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O consumo de bebidas alcoólicas pode trazer uma série de consequências negativas ao organismo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o uso nocivo do álcool levou à morte mais de 3 milhões de pessoas no mundo apenas em 2016 - representando mais de 5% da carga global de doenças em todo o planeta.
Em busca de uma qualidade de vida melhor, não é raro que muita gente opte por diminuir ou mesmo eliminar o álcool da rotina. Essa atitude simples é, de fato, capaz de promover diversos benefícios, que impactam não só na saúde física, mas também no bem-estar mental.
Benefícios de deixar de beber
Ao deixar de consumir bebidas alcoólicas, as melhorias proporcionadas ao corpo são bem perceptíveis. De acordo com Angelica Grecco, nutricionista do Instituto EndoVitta, algumas das vantagens que esta decisão acarreta ao organismo são:
- Redução da gordura no fígado: a bebida alcoólica é metabolizada no fígado e armazenada em forma de gordura, portanto, ao reduzir o consumo, o órgão se regenera naturalmente
- Perda de peso: a bebida alcoólica possui alto teor calórico e a diminuição de seu consumo pode favorecer o emagrecimento
- Redução da retenção de líquidos: o álcool induz a desidratação do corpo, o que provoca a retenção de líquidos. Então, ao deixar de beber, esse quadro é revertido
- Redução das chances de câncer de cabeça e pescoço: estudos científicos indicam que o consumo de bebida alcoólica potencializa o risco da doença e parar de beber é uma das recomendações para evitar esse quadro
- Melhora na qualidade da pele: a bebida alcoólica também provoca ressecamento da pele e redução da absorção de alguns nutrientes. Assim, quando você deixa de beber, o aspecto da pele pode melhorar consideravelmente
- Diminuição do risco de desnutrição: pessoas etilistas não sentem fome e acabam substituindo a comida pela bebida, o que pode acarretar em uma falta de nutrientes importantes para o organismo
- Melhora do sono: parar de beber pode favorecer a circulação sanguínea e o funcionamento dos neurônios, o que impacta diretamente na qualidade do sono
A nutricionista acrescenta que boa parte desses efeitos são sentidos logo após a primeira semana em que é feita a pausa ou a redução do consumo de álcool. "A longo prazo, haverá aumento desses benefícios e, consequentemente, da qualidade de vida da pessoa", afirma Angelica.
Parar de beber por um mês é suficiente?
Fazer períodos sabáticos sem álcool, como uma semana ou um mês, costuma trazer benefícios ao corpo. Entretanto, assim que o consumo é retomado, a nutricionista Angelica Grecco explica que todos os malefícios também voltam.
Nos casos mais graves de efeitos do etilismo, a hipótese de interromper o consumo temporariamente não é uma opção. "É o caso da cirrose hepática: a bebida precisa ser 100% eliminada e, muitas vezes, é necessária a realização de um transplante de fígado para garantir a vida do paciente", afirma a especialista.
Consumo de baixo risco
A quantidade aceitável de bebida alcoólica que uma pessoa pode ingerir por semana varia. Segundo o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA), referência no tema, os limites que minimizam o desenvolvimento de problemas de saúde a curto e longo prazo associados ao álcool são:
- Para mulheres adultas e pessoas acima de 65 anos: não mais que 3 doses em um único dia, sem ultrapassar 7 doses na semana
- Para homens adultos: máximo de 4 doses em um único dia e não exceder 14 doses na semana.
A dose padrão de álcool corresponde a 350ml de cerveja, 150ml de vinho ou 45ml de destilado. Esse é um parâmetro recomendado, mas não é uma regra para todos, pois os efeitos do álcool variam bastante de pessoa para pessoa.
Para saber se o consumo atingiu o grau de dependência, é necessário que a pessoa realize uma avaliação médica (com exames clínicos e laboratoriais), em que seja analisada sua história clínica, e também uma avaliação psicológica. "O consumo exagerado impacta na vida social, familiar, psicológica, financeira e física da pessoa", acrescenta Angelica.
Vale esclarecer ainda que, no processo de interrupção ou pausa do consumo de bebidas, é comum que a pessoa acabe transferindo o hábito para um outro tipo de compulsão. Neste tipo de situação, a nutricionista aconselha que o indivíduo seja avaliado por um médico e psicólogo para que ele tenha um diagnóstico assertivo e receba o tratamento adequado.
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