Médico especialista em Ginecologia e Obstetrícia
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Para algumas mulheres, a máxima "sexo é sinônimo de prazer" pode não valer completamente. Isso porque existem algumas condições e desconfortos relacionados ao ato sexual que não só impedem um pleno aproveitamento, como também indicam problemas mais sérios.
Por ser um órgão interno, a vagina está mais suscetível a infecções e doenças que não são perceptíveis em um primeiro momento. Além disso, problemas na lubrificação e até mesmo a dor de cabeça podem pegar a mulher de surpresa, transformando a prática sexual em motivo de preocupação. Reconheça os sinais que indicam problemas durante o sexo e saiba quando procurar um especialista:
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Dor durante o sexo
Também chamada de dispareunia, a dor na relação sexual pode ter um fundo físico e químico ou psicológico - e para todos os efeitos não é algo normal na relação. "Entre as causas orgânicas podemos destacar infecções tanto dentro quanto fora do útero, bem como mioma ou endometriose", explica o ginecologista Fábio Rosito, do laboratório Salomão Zoppi Diagnósticos.
Já as razões psicológicas podem envolver traumas, falta de desejo sexual ou mesmo problemas com relação à sexualidade. "De qualquer forma, a dor durante o sexo deve ser investigada", completa Fábio.
Coceira vaginal
Intimamente relacionada com alergias e irritações, a coceira vaginal durante ou após o ato sexual indica que há algum agente estranho envolvido no ato, podendo representar desde uma alergia ao preservativo até mesmo uma irritação causada pela falta de higiene do pênis ou acessório inserido na cavidade vaginal. "A coceira vaginal também é um forte indicativo para candidíase, que geralmente vem acompanhada de uma secreção de coloração e odor característicos", diz o ginecologista Fábio.
Segundo o especialista, às vezes o agente etimológico pode estar instalado na uretra do próprio homem. "A coceira vaginal não é muito comum de acontecer durante o ato sexual, por isso a ocorrência pede atenção." A ginecologista Paula Marcovici, de São Paulo, lembra que alguns tratamentos para evitar essa coceira deverão ser feitos tanto pela mulher quanto pelo homem, que deverá consultar um urologista.
Ardência vaginal
Apesar de também estar muito relacionada a alergias, a ardência vaginal pode ser uma consequência do período da menopausa. "Quando acontecem as baixas hormonais, comuns do climatério, pode ocorrer um desequilíbrio da flora vaginal que facilita essas irritações e a ardência vaginal", afirma o ginecologista Fábio. No entanto, é mais comum ela estar relacionada a uma inflamação. "Alergia ao preservativo e atrito por falta de lubrificação estão entre as causas mais comuns de ardência durante o sexo", explica a ginecologista Paula.
Sangramentos durante o ato sexual
Se a relação sexual aconteceu próxima à data da menstruação, pode ser que o ato tenha simplesmente adiantado esse processo. Se não é esse o caso, é de extrema importância procurar um médico e verificar a causa desse sangramento.
"Pode ser que a mulher esteja com uma fissura consequente do próprio atrito do pênis ou então alguma ferida no colo do útero que sofreu uma inflamação com a relação", explica o ginecologista Fábio. Infecções bacterianas também podem provocar a inflamação no colo do útero.
"Por isso, além do anticoncepcional, o uso da camisinha é recomendado", diz a ginecologista Pauta. A endometriose e o câncer estão entre as causas mais graves de sangramento, por isso é essencial não esperar muito tempo para procurar o ginecologista.
Falta de lubrificação
Mesmo relaxada, a mulher pode não ter lubrificação vaginal. Isso acontece por diversos fatores. "Um deles é a baixa produção do hormônio estrogênio, que acontece em decorrência do climatério, impactando também na lubrificação da mulher", afirma a ginecologista Paula. Mulheres que estão amamentando também podem apresentar secura vaginal e perda de libido - e o responsável é o hormônio prolactina, que favorece a produção de leite. "A falta de lubrificação nesse caso pode vir acompanhada de desconforto durante o ato sexual, como dores e ardências", ressalta Paula. Além disso, a secura vaginal pode ter um fundo psicológico, relacionado à falta de interesse sexual. Dependendo do caso, o especialista poderá indicar medicamentos tópicos ou lubrificantes.
Excesso de lubrificação
Normalmente relacionado a um sinal positivo que é indicativo de excitação, a lubrificação facilita a penetração. É por isso que pode ser difícil pesar o momento em que ela se torna excessiva e desconfortável. "Podemos dizer que o excesso de lubrificação é um problema apenas quando incomoda a mulher, ou então quando persiste em seu dia a dia, não necessariamente relacionado à excitação", explica Fábio Rosito.
Os especialistas afirmam que esse distúrbio não tem tratamento, justamente por ser uma alteração fisiológica natural, que não a impede de manter uma vida sexual saudável. "As maiores orientações para esse caso são uma higiene mais frequente, podendo ser indicado o uso de absorventes diários."
Para conviver melhor com a lubrificação excessiva, a dica dos especialistas é não estender tanto o tempo das preliminares e começar a penetração enquanto a vagina ainda não está com a lubrificação excessiva. Isso pode até ser uma vantagem, pois uma mulher bem lubrificada tem maiores chances de alcançar o orgasmo.
Dor de cabeça
"Estudos científicos comprovam que a dor de cabeça durante o sexo, chamada de cefaleia copulogênica, mas comumente conhecida como cefaleia orgástica, pode ser sentida por homens e mulheres", declara a ginecologista Paula. Esse é um tipo específico de dor de cabeça, que é relacionada apenas ao ato sexual.
"Normalmente tem início momentos antes do orgasmo, podendo cessar logo após ou persistir por horas", afirma a especialista. A causa são as alterações hormonais e as vítimas mais comuns são aquelas que já sofrem de enxaqueca. Nesse caso, é importante procurar um médico especializado para identificar os reais motivos das dores de cabeça, e assim obter o tratamento adequado e eficaz.
Falta de elasticidade vaginal
A atrofia vaginal é comum na menopausa, mas não é decorrente apenas deste período na vida da mulher. "As características são a perda de espessura, elasticidade e umidade na vagina", explica a ginecologista Paula. Esse quadro pode provocar infecções, dores, irritações e sangramentos durante a relação sexual. Pode acontecer também a flacidez dessa musculatura, recorrente em mulheres que já tiveram muitos filhos.
"Como a musculatura foi muito solicitada por partos anteriores, isso pode levar a uma sensação de um canal vaginal mais largo e eventualmente a problemas como bexiga caída", diz o ginecologista Fábio. Normalmente, o desconforto só é percebido durante o ato sexual e a mulher deve procurar o médico ginecologista de confiança, para o tratamento adequado. "Existem técnicas que envolvem a combinação de medicamentos com exercícios para fortalecer a musculatura do períneo", lembra Fábio.