Minha filha foi diagnostica com esquisofrenia porém ela recusa a tomar a medicação . Qual o risco dela voltar a ter crises ?
Evelyn Vinocur é doutora em Pediatria, graduada em 1978 pela Universidade Federal Fluminense (UFF), especialista em Pedi...
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A Esquizofrenia é uma doença que em 80% dos casos necessita de tratamento com medicamentos, apenas 20% terão uma evolução com remissão dos sintomas sem tratamento farmacológico.
De modo que o risco de uma pessoa com esquizofrenia, no caso aqui, de sua filha voltar a recair, pode ser alto.
É muito importante que o tratamento não seja interrompido pois quanto maior o número de crises psicóticas em um paciente, maiores as chances dele apresentar pior evolução ao longo da vida (os chamados “defeitos”, ou deterioração funcional global).
De forma que temos que observar cuidadosamente se o paciente está tomando o remédio, pois alguns podem cuspir os comprimidos.
Ou seja, a adesão ao tratamento da esquizofrenia é fundamental para o paciente bem como o conhecimento da doença pelos familiares, como suas possíveis evoluções e sintomas ao longo da vida.
A esquizofrenia é uma doença mental complexa, cujas causas não são ainda completamente conhecidas e que afeta aproximadamente 1% da população ao longo da vida.
Para o diagnóstico correto da esquizofrenia é importante descartar outras doenças, pois às vezes os sintomas psicóticos ou confusionais podem ser motivados por outras condições. Além disso, o abuso de certas drogas pode provocar sintomas semelhantes ao da esquizofrenia. Por esse motivo, a avaliação médica, o exame físico e exames laboratoriais devem ser feitos para afastar outras causas possíveis dos sintomas antes de se concluir que a pessoa tem esquizofrenia.
As pessoas que têm esquizofrenia costumam perceber a realidade de maneira muito diferente dos outros à sua volta. A experiência de sentir o mundo e os acontecimentos alterados, devido às alucinações e delírios, pode gerar medo, ansiedade e confusão. Em parte devido a essas experiências incomuns, elas podem se comportar de maneira estranha. Podem, por exemplo, parecer distantes, alheias ou preocupadas. Podem ficar imóveis durante muito tempo sem proferir qualquer palavra, apresentar risos imotivados, sussurrar entre outros. Em outros momentos podem andar de um lado para o outro parecendo preocupados, vigilantes, alertas, sem se alimentar e insones.
O tratamento precoce e correto é essencial para a melhora dos sintomas. As pesquisas estão gradualmente lançando medicamentos novos e mais seguros e se aproximando das complexas causas da doença, desde seus aspectos genéticos até os populacionais, visando aprender mais sobre a doença.
O tratamento alivia muitos sintomas e as medicações antipsicóticas começaram a ser utilizadas na década de 50 e têm contribuído muito para melhorar a perspectiva de vida dos pacientes. Estas medicações reduzem os sintomas psicóticos da esquizofrenia e geralmente permitem ao paciente funcionar de modo mais efetivo e apropriado. Ou seja, as drogas antipsicóticas são o melhor tratamento até agora disponível, mas não “curam” a doença nem garantem que não ocorrerão novos episódios psicóticos.
A escolha e dosagem da medicação devem ser feitas somente por um médico qualificado, que esteja bem informado sobre o tratamento médico dos transtornos mentais – usualmente um psiquiatra.
**Algumas pessoas abandonam o tratamento por falta de orientação e apoio adequados. Há ainda aquelas que param de tomar os medicamentos por causa de seus efeitos colaterais desagradáveis ou por outras razões. Mesmo quando o tratamento é eficaz, existem consequências da doença que persistem – a perda de oportunidades, o preconceito, os sintomas residuais, efeitos colaterais de certos medicamentos – tudo isso pode trazer sofrimento e tornar a vida difícil para essas pessoas.
As drogas antipsicóticas são em geral bastante efetivas para tratar certos sintomas da esquizofrenia, particularmente alucinações e delírios; infelizmente, elas não parecem ser muito úteis para melhorar outros sintomas, tais como a diminuição da motivação e da expressão emocional.
Os medicamentos antipsicóticos reduzem o risco de episódios psicóticos futuros em portadores que se recuperaram de um episódio agudo. Com a continuidade do tratamento, os índices de recaída são muito menores do que quando o tratamento é interrompido. Na maioria dos casos, não seria correto dizer que o tratamento medicamentoso “previne” as recaídas. Na verdade, ele reduz sua intensidade e frequência. **Justamente porque a recaída é bem mais provável quando os antipsicóticos são interrompidos ou usados irregularmente, é muito importante que os pacientes tenham um bom acompanhamento médico (ADESÃO AO TRATAMENTO) e que os familiares sejam também orientados e atendidos. Esse acompanhamento costuma aumentar a adesão ao tratamento. Esse termo – adesão – se refere a quanto os pacientes seguem o tratamento recomendado por seu médico. Boa adesão envolve tomar a medicação prescrita na dose correta e de forma apropriada todos os dias, além de comparecer às consultas e seguir cuidadosamente outros procedimentos do tratamento.
**A adesão ao tratamento é frequentemente difícil para pessoas com esquizofrenia por várias razões: Os pacientes podem não acreditar que estão doentes e negar a necessidade de medicação, ou podem ter o pensamento tão desorganizado que não se lembram de tomar o remédio de forma correta. Membros da família ou amigos podem nem sempre entender a doença e inadvertidamente aconselhar o paciente a parar de tomar o remédio quando ele passa a se sentir melhor. Os médicos têm um importante papel em ajudar seus pacientes a aderir ao tratamento. **Assim, com frequência, uma pessoa portadora de esquizofrenia poderá resistir ao tratamento, acreditando que os delírios ou as alucinações são reais e que a ajuda psiquiátrica não é necessária.
Às vezes, a família ou os amigos precisam intervir e levar seu parente a um serviço de atendimento psiquiátrico ou a um médico para ser avaliado. Em situações de crise, com a presença de comportamentos que representem risco para o portador ou para as pessoas a seu redor (por exemplo, o portador recusa a alimentação e está muito abatido, ou assustado e ameaçando bater nas pessoas, ou sai de casa e vaga sem destino pelas ruas), essa pessoa deve ser levada ao Pronto-Socorro (PS) mais próximo. Neste PS, mesmo que não haja psiquiatra de plantão, é obrigatório que o paciente seja avaliado. O médico que atendeu o paciente pode solicitar uma avaliação psiquiátrica numa unidade médica de referência, se achar necessário. Esta avaliação por psiquiatra pode ser necessária nos casos em que pode haver necessidade de internação psiquiátrica.
**É muito importante garantir a continuidade do tratamento após a hospitalização.
**Muitos pacientes param de tomar a medicação ou largam o tratamento e isso freqüentemente leva ao retorno dos sintomas da doença. Encorajar o paciente a continuar o tratamento e assisti-lo no processo de tratamento pode influenciar positivamente sua recuperação.
**Sem tratamento, algumas pessoas com esquizofrenia se tornam tão psicóticas e desorganizadas que não conseguem cuidar de suas necessidades básicas como alimentação, vestuário, higiene e moradia. Muito frequentemente, pessoas com transtornos mentais como a esquizofrenia, sem nenhum tipo de assistência ou tratamento, acabam isolando-se completamente do convívio social. Alguns se tornam moradores de rua ou terminam envolvendo-se em delitos e vão presos. Com isso, acabam não recebendo o tratamento de que tanto precisam e perpetuando o problema do isolamento e exclusão social.
Pacientes com uma evolução crônica da doença, que sofrem continuamente ou com crises sucessivas, mal controladas, em geral não recuperam um funcionamento normal e necessitarão de tratamento e acompanhamento a longo prazo, incluindo a medicação para controlar os sintomas.
Existem estratégias que pacientes, médicos e familiares podem usar para melhorar a adesão e prevenir a piora da doença como o uso de medicamentos em forma depot (injetáveis, de depósito), que eliminam a necessidade do paciente tomar comprimidos diariamente. O envolvimento dos familiares ou cuidadores na rotina de medicação também é muito importante para assegurar a adesão ao tratamento. É fundamental ajudar o paciente a entender que a medicação tem um efeito positivo em sua vida (mesmo com seus efeitos colaterais), ainda que este não aceite ou não acredite estar doente. Ajudar a estabelecer uma rotina para a medicação – por exemplo, tomar os remédios junto com as refeições pode ser uma tática.
**Conversar com o paciente e com seus familiares sobre a doença, seus sintomas, e informá-los sobre as medicações prescritas para tratar a doença ajuda a compreensão da necessidade do tratamento. Pacientes e familiares precisam ter acesso à informação e orientação para que possam melhor entender as razões do tratamento.
Não costuma ser útil dar o remédio sem o conhecimento do paciente, pois isto não o ajudará a perceber a relação entre medicação e melhora dos sintomas, e consequentemente não contribuirá para que ele adquira consciência da doença. Tomar o remédio de forma correta é quase sempre um longo processo de negociação, que requer paciência e compreensão de todas as pessoas envolvidas – profissionais, familiares e o próprio paciente.
Os pacientes com esquizofrenia podem melhorar muito dos sintomas psicóticos com a medicação, mas ainda assim muitos continuam a sofrer com dificuldades de comunicação, motivação, autocuidado e para estabelecer e manter relacionamentos.
Consequentemente, muitas pessoas com esquizofrenia sofrem não somente com dificuldades emocionais e cognitivas, mas também porque perdem habilidades sociais e de trabalho, ou seja, experiências de vida de maneira geral. Assim, as intervenções psicossociais podem ajudar principalmente a diminuir o sofrimento e as dificuldades sociais e ocupacionais.
As pessoas com esquizofrenia comumente vivem com seus familiares, sendo estes os principais responsáveis por seus cuidados ao longo prazo. Por essa razão, é importante que os familiares recebam apoio para que possam desenvolver estratégias para minimizar as crises e as recaídas, e para lidar com o próprio sofrimento.
Grupos “psicoeducativos”, coordenados por profissionais (em geral assistentes sociais, terapeutas de família ou psicólogos), têm-se mostrado uma intervenção útil para ajudar as famílias a desenvolverem estratégias e recursos para lidar com a doença.
Grupos de apoio e de ajuda mútua também são fundamentais. Embora não sejam coordenados por um terapeuta, esses grupos costumam ser terapêuticos porque os participantes encontram apoio e conforto em saber que não estão sozinhos nos problemas que enfrentam. Estes grupos são usualmente coordenados pelos próprios integrantes (portadores ou familiares) e constituem espaços úteis de troca de informações, de compartilhamento de conhecimento e experiências, e de fortalecimento para lidar com a convivência diária em casa. Ajudam a diminuir o isolamento dos familiares, facilitam a circulação de informações sobre serviços de tratamento e de recursos da comunidade. Eles podem também servir a outras importantes funções. Trabalhando juntas, as famílias podem exercer a defesa de direitos e demandar melhores condições de tratamento, serviços na comunidade e benefícios da lei. Ao atuar em grupo, tanto portadores como familiares podem contribuir para diminuir o estigma e levar ao conhecimento do público a desatenção, abusos e a discriminação contra os portadores de transtornos mentais.
Além do envolvimento com a busca e a adesão ao tratamento, os familiares, amigos e grupos de ajuda mútua dão apoio e encorajam o portador a estabelecer objetivos alcançáveis, uma vez que a “pressão” ou a crítica e exigência repetidas expõem a pessoa a um estresse que pode levar à piora dos sintomas. Ajuda também a identificar “sinais de alerta” ou "gatilhos", indicadores de que o paciente possa estar recaindo. Estes sinais podem ser mudanças no padrão de sono, agitação ou aumento do isolamento. Se um início de recaída é logo detectado e tratado, previne-se um novo surto, diminuindo sofrimento e perdas ao paciente.
REFERÊNCIA:
National Institute of Mental Health, Office of Communications. “Schizophrenia”. Bethesda, Maryland. NIH Publication No. 02-3517. Printed 1999, Reprinted 2002
abpcomunidade.org.br
Acessível em http://www.nimh.nih.gov/publicat/schizoph.cfm
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