Criança com TDAH, trocam letras, falam palavras erradas como pinique ao invés de piquenique? Respostas dos nossos especialistas

Sim, no TDAH, o comprometimento da fala, escrita e ou leitura é frequente e pode ocorrer por uma ou mais razões: prejuízo na coordenação motora (geralmente a letra de quem tem TDAH não é lá essas coisas); impulsividade; desatenção; dificuldades linguísticas. Pela interferência do TDAH na aquisição e desenvolvimento da linguagem, é frequente a ocorrência de omissão/substituição de sílabas e palavras, falta de acentuação, pontuação inadequada, troca de letras/sílabas/partes de palavras e problemas na sequenciação de narrativas. Essas falhas também podem ocorrer pelo comprometimento da memória operacional, típico no TDAH. Também, a atenção e a memória são funções essenciais para a habilidade de compreensão e formulação da linguagem e estão prejudicadas no TDAH, levando à lentidão do processamento da leitura (maior tempo de latência) e à piora na compreensão do texto, características do transtorno. Nos testes, os sujeitos com TDAH alcançam resultados similares aos controles em relação aos índices de acertos, mas demandam tempo global muito maior para chegarem aos mesmos resultados, sendo significativamente mais lentos que os controles. O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um transtorno do neurodesenvolvimento. Ele acomete algumas áreas cerebrais que, por funcionarem mais lentamente, geram uma série de dificuldades na vida diária de crianças e adultos. É uma condição multicausal, crônica, dimensional, universal e heterogênea, cuja tríade sintomática repousa em três eixos cardinais: desatenção, hiperatividade e impulsividade, que interagem entre si, em condições variáveis de intensidade. O TDAH acomete 3% a 10% da população infantil e permanece com sintomas na vida adulta em cerca de 70% dos casos. O tratamento precoce é de suma importância por reduzir drasticamente os prejuízos sociais, familiares, escolares, profissionais, comportamentais e psicológicos vividos por esses indivíduos. Os estudos mostram que o tratamento correto reduz significativamente um grande número de problemas, como: absenteísmo/repetência/evasão escolar, problemas de leitura, escrita e linguagem, prejuízo na coordenação motora, problemas de sono, de oposição e conduta, explosões afetivas, depressão, problemas vocacionais, de relacionamento social e no trabalho, abuso de álcool e drogas e outros. Sabe-se que a presença de outras patologias concomitantes (comorbidades) é regra no TDAH e não exceção. Por isso temos que ficar atentos a problemas auditivos, visuais, de linguagem, dificuldade de cópia, transtornos de aprendizagem (leitura, cálculos, escrita), distúrbios da coordenação motora, transtornos psiquiátricos diversos e outros. O TDAH, sendo uma disfunção executiva, afeta as habilidades pragmáticas (manter conversas estereotipadas e tópicos conversacionais) em seus portadores. A hiperatividade mental deixa o pensamento do TDAH confuso, caótico, desorganizado e rápido demais, daí a dificuldade da criança em se expressar (a fala não consegue acompanhar a velocidade da mente) sendo comum a criança "comer palavras ou sílabas", tanto na fala como na escrita. Pode parecer que ela vai gaguejar por tentar falar tão rápido quanto o seu pensamento. O processamento auditivo do TDAH também é comprometido, prejudicando a compreensão do que é dito, fator que também dificulta o aprendizado e o rendimento acadêmico e social. É comum ocorrer também os “brancos” de memória, tudo isso contribuindo para dificultar a comunicação e performance global do indivíduo com TDAH. O tratamento engloba o uso de medicação (PSICOESTIMULANTES), TCC (Terapia cognitivo comportamental), Grupos de Apoio a familiares e portdores e Psicoeducação. Lembrando que o diagnóstico do TDAH é de exclusão e que só pode ser iniciado após a estabilização das comorbidades. em relação aos problemas de leitura, fala e escrita, é preciso tratamento fonoaudiológico com profissional experiente no tema.