Doutor em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina, tem título de especialista e...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iO que é Cardiomiopatia hipertrófica?
Cardiomiopatia hipertrófica é o tipo mais comum de doença cardíaca de origem genética. Ela se caracteriza pelo engrossamento do músculo do coração (miocárdio), fazendo com que seja mais difícil para o coração bombear o sangue. Muitas vezes a cardiomiopatia hipertrófica não é diagnosticada, uma vez que muitas pessoas apresentam poucos ou nenhum sintoma. A maior parte das pessoas com a doença vive normalmente, não ocasionando problemas significativos.
Causas
Causas da cardiomiopatia hipertrófica
A cardiomiopatia hipertrófica normalmente é causada por mutações genéticas que causam a hipertrofia (engrossamento) do músculo do coração. As pessoas com essa doença também apresentam um arranjo anormal das células do músculo cardíaco, condição conhecida como desordem fibromuscular, que pode contribuir para a arritmia em algumas pessoas.
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Tipos
Tipos de cardiomiopatia hipertrófica
A maioria das pessoas com cardiomiopatia hipertrófica tem a parede entre as duas câmaras inferiores do coração (ventrículos) mais alargada, o que obstrui o fluxo sanguíneo. Condição que, às vezes, é chamada cardiomiopatia hipertrófica com obstrução ou cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva.
Entretanto, em alguns casos a cardiomiopatia hipertrófica acontece sem obstrução significante do fluxo sanguíneo, mas o ventrículo esquerdo, que é a principal câmara de bombeamento do coração, pode se tornar duro. Com isso, a quantidade de sangue que o ventrículo pode conter e bombear a cada batimento se torna reduzida, o que pode ser chamado de cardiomiopatia hipertrófica sem obstrução ou cardiomiopatia hipertrófica não obstrutiva.
Cardiomiopatia hipertrófica e cardiomiopatia dilatada: diferenças
A cardiomiopatia hipertrófica envolve um espessamento e uma rigidez dos ventrículos e na cardiomiopatia dilatada há uma dilatação dos ventrículos. "A miocardiopatia dilatada, também conhecida por cardiomiopatia dilatada, é uma condição em que há um aumento do coração a ponto dele não conseguir bombear sangue com a mesma eficácia de antes. O coração aumenta e as fibras musculares se esticam ao máximo, tendo dificuldade maior de se encurtar e comprimir o sangue para fora", explicou Bruno Valdigem, doutor em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo, em entrevista prévia ao MinhaVida.
Sintomas
Sintomas de cardiomiopatia hipertrófica
Os sintomas de cardiomiopatia hipertrófica podem incluir:
- Respiração encurtada, especialmente durante a prática de exercícios
- Dores no peito
- Desmaios
- Fadiga
- Sensação de batimento cardíaco acelerado ou palpitações
- Sopro, que o médico detectará quando auscultar o batimento cardíaco
Em algumas pessoas, o engrossamento do músculo do coração pode causar problemas na elétrica cardíaca, resultando em arritmias que podem colocar a vida do paciente em risco.
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Diagnóstico
Diagnóstico de cardiomiopatia hipertrófica
O médico provavelmente pedirá um exame de ecocardiograma para dar o diagnóstico de cardiomiopatia hipertrófica. Esse teste de imagem permite que o cardiologista veja se o músculo do coração está engrossado, se o fluxo sanguíneo está obstruído e se as válvulas cardíacas estão se movendo normalmente ou não.
Outros testes também podem ser incluídos para diagnosticar a doença, entre eles:
- Teste ergométrico
- Monitor Holter 24 horas
- Ressonância Magnética
Se algum parente próximo, como pais, irmãos ou filhos apresentaram cardiomiopatia hipertrófica, o médico pode recomendar que os integrantes da família façam alguns testes, a fim de diagnosticar a doença o quanto antes ou descartá-la. Para isso ele pode solicitar:
- Um teste genético
- Ecocardiograma
Fatores de risco
Normalmente a cardiomiopatia hipertrófica é uma condição passada geneticamente pelos pais. Estima-se que 50% dos filhos de pessoas com a doença também a desenvolvam. Então, parentes próximos (pais, filhos e irmãos) de pessoas diagnosticadas com cardiomiopatia hipertrófica devem procurar um cardiologista para checar a possibilidade de também ter a doença.
Na consulta médica
O médico que faz o diagnóstico de cardiomiopatia hipertrófica é o cardiologista. O médico pode fazer uma série de perguntas, tais como:
- Alguém na família já apresentou doenças cardíacas? Qual?
- Qual a severidade dos seus sintomas?
- Eles pioram com a prática de exercícios?
- Os sintomas permanecem os mesmos, se alteram de tempos em tempos ou mudam quando você faz algum tipo de esforço físico?
- Costuma praticar exercícios físicos? Com qual frequência?
- Você já desmaiou? Suspeitou de alguma razão para isso?
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Buscando ajuda médica
Antes da consulta, procure descobrir se alguém da família tem problemas no coração, especialmente cardiomiopatia hipertrófica ou morte súbita devido a problemas cardíacos. Além disso, se ao praticar exercícios físicos os sintomas pioram, restrinja ou evite atividades físicas até a consulta com o seu médico.
Vários problemas de saúde, além da cardiomiopatia hipertrófica, podem causar os sintomas da doença - como diminuição da capacidade de respirar e palpitação cardíaca - e alguns podem ser bastante graves. Por isso, caso apresente os sintomas por mais de alguns minutos procure atendimento médico de emergência.
Tratamento
Tratamento para cardiomiopatia hipertrófica
O objetivo do tratamento da cardiomiopatia hipertrófica é aliviar os sintomas e prevenir a morte súbita por fatores cardíacos em pessoas de alto risco. O tratamento dependerá da gravidade dos sintomas, podendo conter:
- Medicações para relaxar o músculo e diminuir o batimento cardíaco, a fim de que o coração bata mais eficientemente
- Miectomia septal, que é um procedimento cirúrgico em que se retira parte do engrossamento entre os ventrículos. Ela é recomendada em casos graves ou quando as medicações não conseguem aliviar os sintomas
- Procedimentos cirúrgicos, como alcoolização septal, marca-passo bicameral, fibrilação atrial
Medicamentos
O medicamentos mais usado para o tratamento de cardiomiopatia hipertrófica é:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Prevenção
É possível prevenir cardiomiopatia hipertrófica?
Como a cardiomiopatia hipertrófica é uma condição herdada, não é possível preveni-la. Mas o paciente que sabidamente tem tendência ao problema, por ter irmãos, pais ou filhos com a doença, deve procurar fazer exames para identificá-la e tratá-la o mais rápido o possível.
Convivendo (Prognóstico)
Com o diagnóstico de cardiomiopatia hipertrófica, pode ser que o paciente precise alterar a sua rotina com relação a dietas, prática de exercícios, ingestão de bebidas alcoólicas e controle do peso. Levar uma vida mais saudável ajudará a seguir com a vida normalmente, mas com mais qualidade. Além disso, pode ser necessária a realização periódica de exames para verificação do quadro.
Complicações possíveis
A maioria das pessoas não apresenta sintomas ou complicações devidos à cardiomiopatia hipertrófica. Contudo, dentre as possíveis complicações estão:
- Arritmias
- Obstrução do fluxo sanguíneo, que pode causar dor no peito, diminuição da capacidade respiratória, tontura e desmaios
- Problemas na válvula mitral
- O músculo cardíaco se torna mais fraco e deixa de ser efetivo na sua função com o tempo
- Insuficiência cardíaca
- Morte súbita
Referências
Sociedade Brasileira de Cardiologia: referência em associativismo médico e científico em âmbito nacional e internacional
Mayo Clinic: organização sem fins lucrativos comprometida com a prática clínica, educação e pesquisa, fornecendo atendimento especializado e integral a todos que precisam de cura
Manual Merk: referências médicas publicadas pela empresa farmacêutica americana Merck & Co. (conhecida como MSD fora dos Estados Unidos e Canadá), que abrangem uma ampla gama de tópicos médicos, incluindo distúrbios, testes, diagnósticos e medicamentos