O começo de um relacionamento é, geralmente, marcado pelo entusiasmo intenso de ambos os parceiros. A palavra entusiasmo tem origem no grego: en + theos. Theos quer dizer "deus" e, para um povo politeísta como os antigos gregos (ou seja, que acreditavam na existência de muitos deuses), estar entusiasmado era o mesmo que estar "tomado", possuído ou no mínimo muito inspirado por um ou mais deuses, ou por algo divino. Entusiasmar-se significa estar eufórico a respeito de alguma coisa, alegre, pronto para todas. É um estado de espírito que acompanha a paixão do início dos relacionamentos amorosos.
No entanto, esse clima inicial com o tempo pode ir perdendo o efeito. Isso acontece porque a continuidade do prazer a dois requer disposição para enfrentar dificuldades, capacidade para se divertir com o(a) parceiro(a), e não somente gostar do outro, mas saber cuidar da relação. É essa cumplicidade que ajuda a renovar o entusiasmo e a acreditar que tudo pode dar certo. O amor não é suficiente para o sucesso e a persistência do relacionamento amoroso: é preciso manter o entusiasmo, crer na capacidade que cada um e o casal têm de transformar o que precisa ser modificado e preservar o que é bom.
Embora as pessoas se aproximem de uma forma especial, é necessário aprender a lidar com todas as variáveis que aparecem ao longo de uma convivência. Falar sobre as insatisfações é importante, desde que isso não se transforme apenas em reclamações. Demonstrar para o outro que é importante estar em sua companhia e buscar saídas criativas para os momentos difíceis da vida a dois é o que propicia um clima de intimidade que ambos podem apreciar. Um diálogo descontraído, no qual os dois se sintam à vontade para falar e ouvir com respeito os sentimentos um do outro gera uma aproximação natural, fundamental para que a motivação para o encontro íntimo se torne cada vez mais forte e autêntica na vida de um casal.
Cultivar esse diálogo e a disposição para enfrentar as questões é essencial para que as relações funcionem bem e por muito tempo. Conversar, muitas vezes, significa resolver as discórdias, o que quase nunca é muito fácil -- mais fácil é enfiar a sujeira debaixo do tapete, deixar para resolver depois, ou simplesmente suportar. É difícil encontrar o equilíbrio entre a figura queixosa, insatisfeita, que está sempre reclamando, e a outra que suporta tudo, tolera tudo e muitas vezes e tem uma enorme resiliência para as agressões da vida e do parceiro. Uma peca pelo excesso, a outra pela falta. Ambas perderam o entusiasmo há muito tempo e já não investem na relação, apenas "empurram com a barriga".
Um relacionamento saudável, aquele que traz conforto (alegria, confiança) para ambos os parceiros, exige que os dois saibam investir. Que saibam sair de seu próprio local de conforto para visitar o lugar do outro e compreendê-lo. Hoje em dia, os especialistas de marketing não cobram mais um "preço", uma "taxa" ou uma "matrícula" pelos cursos que oferecem: eles cobram um "investimento". Eles devem saber o que estão fazendo! "Investir" no conhecimento sobre o outro e sobre si mesmo, saber dialogar e ceder certamente "doem no bolso": é um preço que pagamos, claro, um tempo que poderíamos gastar com outra coisa, mas que investimos no "nós". Só que essas atitudes recebem o nome de "investimento" porque têm um retorno incrível: a capacidade muito maior de enfrentar, a dois, as dificuldades que a vida, sozinha, nos traz.
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