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Já reparou que algumas pessoas têm manchas esbranquiçadas nos dentes? Inclusive, existe uma chance de você mesmo ter esse tipo de sinal! O problema é relativamente comum em centros urbanos e é chamado de fluorose, "um distúrbio da formação dos dentes associado com uma ingestão crônica do flúor durante o processo da formação dentária", ensina o odontologista Rodrigo Bueno de Moraes (SP-CD-56297), mestre em Odontologia pela Universidade Paulista e consultor do instituto Pedro Martinelli PRÓ Odontologia.
Na fluorose ocorre uma desmineralização dos dentes. "Podem surgir desde linhas opacas brancas finas cruzando a coroa dos dentes até casos em que o esmalte se rompe, deixando o restante pigmentado", descreve o odontologista Marco Antonio Manfredini (SP-CD-27268), Secretário do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
Mas você pode se perguntar: o flúor não é um item importante para a proteção contra cáries? Certamente. No entanto, essas manchas aparecem quando há um excesso do mineral.
"É mais comum o aparecimento em crianças em regiões onde a água é fluoretada ou possui nível de fluoreto natural maior que 4mg/L", explica o odontologista Leonardo Panza (SP-CD-82271), doutor em próteses dental pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Quando se preocupar
Quando muito grave, a fluorose pode causar manchas acastanhadas e grande desgaste dos dentes. No entanto, Moraes comenta que uma revisão dos levantamentos feitos em todo país mostra que a maioria dos casos no Brasil são leves ou muito leves. "Isso mostra não haver comprometimento dos dentes e de bases ósseas na absoluta maioria da população brasileira", considera o especialista.
Como a fluorose ocorre na época de formação dos dentes, as manchas aparecem durante a infância mesmo. Se aparecer nos dentes de leite, não significa que aparecerá nos permanentes. No entanto, dentes de leite sem as manchas não significa que os permanentes estarão imunes a ela, afinal esses dois tipos de dentição se formam em períodos diferentes.
"Mesmo na dentição permanente, ela pode afetar alguns dentes e outros não, ou ainda atingir dentes diferentes com graus de severidade diversos. Tudo depende da época que ocorreu o excesso de ingestão e da época de formação dos dentes", explica Panza.
De modo geral, o período para se preocupar mais com a fluorose é entre o nascimento e os oito anos de idade, alerta Manfredini.
Dá para evitar?
Normalmente, a fluorose é relacionada à variação da dosagem de flúor nas águas de abastecimento público. "Entretanto, há evidências de que a prevalência de fluorose dentária tem aumentado no mundo todo pela quantidade de flúor ingerida por meio de múltiplas fontes", pondera Manfredini.
Hoje, o flúor chega até os dentes tanto através da água quanto com o uso de cremes dentais fluoretados, indicados como prevenção de cáries. Na infância, é muito comum que as crianças engulam a pasta dental, por isso é importante tomar cuidado.
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"Os pais podem tomar medidas simples para prevenir a fluorose, como remover excessos da pasta de dente com gaze molhada em água ou com o auxílio da própria escova de dente durante o ato da escovação com pastas fluoretadas no caso de crianças pequenas e orientar crianças maiores e adolescentes a cuspir excessos", considera Moraes.
Como tratar
Quando os casos de fluorose são leves ou muito leves, o tratamento tem uma finalidade apenas estética. "O problema pode ser eficazmente tratado com microabrasão ácida, porque a camada de esmalte alterada é superficial", relata Manfredi.
Já casos com manchas maiores ou mais escuras, uma alternativa é o clareamento dental, "afim de uniformizar a coloração dos dentes, minimizando as manchas brancas existentes", explica Panza.
Em casos mais graves, é preciso fortalecer as estruturas dos dentes. "O reparo é feito com a restauração das regiões comprometidas", explica Moraes. Isso pode ser feito com facetas de resina.