Docente de Saude do Idoso UAM - Univ. Anhembi Morumbi Docente de Geriatria da UNISA - Univ. Santo Amaro Medico clinico d...
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iO que é Demência?
A demência é uma síndrome que consiste na deterioração da memória, do pensamento, do comportamento e da capacidade de realizar atividades cotidianas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Seus conjunto de sintomas afeta diretamente a qualidade de vida, levando a problemas cognitivos e afetando a linguagem, o comportamento e alterando a personalidade.
Causas
Causas da demência
A demência pode estar relacionada a diversos fatores, sendo o envelhecimento um dos motivos mais frequentes para o desenvolvimento da condição. Diversas doenças podem estar por trás das causas da demência. Veja exemplos:
Demências irreversíveis (degenerativas)
- Doença de Alzheimer
- Demência com corpos de Lewy, cujos sintomas são similares aos do Alzheimer e cuja incidência é a segunda maior entre as demências (perdendo apenas para o próprio Alzheimer)
- Demência vascular, resultante de uma série de pequenos acidentes vasculares cerebrais (AVC)
- Demência frontotemporal, uma degeneração que ocorre no lóbulo frontal do cérebro e que pode se espalhar para o lóbulo temporal
Demências reversíveis
- Tumor cerebral
- Demências de causa metabólica, em que há alterações nos níveis de açúcar, sódio e cálcio no sangue
- Baixos níveis de vitamina B12
- Hidrocefalia normotensiva
- Uso de determinados medicamentos, principalmente alguns para tratar colesterol
- Abuso crônico do álcool
Outras demências
- Traumatismo craniano
- Doença de Parkinson
- Esclerose múltipla
- Doença de Huntington
- Doença de Pick
- Paralisia supranuclear progressiva
- Infecções que podem afetar o cérebro, como HIV/AIDS e doença de Lyme
- Doença de Creutzfeldt-Jakob
Tipos
Tipos de demência
As síndromes demenciais podem ser classificadas em dois tipos de demência, como irreversíveis e reversíveis. De acordo com Márcio Kamada, geriatra e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro, do total de casos, 5% são considerados reversíveis.
Demência reversível
As demências reversíveis são as causadas por fatores externos (do ambiente) ou internos (metabólicos ou estruturais). Após o tratamento adequado, podem ser revertidas. Entre as causas mais comuns estão a Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN), a deficiência de vitamina B12 e o hipotireoidismo. Uso de determinados remédios, depressão, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e deficiência da vitamina B12.
Saiba mais: Demência vascular pode ocorrer após um AVC
Os sintomas são parecidos com os da demência irreversível, porém, diferente do quadro degenerativo, os sintomas das demências reversíveis têm início e desenvolvimento de forma mais súbita.
Demência irreversível
Os quadros de demência irreversível são os relacionados à presença de doenças degenerativas - quadro em que a perda da função cerebral se deteriora com o passar do tempo, sem a possibilidade de retorno total de sua capacidade.
O Alzheimer, por exemplo, é uma das doenças que mais aciona a demência irreversível, seguida pela demência vascular e pela demência por Corpos de Lewy.
Sinais
Sintomas de demência
Os sintomas de demência variam, dependendo da causa, mas os mais comuns incluem:
- Perda de memória
- Dificuldade de planejar e executar tarefas
- Problemas com a fala e a escrita
- Alteração do humor
- Dificuldade em compreender informações
- Desorientação sobre o lugar e espaço
- Apatia
- Perda ou diminuição temporária de algumas habilidades cognitivas e motoras
Diagnóstico
Diagnóstico de demência
A perda de memória e outros sintomas têm muitas causas, por isso o diagnóstico de demência pode ser bastante difícil.
Para diagnosticar a causa exata dos sintomas, o médico irá realizar uma série de perguntas sobre histórico clínico do paciente, questionar sobre sintomas e realizar um exame físico. O médico ou médica pode, também, solicitar uma lista de exames para diagnosticar a demência e descartar possíveis outras condições, como os descritos a seguir:
- Exames cognitivos e neuropsicológicos: são avaliadas as funções cognitivas do paciente. Uma série de habilidades é medida por meio desses testes, como memória, orientação, raciocínio e julgamento e habilidades de linguagem e de atenção. Testes desse tipo ajudam a determinar se o caso é de demência, além de indicar se é um caso grave e quais partes do cérebro foram afetadas
-
Avaliação neurológica: nessa etapa, os médicos irão avaliar o movimento, os sentidos, o equilíbrio, os reflexos e outras áreas. Eles também podem usar a avaliação neurológica para diagnosticar possíveis outras condições
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Varreduras do cérebro: os médicos podem solicitar exames cerebrais, como uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética, para verificar se há evidência de derrame ou de hemorragia e para descartar a possibilidade de um tumor
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Testes de laboratório: exames de sangue simples podem descartar problemas físicos que talvez estejam afetando o funcionamento do cérebro, tais como deficiência de vitamina B-12 ou hipertireoidismo
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Avaliação psiquiátrica: um psicólogo ou um psiquiatra podem avaliar se o paciente apresenta sintomas reais de depressão ou outra condição psicológica que possa estar causando os sintomas
Saiba mais: Você sabe reconhecer a Doença de Alzheimer?
Fatores de risco
Alguns fatores de risco, como idade, histórico familiar de demências e síndrome de Down, contribuem para o desenvolvimento da demência. Veja mais detalhes:
- Idade: à medida que uma pessoa envelhece, o risco de demências aumenta consideravelmente - especialmente após os 65 anos. Entretanto, é importante entender que demência não é um processo intrínseco ao envelhecimento, uma vez que ela pode ser evitada. Além disso, pessoas jovens também podem desenvolver demência
-
Histórico familiar: pessoas com histórico familiar de demência têm maior risco de desenvolver alguma condição. No entanto, isso está longe de ser uma regra, já que muitas pessoas com histórico familiar podem também não desenvolver nenhuma doença, enquanto que uma pessoa sem nenhum tipo de histórico médico de demência desenvolver algum quadro ao longo da vida. Além disso, uma pessoa com mutações genéticas específicas está em maior risco de desenvolver certos tipos de demência
-
Síndrome de Down: por volta da chamada “meia idade”, muitas pessoas com síndrome de Down desenvolvem sintomas relacionados à demência
Saiba mais: Oito hábitos para tratar os sintomas do Parkinson
Outros fatores
Há, ainda, os fatores de risco que podem ser prevenidos:
- Abuso de bebidas alcoólicas
- Sedentarismo
- Aterosclerose
- Hipertensão
- Colesterol elevado
- Depressão
- Diabetes
- Altos níveis de estrogênio
- Obesidade
- Tabagismo
- Níveis alterados de homocisteína (um aminoácido presente no sangue)
Na consulta médica
Entre as especialidades que podem diagnosticar uma demência estão:
- Clínica médica
- Neurologia
- Geriatria
Buscando ajuda médica
É importante procurar um médico ao notar problemas de memória ou outros sintomas de demência. Algumas condições médicas tratáveis podem causar sintomas de demência, por isso é importante que o médico faça o diagnóstico e determine a causa subjacente.
Fique atento também a quem convive com você e o encaminhe ao médico também em caso de sintomas. Doença de Alzheimer e vários tipos de demência pioram ao longo do tempo. O diagnóstico precoce oferece tempo para planejar o tratamento.
Tratamento
Tratamento de demência
O principal objetivo do tratamento de demência é controlar os sintomas. Ele costuma variar de acordo com a causa subjacente e algumas pessoas necessitam ser internadas por um curto período para realizar o tratamento.
Às vezes, é necessário tomar medicamentos para controlar os problemas comportamentais causados pela perda da capacidade de julgamento, pela maior impulsividade e pela confusão. Medicamentos também podem ser usados em casos que envolvam depressão, distúrbios do sono, alucinações, parkinsonismo ou agitação.
Algumas drogas ainda podem ser usadas para evitar a piora rápida dos sintomas, principalmente em casos de demência degenerativa. No entanto, o benefício trazido por essas drogas é pequeno e os pacientes e suas famílias podem não perceber muita diferença.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de demência são:
- Donepezil
- Rivastigmina
- Galantamina
- Memantina.
O remédio Adulhem foi aprovado pelo Food & Drug Administration (FDA) e é o primeiro medicamento para tratar a doença subjacente, em vez de controlar sintomas como ansiedade e insônia, além de ser o primeiro liberado para o tratamento de Alzheimer em quase 20 anos.
De acordo com o geriatra Márcio Kamada, mesmo com as controvérsias a respeito do novo medicamento é importante entender que a droga não cura a doença, mas é um grande passo para a ciência continuar a evoluir.
É importante lembrar, também, que somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Também não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes.
Tem cura?
Demência tem cura?
Atualmente a demência não tem cura, mas existem tratamentos que podem retardar seus efeitos. Para isso, é necessário identificar os sintomas precocemente e procurar ajuda médica o quanto antes. É essencial que o diagnóstico médico seja realizado numa fase inicial, quando os primeiros sintomas aparecem, e que a pessoa seja tratada corretamente durante todo o tempo necessário.
Prevenção
É possível prevenir a demência?
Sim, é possível prevenir o desenvolvimento da demência a partir de uma série de hábitos e cuidados com o corpo. Isso porque, a partir de uma rotina de atividades físicas, estímulos cerebrais, alimentação saudável, entre outras medidas, fortalecemos as conexões entre os neurônios. Confira algumas atitudes que ajudam a prevenir a demência:
- Faça atividades que envolvam novas aprendizagens
- Faça jogos de raciocínio (palavras cruzadas, caça palavras, letras e números, jogue xadrez, damas ou cartas)
- Leia, escreva, converse, use o computador, aprenda uma nova língua
- Participe em atividades culturais, como assistir a jogos, concertos, ir a museus ou galerias de arte
- Procure descobrir quais os seus passatempos preferidos e pratique-os, por exemplo, pintura, costura, carpintaria
- Evite alimentos com gorduras saturadas
- Prefira a gorduras insaturadas e alimentos ricos em antioxidantes, ácido fólico, vitamina E e B12
- Faça exercícios físico regularmente (30 minutos por dia, no mínimo)
- Controle a sua pressão arterial
- Controle o seu colesterol
- Controle os seus níveis de açúcar no sangue
- Controle o seu peso
- Evite o tabagismo
- Evite o consumo exagerado de bebida alcoólica
- Mantenha a higiene do sono
- Mantenha vida social ativa
- Cuidado com traumas na cabeça
Convivendo (Prognóstico)
Grupos de apoio familiar são parte fundamental do tratamento de demências. Saber lidar bem com a doença e aprender a conviver diariamente com ela é importante para evitar agravamento no quadro.
Saiba mais: Novo exame de sangue prevê risco de demência e Alzheimer
É bom ter em mente que pessoas com demências degenerativas só tendem a piorar com o passar do tempo. Por essa razão, é fundamental que os cuidadores adaptem-se a essa situação. Veja alguns procedimentos indicados:
- Melhore a comunicação, mantenha contato visual, experimente usar palavras e frases mais curtas e simples, tenha muita paciência e procure usar gestos e sinais para se fazer entender, caso seja necessário
- Incentive a prática de exercícios físicos, que podem dar ao paciente maior força e saúde cardiovascular. Algumas pesquisas também mostram que a atividade física pode retardar a progressão da perda da função cognitiva. Além disso, exercícios ainda podem atenuar e tratar sintomas de depressão
Complicações possíveis
As complicações dependem da causa da demência, mas podem incluir o seguinte:
- Aumento das infecções em qualquer parte do corpo
- Perda da capacidade funcional ou de cuidar de si mesmo
- Perda da capacidade de interagir
- Menor expectativa de vida
- Efeitos colaterais dos medicamentos para tratar a doença
Além disso, é preciso se atentar aos cuidados com uma pessoa que sofre com demência e com quem vive ao ser redor. Lidar com a doença não é simples e pode sobrecarregar o cuidador do paciente, por exemplo.
Referências
Associação Brasileira de Alzheimer: membro de uma rede de pessoas e organizações nacionais e internacionais envolvidas com a Doença de Alzheimer
Sociedade Brasileira de Neurociência: congrega pesquisadores, pós-graduandos e estudantes de todo o país que estejam envolvidos com as diferentes facetas do estudo do Sistema Nervoso
Ministério da Saúde: principal órgão de saúde do Governo Federal Brasileiro