Alfredo Canalini graduou-se em Medicina em 1979 pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) com residência em Uro...
iTodos nós sabemos o que é a menopausa e o que esta mudança significa na vida da mulher. Com o declínio da função ovariana cessam a ovulação, os ciclos menstruais, e ocorre queda dos níveis de estrogênio. No entanto, pouco se fala sobre a diminuição dos hormônios no processo de envelhecimento do homem, principalmente da Testosterona.
Para começar vamos esclarecer uma coisa: andropausa não é o melhor termo para definirmos este problema, pois ao contrário do que acontece na mulher, o distúrbio androgênico do envelhecimento masculino (DAEM) não é um processo súbito, tampouco universal. Estima-se que 33% dos homens acima dos 60 anos terão esse problema e, ele acontece devido à diminuição da produção do hormônio masculino (testosterona) pelos testículos.
Como reconhecer o Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino?
A deficiência de testosterona pode causar uma grande variedade de sinais e sintomas, e estar relacionada com várias doenças. Os sintomas variam, entretanto podemos citar alterações de humor - geralmente percebida pela família antes que o próprio paciente se dê conta -, cansaço, sensação de perda de energia, diminuição da libido e disfunção erétil. Sem dúvida esses dois últimos são os que mais levam os homens a procurarem o urologista.
Além desses sintomas, há problemas de saúde que podem ser potencializados pelo DAEM. Ocorre intensificação da perda de massa óssea e massa muscular e também aumentam os riscos de doença cardiovascular. Além disso, há provas consistentes de que a deficiência de testosterona tem influência significativa na piora do dos níveis de glicose e lipídeos no sangue. Diabetes, obesidade, hipertensão e dislipidemias (aumento do colesterol) estão bastante relacionadas com o DAEM.
Como se faz o diagnóstico de DAEM?
Este diagnóstico baseia-se nos sintomas que o homem apresenta, nas eventuais alterações em determinados exames, e na dosagem deste hormônio no sangue, esclarecendo que o médico deve interpretar não somente os níveis de testosterona total, mas também os níveis deste hormônio que estão efetivamente disponíveis na corrente sanguínea para serem utilizados pelo organismo (testosterona biodisponível).
E como se trata?
O tratamento da deficiência de testosterona é importante não somente devido às doenças relacionadas, mas também pela qualidade de vida que se pode ter durante o processo de envelhecimento.
Neste ponto vale uma reflexão do que significa envelhecer, condição inexorável de uma vida longeva. O envelhecimento esbarra num aspecto muito presente e cruel da sociedade contemporânea, que valoriza de maneira exagerada a juventude e quase que alija os idosos dos processos sociais. A realidade vem mudando progressivamente, porém antes de tudo é preciso não ter medo de envelhecer. Devemos pensar na velhice quando ainda somos jovens, pois se na etapa inicial da vida fizermos escolhas inadequadas, como começar a fumar, seguramente pagaremos o preço por isto mais cedo ou mais tarde. Se por outro lado tivermos opções saudáveis, também colheremos os bons frutos dessas escolhas.
Na procura pelo envelhecimento saudável temos que considerar os hábitos diários. Alimentação adequada e atividade física regular, com a orientação de um profissional de educação física, ajudam muito a melhorar a qualidade de vida, tanto em homens como em mulheres. Além disso, hábitos nocivos como o tabagismo e o consumo exagerado de bebidas alcoólicas devem ser banidos.
A reposição hormonal não deve ser vista como uma panacéia para o resgate da juventude, e isto tem que ser esclarecido de maneira muito clara para o paciente. A reposição com testosterona deve ser feita de forma bastante criteriosa, baseada na necessidade (presença de sintomas e exames de sangue comprovando a diminuição deste hormônio) e na ausência de contra indicações como apneia do sono, câncer de próstata, policitemia - distúrbio que resulta da multiplicação anormal de certas células -, dentre outros.
Todo homem que faz reposição hormonal deve ser acompanhado de forma sistemática por um urologista, para avaliar a eficácia do tratamento através de exames de sangue de controle, além de exames para monitorizar eventuais efeitos adversos da reposição hormonal.
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Há várias formas de realizar o tratamento, sendo as mais utilizadas a injetável, que pode ser administrada por via intra muscular a cada 10 a 14 semanas, e a transcutânea, em forma de gel ou adesivo.
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