Mônica Corso.
Evitar embutidos e carne defumada
Um estudo Americano publicado no American Journal of Repiratory and Critical Care Medicine apontou que os nitritos presentes em alimentos embutidos ou defumados, como salame, presunto e peito de peru, podem piorar a função pulmonar.
Dos 7.352 participantes do estudo, com idade igual ou superior a 45 anos, aqueles que consumiam esses alimentos com mais frequência corriam um risco maior de desenvolver DPOC. Segundo os pesquisadores, os nitritos provocam sérios danos aos pulmões e merecem ser evitados.