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Atualizado em 18/12/2020
A impressão que fica é que o mundo está parado por causa do novo coronavírus. Alguns podem achar que medidas como o distanciamento social são exageradas, mas a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é clara: evitar totalmente aglomerações de pessoas.
Declarada como pandemia, a COVID-19 teve mais de 75 milhões de casos confirmados pelo mundo e levou 1,6 milhão de pessoas à morte até 18 de dezembro de 2020, segundo o hospital John Hopkins.
No Brasil, a doença, que foi registrada pela primeira vez em 26 de fevereiro, atingiu a marca de mais de 7 milhões de casos confirmados e 184 mil mortes dez meses depois da chegada da pandemia em solo brasileiro
Para frear o número de casos e mortes por COVID-19, a OMS, órgãos sanitários e profissionais da saúde indicaram, além do uso de máscara e higienização de superfícies, o distanciamento social como medida de segurança.
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O que é distanciamento social?
O distanciamento social nada mais é do que uma maneira de diminuir a disseminação do coronavírus. Na prática, as pessoas devem evitar o contato social em qualquer contexto, permanecendo o máximo possível em suas casas.
O principal intuito desta medida é desacelerar a transmissão cruzada do vírus, ou seja, um cenário em que não é possível rastrear onde o paciente contraiu a doença - podendo ter sido no transporte público, no trabalho, dentro de casa ou em qualquer outro lugar.
Além disso, outro objetivo do distanciamento é ter compaixão com aqueles que não possuem um sistema imunológico bom, com os idosos e com quem possui doenças crônicas - considerados integrantes do grupo de risco do coronavírus. Apesar de 80% dos casos apresentarem sintomas leves, os outros 20% têm maior chance de desenvolverem um quadro grave.
O que significa "achatar a curva" da COVID-19?
Como se trata de uma doença de fácil transmissão, o gráfico que representa o aumento de casos apresenta uma curva exponencial, o que significa um aumento vertiginoso de pessoas doentes.
Portanto, "achatar a curva" da COVID-19, como explica a infectologista, seria quebrar o ciclo de transmissão do coronavírus e impedir que este aumento chegue a patamares insustentáveis para o sistema de saúde local.
A consequência desta curva vertiginosa é o aumento da transmissão e replicação da doença, o que gera um aumento da mortalidade. No caso do Brasil, a especialista explica que esta curva continuará a subir se não houver intervenção. "Idealmente, é preciso que haja uma intervenção, e o distanciamento foi o modo que outros países optaram, eles fizeram condutas mais restritivas com uma boa resposta", finaliza.
Além de uma alta taxa de letalidade, a consequência deste aumento exponencial de casos é uma crise na capacidade do sistema de saúde. Assim, o atendimento hospitalar não consegue absorver a quantidade de doentes e faltam leitos de UTI.
O caso da gripe espanhola
Raquel ainda cita o exemplo da Gripe Espanhola, em 1918, que foi um caso em que a implementação de medidas restritivas foi usada e funcionou. Um estudo sobre a doença nos Estados Unidos comprovou que estados que adotaram essa restrição de circulação de pessoas frearam o aumento de casos e a mortalidade.
A cidade da Filadélfia, por exemplo, não implementou restrições cedo o suficiente como a cidade de St. Louis, o que resultou numa taxa de mortalidade oito vezes maior que St. Louis e que atingiu seu pico mais cedo. Com a implementação de medidas restritivas antecipadamente, St. Louis conseguiu achatar a curva da gripe espanhola.
Meta é retardar a transmissão
O melhor dos cenários é aquele em que o Brasil consegue "achatar a curva" e alcançar um patamar em que não haja um grande crescimento dos casos. "É a melhor das respostas ou a quase saída do surto", diz Raquel.
A Coreia do Sul virou exemplo de como combater o coronavírus. Foi através do distanciamento social que o país conseguiu retardar a transmissão da COVID-19 no começo da pandemia no país. Atualmente, porém, o país vem sofrendo com uma alta exponencial dos casos.
O objetivo, dada a situação do Brasil, é tentar diminuir a transmissão. "A gente tem que diminuir a transmissão cruzada. Isto não vai eximir de ter os casos, mas vamos diminuir a multiplicação desgovernada deles. A replicação e a transmissão descontrolada geram um colapso total na sociedade, na família, no aumento dos riscos, no aumento dos casos graves", afirma.
Diferença entre quarentena, isolamento e distanciamento social
Os três são muito parecidos, segundo a infectologista. A quarentena acontece quando a pessoa já está doente, enquanto que o isolamento nem sempre está relacionado à doença, ele pode ser feito por outros motivos. Já o distanciamento social pode ter várias interpretações e pode ser praticado de várias formas.
Distanciamento social: o que podemos fazer?
A infectologista Raquel Muarrek alerta para a necessidade de intervenção imediata. "Precisamos realmente mudar, porque este vírus, como ele está se apresentando, pode se adaptar ao humano. Se não acharmos a cura, uma vacina ou um tratamento, podemos ter essa gripe permanentemente ou em outras versões, igual à gripe H1N1, que a cada ano aparece de novo", pontua.
Manter distância social significa não ter contato social direto com ninguém, o que inclui gestos como apertos de mãos, beijos e abraços, entre outras medidas. Afinal, contato físico é a forma mais fácil de transmissão do vírus. Por isso, confira algumas dicas de como você pode modificar sua rotina para contribuir com o achatamento da curva:
Trabalhar de casa: Se seu trabalho permitir, você pode fazer home office. Assim, evita o transporte público e o contato com colegas de trabalho. Órgãos de saúde também recomendam adiar reuniões ou fazê-las online.
Evitar aglomerações: A recomendação da OMS é evitar espaços em que possa haver uma grande concentração de pessoas, como shoppings, cinemas, shows, eventos culturais e viagens.
Mudar horários: Se a empresa não permite o home office, talvez você consiga negociar a mudança de horário, para não utilizar o transporte público lotado em horários de pico.
Antecipar férias: Outra solução é antecipar suas férias, para conseguir evitar o fluxo de pessoas nas ruas e outros ambientes.
Cancelar ou adiar viagens;
Fazer exercícios em locais abertos: Troque a academia em locais fechados por um exercício ao ar livre.
Manter 1 metro de distância: Se não puder evitar o horário de rush no transporte público, tente manter uma distância segura de um metro das pessoas. Se mesmo assim não for possível, evite falar no transporte para não espalhar gotículas de saliva.
Seguir as recomendações de higiene: Sempre que chegar em casa da rua, troque de roupa, lave as mãos, use álcool em gel 70% e desinfecte objetos e superfícies tocados com frequência, como celulares, brinquedos, maçanetas, corrimão.
Evitar contato físico ou compartilhamento de objetos: Mude a forma de cumprimentar os outros e evite dar apertos de mão, abraços e beijos.
Volta das atividades
Ao longo da pandemia, algumas atividades foram retomadas - com os devidos cuidados e com as medidas de segurança necessárias.
Dessa forma, uma vez que a retomada do trabalho em escritórios é retomado, bares e restaurantes voltam a funcionar, parques são abertos e o "novo normal" é estabelecido, algumas práticas devem ser consideradas no dia a dia.
De acordo com Paula Massaroni Peçanha Pietrobom, infectologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, independente do ambiente que a pessoa for frequentar, a regra ainda é manter o distanciamento de, no mínimo, 1,5 metro entre as pessoas, usar máscaras durante todo o período de convivência, higienizar as mãos de forma adequada e evitar tocar a área do rosto, principalmente em ambientes públicos.
"A flexibilização aumenta a possibilidade de transmissão, porque as pessoas estarão se encontrando mais. Porém, ao conviver, se a população respeitar o uso de máscara, o distanciamento social e a higiene correta das mãos, conseguiremos reduzir bastante este risco", afirma a médica.
Apesar das medidas de prevenção ao coronavírus e da diminuição dos riscos, é preciso lembrar que a pandemia ainda não está solucionada.
"Estamos vivendo ainda em um momento de alerta, e isso deve perdurar até a garantia de uma imunização efetiva para grande parte da população ou, pelo menos, para grupos de maior risco. O problema ainda não está resolvido", alerta Paula.
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