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A Oxigenação por Membrana Extracorpórea, também conhecida como ECMO, consiste no uso de um aparelho que promove uma forma de respiração extracorporal. A tecnologia possui a capacidade de reproduzir simultaneamente a função do pulmão e do coração em pacientes que apresentam dificuldades nas funções de tais órgãos.
O tratamento costuma ser indicado apenas em casos graves, quando outras alternativas já foram exploradas. O uso de ECMO pode ser indicado para pessoas de todas as idades e, entre as complicações mais comuns tratadas pela técnica, estão:
- Infarto do miocárdio
- Parada cardíaca
- Insuficiência respiratória aguda
- Transplante de ponte para pulmão
- Transplante de ponte para o coração
Como funciona?
A máquina é conectada ao paciente através de dois cateteres - um localizado na coxa e o outro na região peitoral. O primeiro cateter é responsável por retirar o sangue que fica abaixo do coração, o bombeando para o aparelho de ECMO, que retira o excesso de carbono e o substitui por oxigênio. Então, o segundo cateter retorna o sangue oxigenado para o coração.
Dessa forma, a técnica permite que as trocas gasosas ocorram de maneira adequada, estabelecendo a condição do paciente até que o quadro de saúde apresente estabilidade ou ocorra o transplante do órgão que perdeu sua funcionalidade.
Benefícios
A tecnologia não trata a condição que provocou complicações cardíacas ou respiratórias, mas pode trazer benefícios que auxiliam na recuperação:
- Permite suporte temporário na insuficiência pulmonar e/ou cardíaca
- Aumento no tempo de decisão e análise do quadro clínico
- Possibilita que procedimentos cirúrgicos sejam realizados paralelamente ao uso do aparelho
ECMO e COVID-19
Apesar de existir há décadas, a tecnologia ganhou popularidade como alternativa para o tratamento de casos graves do novo coronavírus. Um estudo recente feito por pesquisadores dos EUA revelou que o uso de ECMO pode reduzir consideravelmente complicações causadas pela COVID-19 quando comparado com a técnica de ventilação mecânica.
A análise contou com a participação de 39 pacientes que receberam o diagnóstico da doença e apresentaram quadro de insuficiência respiratória grave. Destes, 21 foram tratados com ventilação mecânica e 18 foram conectados ao aparelho de ECMO.
Os resultados revelaram que, durante 30 dias, o número de mortes entre os pacientes que receberam a Oxigenação por Membrana Extracorpórea foi significativamente menor, registrando um total de 5,6%. Além disso, 71,4% dos indivíduos tratados com ventilação mecânica apresentaram lesão renal aguda, quadro que não foi apresentado entre aqueles que utilizaram o ECMO.
"O uso de ECMO resultou na ausência de dano ao órgão-alvo secundário e maior sobrevida intra-hospitalar em pacientes especialmente selecionados com COVID-19 grave", relataram os pesquisadores.
Já um estudo brasileiro, feito pelo Departamento de Medicina Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein em parceria com outras instituições, revelou que, ao analisarem 265 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) que foram tratados com o ECMO, que 45% dos pacientes necessitaram que o equipamento fosse substituído com urgência devido ao alto risco de distúrbios de coagulação induzidos pelo dispositivo ou piora das trocas gasosas.
Além disso, as complicações mais comuns apresentadas com o uso do aparelho foram a formação progressiva de coágulo na membrana do oxigenador (51%), formação súbita de coágulo na membrana do oxigenador ou na bomba de sangue (35%) e falha mecânica aguda do sistema de ECMO (10%).
Entretanto, os especialistas afirmam que os riscos do uso do aparelho devem ser individualizados. "As principais contraindicações incluem hemorragia ativa não controlada, câncer incurável, transplante de órgãos sólidos ou imunossupressão, disfunção irreversível do sistema nervoso central e insuficiência cardíaca ou respiratória irreversível ou terminal em pacientes que não são candidatos a transplante", explicam os cientistas.
No Brasil, ainda há limitações para o uso da técnica em hospitais, já que o ECMO não é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uma análise feita pelo NATS (Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde) do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) concluiu que o uso da tecnologia pode custar até R$ 30 mil.