Médico especializado em angiologia e cirurgia vascular graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente é...
iAtualmente adotamos uma classificação internacional para falar das varizes, a classificação CEAP. O C é referente aos sinais clínicos das varizes, o E é relacionado com a causa (etiologia), o A é onde se encontram, ou seja, anatomia, e o P é do inglês e significa fisiopatologia, que é estudo dos mecanismos pelos quais se originam as mais variadas doenças. Isso permite explicar por que ocorrem seus sintomas e as diversas manifestações.
No site da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular você pode encontrar o quadro completo com todas as classificações. Neste artigo, vamos aprofundar os casos de sinais clínicos [C].
Tipos de varizes
Classificação clínica | Características |
C 0 | Sem sinais visíveis ou palpáveis de doença venosa; |
C 1 | Telangiectasias e/ou veias reticulares |
C 2 | Veias varicosas |
C 3 | Veias varicosas mais Edema |
C 4a | Hiperpigmentação ou eczema |
C 4b | Lipodermatoesclerose ou atrofia branca |
C 5 | Úlcera venosa cicatrizada |
C 6 | Úlcera ativa |
Classe s | Sintomático - dor, sensação de aperto, irritação da pele, sensação de peso, cãibras musculares, outras queixas atribuíveis a disfunção venosa |
Classe a | Assintomático |
Varizes - Tipo C1
Na prática médica do dia a dia do consultório e para facilitar o entendimento, podemos dizer que os pacientes nos procuram por motivos estéticos, quando apresentam telangectasias (C1), que são aqueles vasos finos arroxeados que normalmente aparecem na face lateral da coxa ou próximo ao joelho, que aparecem muito, principalmente em pessoas muito claras e que não aumentam em tamanho, mas em quantidade.
Começam aos poucos e, se não tratados, vão se espalhando por toda a perna e coxa, dando uma aparência muito feia. Às vezes são acompanhados de queimação, dor e sensação de peso. Quando são um pouco maiores, chamamos de veias reticulares, são mais esverdeadas e aparentes e já se apresentam como pequenas varizes, ou seja, dilatadas e tortuosas. Nesse estágio ainda conseguimos tratá-las por meio clínico com aplicação de medicamentos dentro delas (escleroterapia) e/ou com o laser transdérmico, que promove uma reação física, térmica, possibilitando seu desaparecimento. Em casos especiais às vezes temos que operar.
Saiba mais: Varizes: o que são, sintomas e como tratar
Varizes - Tipo C2
As varizes propriamente ditas (C2) são veias dilatadas, tortuosas e que não funcionam mais e podem causar dor, peso, inchaço e, se não tratadas, levam a outras complicações como veremos a seguir. O tratamento das varizes também pode ser feito com escleroterapia, às vezes usando-se um método de injeção do medicamento em forma de espuma, que possibilita usar menos medicamento em uma veia maior, ou tratamento cirúrgico, que é feito de forma personalizada, no qual cada paciente tem um tratamento de acordo com o seu comprometimento.
Nos casos de pacientes com varizes, estas podem ter as veias safenas acometidas ou não. Chamamos as veias safenas de tronculares, pois elas têm um trajeto bem definido anatomicamente, que começa no tornozelo e vai até a virilha. Também podemos ter pessoas com muitas varizes, mas sem o acometimento das safenas.
Quando temos a safena acometida, podemos fazer sua retirada parcial, segmentar ou mesmo tratá-la por dentro usando uma fibra laser que pode queimar o segmento que está doente. Cada caso deve ser estudado junto ao seu médico vascular.
Varizes - Tipo C3 e C4
A doença venosa é uma doença crônica, degenerativa e que não tem cura. Se não for tratada, vai piorando lenta e progressivamente até começar a dar complicações. Seguindo a classificação e a própria evolução da doença, em uma fase mais avançada (C3) aparece o inchaço, que, além da sensação de perna pesada, se não tratado, evolui para (C4), que é quando a perna pode começar a ficar manchada de marrom e a pele muito seca. Quando a pele fica muito seca e coçando, podem aparecer as úlceras varicosas, que são feridas na perna de difícil cicatrização. Essa é a história natural da doença varicosa.
O tratamento deve ser o mais precoce possível. Consiste desde a escleroterapia nas fases iniciais, cirurgia, medicamentos flebotômicos, uso de meia elástica medicinal, mudanças de hábitos que incluam peso equilibrado, atividade física regular, evitar longos períodos de imobilização, elevar as pernas acima do coração com frequência, não fumar, entre outros.
Além dessas complicações que citamos, ainda podemos ter a varicorragia, que é uma hemorragia espontânea ou traumática das varizes; as flebites, que são inflamações de uma veia; e as tromboses, que são obstruções da circulação venosa em um segmento de veia que pode levar a problemas mais sérios.
Recomendações
De tudo o que foi dito, fica uma simples lição: na doença venosa, assim como na vida, quanto mais cedo for o tratamento, melhor será o resultado. Use essa informação a seu favor. Se tiver problemas de varizes, trate o quanto antes. Pense em sua saúde vascular. Não deixe que suas varizes virem doença.