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Se você precisasse citar formas de tratar um câncer, certamente citaria a quimioterapia como um dos, senão o principal, artifício na luta contra a doença. Mesmo assim, poucas pessoas conhecem, de fato, como ela funciona. É regra que quem se submete a ela perde os cabelos? O que aumenta a chance de sucesso desse tratamento? Para tirar essas e outras dúvidas, conversamos com uma equipe de especialistas e, no Dia Mundial do Câncer (4), você confere as respostas:
1. O que é a quimioterapia?
"Quimioterapia é um conjunto de medicamentos utilizados para impedir o crescimento celular", explica o pediatra oncologista Flavio Augusto Luisi, diretor clínico do Instituto de Oncologia Pediátrica do GRAACC.
2. Como a quimioterapia ajuda no combate ao câncer?
De acordo com a oncologista Ana Paula Garcia Cardoso, do Hospital Albert Einstein, a quimioterapia atua no ciclo celular, destruindo e impedindo a multiplicação das células, reação que acontece de forma acelerada em tecidos tumorais. "Infelizmente, ele acaba matando e impedindo a multiplicação das células de tecidos saudáveis também, o que gera os efeitos colaterais", aponta.
3. Existe mais de um tipo de quimioterapia?
Sim. Existem muitos tipos de quimioterapia e ainda diferentes tipos de administração dessas drogas, explica o oncologista Hezio Jadir Fernandes Junior, do Instituto Paulista de Cancerologia. "As drogas quimioterápicas podem ser administradas por via oral, endovenosa, subcutânea, intramuscular e intratecal (dentro do líquido da espinha dorsal)", explica.
4. Todo paciente diagnosticado com câncer faz quimioterapia?
"Nem todas as pessoas que têm câncer precisam fazer quimioterapia", afirma a oncologista clínica Solange Moraes Sanches, do Hospital A. C. Camargo. Segundo a especialista, a decisão depende do tipo do tumor, de sua extensão e das condições de saúde do paciente. Entretanto, a quimioterapia faz parte do trio de tratamentos mais usados no tratamento do câncer, juntamente com a cirurgia e a radioterapia.
5. Quais os efeitos colaterais mais comuns da quimioterapia?
Além dos tecidos tumorais, células do tecido mucoso, glóbulos brancos (leucócitos) do sangue e os cabelos também crescem de forma acelerada se comparados a outros tecidos, por isso, são os mais afetados no tratamento de quimioterapia. "Assim, alguns dos efeitos colaterais mais comuns são queda do cabelo, aparecimento de feridas na boca e diminuição dos leucócitos no sangue", aponta o pediatra oncologista Flavio. Outras complicações comuns são náuseas, vômitos, diarreia, constipação e fraqueza.
Vale lembrar, entretanto, que existem inúmeros medicamentos disponíveis para controle desses efeitos colaterais e que, por isso, não é regra que o paciente terá essas complicações.
6. Em quais casos a chance de sucesso no tratamento é maior?
"A chance de sucesso no tratamento do câncer depende do estágio em que ele é diagnosticado", alerta o oncologista Hezio. Segundo ele, tumores pequenos e localizados são curáveis na maior parte dos casos.
Já tumores em estágio avançado em que há metástase e o sistema linfático foi atingido costumam ser tratados para que se aumente a sobrevida e a qualidade de vida do paciente. "Mas como o leque de drogas hoje existente é muito grande, o indivíduo deve buscar ajuda sempre, pois pode se beneficiar em qualquer estágio", afirma. Mas não basta apenas dar início ao tratamento. É preciso seguir com disciplina o plano estabelecido pelo médico.
7. Quais atitudes do paciente podem ajudar no sucesso do tratamento?
Hábitos de vida saudáveis são sempre bem-vindos e auxiliam na recuperação do organismo, reduzindo até a intensidade dos efeitos colaterais, explica a oncologista Solange. "Isso inclui uma dieta balanceada, a prática regular de exercícios, o abandono do cigarro, entre outros cuidados", explica. Ela destaca que esses são hábitos saudáveis recomendados para qualquer pessoa que queira aumentar a longevidade, o que reforça que o indivíduo com câncer deve tentar levar uma vida o mais normal possível.
8. Quando o tratamento de quimioterapia é cessado?
"O tratamento de quimioterapia pode ter uma duração pré-determinada, pode ser utilizado até a resposta máxima ou ainda pode ser mantido até que alcance uma toxicidade inaceitável", diz a oncologista Solange. Não há regra. Cada caso é um caso.
9. Existe alguma diferença no tratamento da quimioterapia para crianças?
Sim. O câncer do adulto é o chamado câncer do envelhecimento e tem muita correlação com hábitos de vida, como alimentação composta de excesso de gordura e embutidos, tabagismo, alcoolismo, vida sedentária, obesidade, exposição solar sem proteção, entre outros. Assim, a maioria dos tumores do adulto são tumores sólidos na pele, na mama, na próstata, no pulmão, no útero, entre outros. A chance de cura aumenta quanto mais cedo iniciarmos o tratamento.
Saiba mais: As dez respostas que você precisa saber ao receber um diagnóstico de câncer
"Já o câncer da criança é o chamado câncer do crescimento e, na maioria das vezes, é de causa genética não hereditária", explica o pediatra oncologista Flavio. Os mais comuns são as leucemias, os tumores cerebrais e os linfomas. Geralmente, o câncer na criança é muito agressivo e tem crescimento rápido, mas como a quimioterapia age em células que estão se multiplicando, quanto mais depressa um tumor cresce, mais rapidamente ele é destruído pela quimioterapia. Por essa razão, apesar de mais agressivo, a maioria das crianças, com o tratamento adequado, fica curada.